Descartado o risco de bolha imobiliária, o mercado brasileiro se preocupa com falta de recursos da poupança.
O brasileiro nunca financiou tanto o sonho da casa própria. As taxas chinesas de crescimento do setor imobiliário nacional, no entanto, podem ser afetadas pela falta de recursos da poupança, principal fonte credora dos negócios imobiliários. Segundo estatísticas da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os recursos disponíveis vão chegar num limite em 2013 ou 2014. “Já estamos pensando se vamos ter um problema de falta de dinheiro daqui a um ou dois anos”, diz Celso Petrucci, diretor do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
A velocidade de captação da poupança é menor do que a da concessão de empréstimos imobiliários – avalia Petrucci. Enquanto o volume de poupança cresce a uma taxa de 22% ao ano, o crédito imobiliário avança a uma taxa média de 35% ao ano. Segundo ele, o sistema de cálculo de direcionamento dos recursos é antiquado e o esgotamento dos recursos é uma questão lógica. O tema foi debatido em Fortaleza, no painel “Demanda real x especulação – qual é o risco de uma bolha no setor imobiliário brasileiro”, como parte da programação do Adit Invest 2011.
Para reverter o problema, o diretor do Secovi-PS aponta a liberação de parte do compulsório (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária) pelo Banco Central. “É preciso padronizar contratos e melhorar a securitização”, diz, acrescentando que é melhor debater este problema (esgotamento do funding da poupança) agora do que esperar dois anos para pensar em soluções.
Conforme Petrucci, entre 1981 e 1983, o Brasil – com seus 90 milhões de habitantes à época – registrou 600 mil operações de crédito imobiliário, com recursos da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia por Tempo de serviços (FGTS), o equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB). “Passamos de meados da década de 80 até 2009 para ultrapassar este número”. Agora, com a retomada do mercado de crédito, a Abecip estima que, em 2014, os financiamentos à pessoa física somarão 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Sem bolha
Para Petrucci, o Brasil não corre o risco de uma bolha imobiliária – como aconteceu no mercado norte-americano, culminando com a crise financeira global no fim de 2008. Os motivos da segurança: condições macroeconô-micas sólidas; ausência de processo de desregulamentação em curso; elitização do crédito (rigor nas concessões) e classe média em expansão. “Mesmo que o preço dos imóveis suba na mesma proporção dos Estados Unidos, a evolução pode ser absorvida pelo aumento da renda e migração social da população brasileira”. O cenário positivo é compartilhado por Alda Amaral Rosselli, executiva de Negócios Imobiliários do banco Santander. “O papel do banco é financiar tanto a construção (indústria) quanto as pessoas físicas”, disse, acrescentando que o sistema de informações de crédito do Sisbacen “é muito forte”. “Não temos crédito subprime. Analisar a capacidade de pagamento da pessoa física é prudencial e torna as carteiras imobiliárias saudáveis”.
Fonte: Diário do Nordeste | Por SAMIRA DE CASTRO
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