quarta-feira, 4 de maio de 2011

SOTHEBY'S INTERNATIONAL QUER AMPLIAR VENDAS EM 300% ATÉ 2014

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Praia de Pestana, em Angra dos Reis: localização em alta no mercado

O mercado brasileiro pode não estar vivendo o “boom” imobiliário de 2008, antes da chegada da crise financeira ao país, mas ao menos para a Sotheby’s International Realty, a perspectiva é de crescimento. A empresa pretende fechar o ano com vendas na casa de US$ 1 bilhão, chegando a US$ 4 bilhões em três anos. E com a possibilidade de dobrar seus negócios em todas as frentes, caso o governo brasileiro consiga implementar a tão comentada reforma fiscal – baixando taxas e impostos no processo de compra e venda de imóveis.

“O investimento em imóveis representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em outros países da América Latina, essa cifra fica entre 25% e 30%. Então, temos muito a crescer”, afirma Fábio Rossi, CEO da Sotheby’s International Realty do Brasil. Com cinco escritórios no país, a empresa representa o braço norte-americano especializado em transações imobiliárias da tradicional casa de leilões britânica Sotheby’s. Seu mix de negócios fica em 30% de lançamento de novos projetos e outros 70% para a revenda de imóveis.

A Sotheby’s trabalha no segmento de imóveis “únicos”, aqueles com características particulares que os destacam de outros disponíveis no mercado. Para Rossi, o país tem um potencial enorme para atrair estrangeiros que estão em busca da chamada “segunda casa”, um endereço de veraneio, mas deve crescer bastante nos próximos anos com a busca dos próprios brasileiros por imóveis de alto padrão. E uma das razões para tal crescimento é que os preços ainda são muito “atraentes”.

“Se compararmos São Paulo e Rio a outras grandes capitais internacionais, fica evidente que o preço está bem abaixo”, diz Rossi. Pesquisas da empresa mostram que os compradores tendem a visitar três vezes o imóvel em que estão interessados, antes de fechar o acordo. Já os estrangeiros alugam o imóvel para passar férias, experimentam, voltam e pensam mais antes de se decidir. “Todo estrangeiro que compra uma casa ou apartamento em outro país só faz negócio quando sabe que pode vender depois”, diz.

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Vila de Jose Ignacio, no Uruguay: destino de brasileiros que querem investir na Sotheby's

Miami e Punta

“Nós temos dois segmentos distintos no momento: alguém que quer comprar uma segunda casa e aquele que vai investir em um imóvel no Brasil”, diz Peter Turtzo, vice-presidente da Sotheby’s International Realty. Em passagem pelo país, ele veio conferir in loco o desenvolvimento do mercado imobiliário. “O governo brasileiro fez muito para incentivar o crescimento da casa própria, o que é um elemento que torna o mercado mais atraente”, diz Peter Turtzo. Outros fatores também contribuem em sua opinião: o fato de o Brasil se sustentar em termos de fontes renováveis, seja água para beber ou energia elétrica, o coloca na lista de bons candidatos.

A Sotheby’s elegeu o Brasil como mercado principal na América Latina há cinco anos e desde então vem trabalhando sua expansão e fortalecimento da marca no país. Turtzo acredita que em cinco anos a companhia deve ampliar sua participação em pelo menos 5%. “Provavelmente nosso mercado vai crescer mais do que isso”, diz, sem arriscar um palpite. “O fato de que o Brasil será sede da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016 chamou muito a atenção para o país”, diz.

Em palestra a corretores, Turtzo disse que o mercado da “segunda casa” é predominantemente brasileiro, mas já se faz notar um aumento na parcela de europeus e norte-americanos interessados em um “pé na areia” no norte e nordeste ou uma fazenda no centro-oeste. Há muito interesse também por propriedades em regiões como Angra dos Reis, no Rio. Da mesma forma, ele considera “significativo” o número de brasileiros que está investindo em imóveis no exterior, principalmente nos Estados Unidos (Miami é a primeira opção) e no Uruguai (com Punta del Leste e Jose Ignacio como focos de investimento).

“Os brasileiros estão comprando terras nas proximidades de Punta del Leste e Jose Ignacio”, afirma Alejandro Perazzo, diretor da Sotheby’s no Uruguai. Segundo ele, o crescimento de vendas de unidades ultrapassa os 25% ano a ano. “No ano passado vendemos mais de 400 mil metros quadrados de terrenos e imóveis e esperamos um crescimento de 10% a 20% para este ano.”

O mercado para os imóveis de alto padrão no Uruguai movimenta-se em dólares. Em termos de apartamentos, a Sotheby’s vem trabalhando na faixa entre US$ 150 mil e US$ 3 milhões. As casas, dependendo da localização e de particularidades, como vista para o mar, chegam a custar US$ 25 milhões.

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Morro do Careca, em Natal: em alta com a chegada de europeus que investem na "segunda casa"

“Por esse valor você compra muito mais no Brasil porque nós temos uma área extensa de litoral para oferecer”, diz Fábio Rossi. Ele soma ainda um outro fator: burocracia. Segundo ele, desde o início do projeto até a entrega, são três anos em média no Brasil, contra 2 a 4 anos somente para conseguir a licença para construir em outros países. “Enquanto um empreendedor faz um projeto lá fora, ele faria quase dez projetos no Brasil no mesmo tempo. Ou seja, até para investir está valendo muito a pena.”

O interesse da Sotheby’s tornou-se palpável há cinco anos, quando a companhia fixou o país como mercado para investir com força na América Latina. Atualmente, a Sotheby’s conta com cinco escritórios e deve crescer para dez até o final do ano, com a inauguração de mais duas unidades em São Paulo e outras no Rio, em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. Em cinco anos serão 30 escritórios. Ainda é pouco se comparado com os 48 escritórios na África do Sul, por exemplo, e os 300 espalhados pelos Estados Unidos.

Fonte: Soraia Yoshida/ Época NEGÓCIOS-NOTÍCIAS

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