Dia 17 de setembro participarei do XXIV Congresso Nacional de
Corretores de Imóveis como coordenador do painel “Panorama econômico,
tendências e perspectivas do mercado brasileiro”. O evento ocorrerá em
São Paulo e deve reunir seis mil participantes para debater temas como
mercado imobiliário, política habitacional e economia mundial. A última
conferência, em Santa Catarina há dois anos, recebeu mil e quinhentas
pessoas.
É crescente o interesse dos corretores de imóveis pelo encontro de
2012. A categoria tem desfrutado de um ambiente econômico favorável
marcado pela expansão da classe média, crescimento da renda do
trabalhador e elevação do crédito imobiliário. O sonho da casa própria
tornou-se realidade para um expressivo contingente de brasileiros e,
obviamente, para o intermediador de transações imobiliárias esse cenário
é extremamente promissor.
O interesse pelo evento de 2012 certamente tem como um dos seus
ingredientes principais a redução do ritmo de crescimento do PIB
brasileiro e o maior grau de incerteza presente no cenário econômico. De
um modo geral, os corretores de imóveis desejam compreender o atual
momento do mercado interno, a perspectiva para o País e qual a
estratégia para a retomada da expansão econômica.
É importante ressaltar que o mercado interno minimizou a retração da
economia brasileira ocorrida por conta da crise global de 2008. Cabe
destacar o papel do consumo das famílias, alavancado pelo desempenho do
mercado de trabalho e do crédito. Por outro lado, esse maior poder de
compra fez crescer o endividamento da classe média, que passou de uma
média de 24% para 36% da renda na comparação entre os períodos 2004-2007
e 2008-2011. Hoje esse índice já está acima de 40%, quando o indicado é
que não ultrapasse 30%.
Em termos de perspectiva, tudo indica que a imunização do País à
crise baseada no consumo das famílias está esgotada, uma vez que o
crescimento econômico de 2012 deve ficar na casa de 1,5%. Mesmo com a
prorrogação da redução do IPI e a elevação das compras do governo
anunciadas recentemente a expansão do PIB deve ser pífia. Os bancos
estão mais seletivos na concessão de crédito por conta do crescimento da
insolvência e o clima de maior incerteza inibe investimentos por parte
das empresas.
A crise mundial deve durar mais tempo do que se imaginava. O País
precisa de ações mais eficazes para voltar a crescer. A estratégia daqui
para frente deve ser baseada na viabilização dos investimentos em
infraestrutura através de concessões e parcerias com o setor privado. A
falta de recursos públicos para investimentos passa pela emergência de
um novo padrão de relacionamento entre os governos e as empresas
privadas.
Além disso, é preciso pensar em uma reforma tributária que melhore a
capacidade de competição da produção nacional. A questão da
competitividade brasileira, um tema em evidência, requer ações de maior
alcance por parte do governo na área dos impostos. A atual desoneração
da folha de pagamentos que está sendo feita terá impacto inexpressivo na
capacidade de competição sistêmica da economia do País.
A atual política econômica não serve mais para enfrentar a crise
global. É preciso um novo modelo que preserve os avanços dos últimos
anos e faça o País voltar a crescer. Essa será a tônica da minha
participação no encontro com os corretores de imóveis.
Fonte: Marcos Cintra
www.marcoscintra.org / mcintra@marcoscintra.org
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