Especialistas do mercado imobiliário
brasileiro voltaram a negar a existência de uma bolha imobiliária no
Brasil, durante debate na 12ª conferência Latin American Real Estate
Society (Lares), realizada de 19 a 21 de setembro. Eduardo Zylberstajn,
coordenador do índice FipeZap, disse que "a imprensa está ansiosa para
anunciar o estouro da bolha e alguns analistas já vêm falando há cerca
de um ano que a bolha já estourou, mas, pelo menos nossos números e
outros, como da Embraesp [Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio],
ainda não detectaram isso".
Zylberstajn explica que a alta dos preços dos imóveis, principal
motivo para insuflar uma bolha, foi compensada pela melhoria das
condições de pagamento do financiamento imobiliário.
"Atualmente, o comprometimento da renda do trabalhador com o
financiamento é o mesmo de 2008, mas com maior prazo de pagamento. Em
termos de condição de compra, continua a mesma coisa. Se eventualmente
essas condições de crédito, como as baixas taxas de juros, não forem
sustentáveis, aí sim o preço dos imóveis passa a ser um problema, mas
hoje não é", disse o coordenador do Fipe-Zap.
Primeiro imóvel
Bolha imobiliária é associada à alta nos preços dos imóveis
decorrente apenas da crença de investidores de que o preço de venda será
maior no futuro. Porém, o presidente do Sindicato da Habitação do
Estado de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes, descarta a forte
presença de investidores especulativos e lembra que a compra do primeiro
imóvel ainda prevalece.
"Do total de contratos de financiamento da Caixa [Econômica Federal],
por exemplo, 49% são contratados com recursos do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), o que significa que, obrigatoriamente, se trata
da aquisição do primeiro imóvel", explica o presidente do Secovi-SP. O
restante são contratos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
(SBPE). "Os números dizem que não são investidores especulativos que
estão no mercado", afirma.
Bernardes ainda pontuou vários fatores que descaracterizam uma bolha
no Brasil: "alta demanda, demografia favorável, classe média em
ascensão, financiamento imobiliário comprometendo no máximo 30% da
renda, baixo índice de inadimplência, baixas taxas de desemprego,
crédito representa apenas 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional,
entre outros fatores".
Geralmente, o estouro da bolha é relacionado ao que houve nos EUA em
2008, ou seja, queda livre de preços e quebra-quebra de empresas. Mas,
para Basílio Jafet, presidente da Federação Internacional das Profissões
Imobiliárias (FIABCI), os preços dificilmente cairão como no mercado
americano. "As construtoras, como as de capital aberto, têm trabalhado
com margens apertadas. Os custos de terreno, mão de obra, materiais e
equipamentos não devem baixar e, portanto, os preços dos imóveis não vão
cair como se imagina", argumentou.
Fonte: PINIweb
Nota do Editor:
PARA REFLEXÃO:
Os preços dos imóveis nas principais cidades do País sofreram aumentos
absurdos nos últimos três anos devido a que a especulação somente se
sustenta em cima da contínua subida dos preços. A partir do segundo
semestre do ano passado, coincidindo com o aprofundamento da crise
capitalista mundial, a construção civil atingiu um ponto de inflexão a
partir do qual entrou em tendência acelerada ao estouro da bolha
imobiliária. Grandes especuladores imperialistas retiraram os capitais,
as principais construtoras começaram a apresentam sérios problemas de
fluxos de caixa e o preço dos imóveis começou a cair lentamente
revertendo a tendência anterior aos aumentos explosivos. (PCO)
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