domingo, 31 de março de 2013

INFLAÇÃO DOS IMÓVEIS NA COLÔMBIA CRIA TEMOR DE BOLHA IMOBILIÁRIA


A forte alta dos preços dos imóveis na Colômbia, que em 2012 tiveram uma inflação de 11,33%, cria o temor de uma eventual bolha imobiliária em um dos países da América Latina em que o setor da construção mais cresceu nos últimos anos. 

Esse alerta foi dado na semana passada pelo Banco da República depois que o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane) divulgou que o Índice de Preços da Habitação Nova (IPVN, sigla em espanhol) aumentou 11,33% no ano passado. Apesar de o aumento ser uma estimativa média, os casos que causaram maior nervosismo entre os diferentes setores econômicos do país foram em cidades como Barranquilla, no litoral do Caribe e onde os preços subiram 11,26 %; Bogotá, com aumento de 12,78%; e Bucaramanga, no nordeste do país, com 24,09%. Uma boa parte dos críticos da tese que a Colômbia estaria às portas de uma bolha imobiliária, levantada pelo próprio Banco da República, acredita que esta inflação corresponde à falta de terrenos urbanizáveis. Mas o banco emissor, em um relatório divulgado nesta semana, deixou claro que "a Colômbia pode estar experimentando uma bolha de preços dos imóveis". Além desse alerta oficial, basta uma olhada nas páginas de anúncios classificados dos jornais nas vitrines dos escritórios imobiliários em Bogotá para ver esse "boom" nos preços.

O metro quadrado pode chegar aos 7 milhões de pesos (cerca de R$ 7,5 mil) em regiões do norte da capital colombiana e nas áreas mais exclusivas um apartamento custa o dobro de um equivalente em Miami. O estudo do Banco da República relata que esta bolha "pode estar associada com o período de expansão ampla do crédito vivido recentemente pela Colômbia". Além disso, o presidente da Associação Nacional de Instituições Financeiras (Anif), Sergio Clavijo, falou de um aumento "artificial (dos preços), situado em 30% reais acima de sua média histórica". 

Outros setores consideram que estes alertas são exagerados, como a presidente da Câmara Colombiana de Construção (Camacol), Sandra Forero, que explicou, após conhecer os dados do Dane, que o negócio de imóveis no país é seguro e que os seus preços são regidos pela relação entre a oferta e a demanda. Sandra atribuiu a alta de preços ao fato de que "não existem terrenos urbanizáveis", uma tese também confirmada por Eduardo Pulecio, gerente de informação cadastral do distrito de Bogotá, que também acrescentou que o aumento "faz parte dos índices normais e não é incomum". 

Os setores diretamente envolvidos na construção negam com veemência a ideia de bolha imobiliária, apesar de essa possibilidade estar presente na boca de todos, especialmente daqueles que buscam uma moradia e acham que os preços estão acima do valor real. Em recente entrevista à Agência Efe, o presidente do banco BBVA na Colômbia, Óscar Cabrera, afirmou que "existem uma série de cautelas relativas ao mercado de hipotecas, o que torna bastante difícil e improvável que o mesmo processo" que ocorreu na Espanha e nos Estados Unidos "se repita na Colômbia". Cabrera explicou que as remodelações legais introduzidas após a crise econômica na Colômbia entre 1998 e 2000 "permitiram que o sistema financeiro não ficasse fora da equação do que está acontecendo nos aumentos de preços". Naqueles anos, a Colômbia sofreu uma de suas piores crises financeiras e teme hoje o risco de uma nova crise, enquanto observa a construção de novos edifícios em todas as cidades do país. 

Fonte: Albert Traver. Bogotá (EFE)

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