As maiores reduções foram feitas pela PDG Realty, Gafisa e Direcional. As únicas que elevaram a proporção de projetos para a baixa renda entre os lançamentos foram a Cyrela e a Rodobens.
enquadrado no Minha Casa, Minha Vida.
A Direcional Engenharia é uma das poucas empresas que atua na primeira faixa de renda do Minha Casa, Minha Vida, formada por famílias que recebem até três salários mínimos. Mas, neste ano, a empresa não lançou nenhum empreendimento para este público. O motivo é que o orçamento para novos projetos só poderá ser liberado após a aprovação da segunda fase do programa pelo Congresso. Os projetos para famílias com renda inferior a três salários mínimos são os únicos que recebem recursos da União e contemplam imóveis avaliados até R$ 52 mil.
“Nós já prevíamos isso no nosso planejamento”, afirma o diretor-superintendente da Direcional, Roberto Senna. A empresa pretende reforçar os lançamentos no primeiro segmento no segundo semestre para fechar o ano com, pelo menos, 60% da oferta enquadrada no Minha Casa, Minha Vida.
No grupo Gafisa, a presença da marca Tenda, que oferece imóveis de até R$ 200 mil, também foi reduzida no primeiro trimestre – de 34% para 20%. “Foi uma situação pontual”, afirma o diretor-superintendente de incorporações da Gafisa, Sandro Gambá.
Segundo ele, a empresa antecipou no ano passado lançamentos previstos para este ano, mas vai reforçar os lançamentos para a baixa renda nos próximos trimestres. A meta da Gafisa é encerrar 2011 com 35% a 36% dos novos projetos direcionados ao segmento econômico, 60% deles enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida.
O mercado imobiliário viu aumentar o interesse das incorporadoras por projetos destinados às classes C e D, motivadas por incentivos oferecidos pelo governo dentro do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, lançado em abril de 2009.
Dois anos após o lançamento do programa, a tendência é que as construtoras intensifiquem os lançamentos para o público de alta renda e para pessoas de classe média baixa com renda familiar pouco acima do teto do Minha Casa, Minha Vida, de R$ 4.900, afirma o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), João Crestana.
Em 2010, os lançamentos de imóveis de quatro dormitórios somaram 8,7% do total na cidade de São Paulo, quase um quarto dos 37% que representava três anos antes, segundo dados do Secovi. “Os lançamentos para as classes A e B são mais lucrativos, mas eles perderam espaço para a baixa renda depois do Minha Casa, Minha Vida. Neste ano, os projetos de empreendimentos com quatro dormitórios devem voltar”, diz Crestana.
Novo foco na fase 2
Na primeira fase do programa, o governo determinou que 60% de 1 milhão de unidades oferecidas entre maio de 2009 e dezembro de 2010 se enquadrasse nos projetos para famílias com renda entre três e dez salários mínimos. Mas, na segunda fase do projeto, que oferecerá 2 milhões de unidades em dois anos, a proporção é inversa: 60% para famílias de zero a três salários mínimos e 40% para as que recebem entre três e dez salários.
A maioria das construtoras não atende o primeiro segmento e concentra seus lançamentos para famílias com renda superior a três salários mínimos. É o caso das grandes empresas, como a Tenda, a MRV, a Cyrela e a Rossi.
Margens menores
Apesar de uma eventual desaceleração no volume de lançamentos, Crestana afirma que as empresas não abandonarão o segmento de imóveis populares. Há empresas, inclusive, que vão continuar a focar sua atividade neste segmento.
É o caso da Rossi, segundo o seu diretor regional de São Paulo, Rubens Júnior. Para ele, oferecer imóveis no segmento econômico requer um controle de custos e um ajuste bem feito nos preços. “O setor de baixa renda não admite erros. Qualquer cálculo mal feito pode abalar a lucratividade do projeto”, diz Rubens Júnior.
O diretor-superintendente da Direcional Engenharia concorda. “Não entramos neste segmento por oportunidade. É o nosso foco há 30 anos”, diz Senna.
Fonte: Marina Gazzoni, iG São Paulo (Colaborou Aline Cury Zampieri)
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