Mesmo
sem fazer aquisições, a Caixa Econômica Federal conseguiu mais do que
duplicar sua participação no mercado de crédito brasileiro desde 2007,
quando as demais instituições financeiras se lançaram em uma corrida
inédita para comprar bancos.
Apostando
em operações com baixo ganho, como o financiamento imobiliário, o banco
estatal elevou sua participação no crédito de 6,5% para 13,6% no
período. E, no mês passado, segundo a Caixa, alcançou 14,1%.
Para dar
um passo como esse em 2007, a subsidiária do espanhol Santander teve
que comprar o Banco Real, filial do holandês ABN Amro, por US$ 21
bilhões.
À época,
o Santander tinha 4,55% do crédito brasileiro, que já era visto como o
de maior potencial de crescimento no mundo, enquanto o Real somava
6,76%. Juntos, os dois tinham 11,31%, segundo dados do Banco Central.
Hoje, somam 10,33%.
"O
crescimento que tivemos é maior do que com uma aquisição. Quando se fala
em 'market share' do crédito, você está brigando por vírgula sempre",
disse Fabio Lenza, vice-presidente da Caixa.
"Tem
muita aquisição que não traz um volume de crédito como o que a Caixa
conquistou. Mas tem de lembrar que a Caixa é gigante, estava concentrada
só no crédito imobiliário, e aproveitava mal sua capacidade de fazer
empréstimos até 2007", disse Luis Miguel Santacreu, analista da Austin
Ratings.
ESTRATÉGIA
Primeiro,
a Caixa cresceu no vácuo deixado pelos bancos privados que restringiram
o crédito durante os piores momentos da crise financeira de 2008 e
2009. Agora, expande-se assediando clientes de outras instituições em
busca de taxas menores.
Cinco
meses após o corte agressivo nos juros, a Caixa Econômica Federal trouxe
214 mil clientes de outros bancos, vindos por meio da conta-salário
mecanismo que permite transferir o pagamento de salário de um banco para
outro.
"Equivale a comprar uma folha de pagamento como a dos servidores de Goiás", diz o vice-presidente do banco.
Em 2011,
a Caixa comprou por R$ 470 milhões a folha de pagamento de 150 mil
servidores de Goiás, mais as contas do Estado, por cinco anos.
Segundo
Lenza, 4.000 novos clientes por mês fazem a portabilidade de crédito
consignado de outros bancos, gerando R$ 50 milhões de novos empréstimos
mensais.
Até o
final do ano, a expectativa da Caixa é ampliar para 15% a fatia de
mercado, após conceder o equivalente a R$ 185 bilhões em empréstimos 54%
mais do que os R$ 120 bilhões de 2011.
A Caixa hoje é a maior aposta do governo Dilma para reduzir os juros ao consumidor, junto com o também estatal Banco do Brasil.
Os
empréstimos para o consumidor crescem em ritmo anual de 50,3%, enquanto a
média do mercado é de 13%. Para as empresas, o crescimento é de 62,2%,
enquanto o mercado se expande em 15,6% ao ano.
"Para
lançar o Caixa Melhor Crédito e reduzir as taxas, fizemos todo um
trabalho de automação de crédito, revimos processos, aperfeiçoamos
modelos de pré-aprovação e de análise de risco. Os parâmetros são os
mesmos, mas a técnica evoluiu. É todo um trabalho de inteligência
artificial", disse.
Editoria de Arte/Folhapress |
Fonte: FOLHA / TONI SCIARRETTA
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