quarta-feira, 16 de março de 2011

INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA: LAUDO CONFIRMA QUE CONCEPÇÃO ESTRUTURAL INADEQUADA FOI RESPONSÁVEL PELO COLAPSO DO EDIFÍCIO REAL CLASS NO PARÁ

Retirada dos escombros do Royal Class

Concepção estrutural inadequada levou ao colapso do prédio quando a estrutura foi submetida a uma combinação elevada de carregamentos verticais e horizontais. Fundações foram corretamente projetadas

Laudo técnico divulgado pela UFPA (Universidade Federal do Pará), por meio do Gaema (Grupo de Análise Experimental de Estruturas e Materiais), na última sexta-feira afirma que erros no cálculo estrutural foram responsáveis pela queda do edifício Real Class, em Belém, no Pará, ocorrido no dia 29 de janeiro. Segundo o documento, a concepção estrutural inadequada do projeto levou ao colapso do prédio quando a estrutura foi submetida a uma combinação elevada de carregamentos verticais e horizontais, provocados pelo vento e pelo peso das vigas.

Amostras de aço e concreto colhidos nos escombros foram ensaiadas para análise dos peritos.

Apesar de o prédio ter caído verticalmente, o estudo concluiu, ainda, que as fundações foram corretamente projetadas, considerando-se as cargas informadas no projeto estrutural. O concreto e o aço empregados na obra também apresentavam resistências compatíveis com as recomendadas pelas normas brasileiras.

Chefiada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PA), a comissão que solicitou a perícia é composta por representantes do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Pará (Sinduscon), Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Associação dos Construtores de Obras Públicas (Acoop), Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Pará, Faculdade Ideal (Faci), Universidade da Amazônia (Unama) e Instituto de Avaliação e Perícias de Engenharia do Pará (Iapep).

O estudo foi realizado por sete engenheiros civis, professores da UFPA, e concluído em 45 dias, bem antes do tempo previsto, que era de 60 dias. Softwares foram utilizados para analisar os projetos de arquitetura, a estrutura, as fundações e os laudos de sondagem, além de ensaios em amostras de aço e concreto colhidos no local.

De acordo com o CREA-PA, o laudo ainda será encaminhado à Câmara Especializada de Engenharia Civil, Geologia e Segurança do Trabalho da entidade, que irá verificar se houve negligência, imprudência ou imperícia por parte do engenheiro de estruturas. Se houver alguma conclusão neste sentido, o documento será encaminhado à Comissão de Ética, que também vai verificar e sugerir se caberá penalidade ao profissional; diante disso, o documento seguirá, finalmente, para a Câmara Especializada de Engenharia Civil, que vai definir se aplica a penalidade ou arquiva o processo.

Construído pela Real Engenharia, o edifício Real Class localizava-se na rua Três de Maio, no bairro de Nazarém. As obras haviam se iniciado em 2008 e seriam finalizadas em dezembro deste ano.

Confira o trecho do laudo técnico da UFPA divulgado pelo CREA:

“Após analisar os projetos de arquitetura, estrutura, fundações, laudos de sondagem e a realização de ensaios em amostras de aço e concreto colhidos no local, a equipe técnica concluiu que:

- O Concreto e o aço empregados na estrutura apresentavam resistências compatíveis com as recomendadas pelas normas brasileiras;

- As fundações foram corretamente projetadas considerando-se as cargas informadas no projeto estrutural;

- Considerando as recomendações normativas para dimensionamento de estruturas de concreto, para carregamentos verticais e para o vento, observou-se que o projeto estrutural executado não atendia tais recomendações, sendo a situação mais crítica referente à atuação do vento;

- Para a situação de colapso, no caso de construção, observou-se que as fundações apresentavam resistência significativamente superior, descartando-se a hipótese de que o colapso tenha se iniciado por esgotamento de sua capacidade resistente;

- Ainda para o caso de construção, verificou-se que diversos pilares no nível do pavimento térreo não apresentavam resistência compatível com os espaços atuantes, com alguns apresentando rupturas bruscas, sem avisos (fissuras).

Assim, a equipe concluiu que o colapso ocorreu por problemas de concepção estrutural e o colapso do edifício ocorreu quando a estrutura foi submetida a uma combinação elevada de carregamentos verticais e horizontais”.

Fonte: Incorporação Imobiliária/ Piniweb, Ana Paula Rocha

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