A 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, com base no voto da desembargadora Maria Regina Nova, aplicou condenação inédita à Gafisa, pelo atraso de 16 meses na entrega de um imóvel.
A construtora terá que pagar à cliente indenização de R$ 20 mil, por danos morais, além de uma multa de 1% sobre o valor corrigido da unidade. O percentual é o mesmo cobrado unilateralmente pelas empresas dos mutuários inadimplentes.
A ação de indenização foi ajuizada por Renata Fonseca de Brito. Em 17 de outubro de 2006, ela firmou com a Gafisa contrato de promessa de compra evenda para aquisição de um imóvel, no valor de R$ 109.882,00. A conclusão das obras se daria em março de 2008, com entrega das chaves em abril do mesmo ano, já observado o prazo de carência de 180 dias.
Porém, isso somente aconteceu em 26 de fevereiro de 2010. Em sua
defesa, a Gafisa alegou motivo de força maior para justificar o atraso
na conclusão da obra. E citou, entre outras coisas, a demora na
liberação do seu licenciamento e desvio de materiais e mão-de-obra para a
construção da Vila Pan-americana, em função dos Jogos Pan-americanos.
A
sentença de primeira instância julgou procedente em parte o pedido para
condenar a empresa a pagar a Renata R$ 10 mil, por danos morais,
atualizados monetariamente e com juros de mora a partir de então, além
do pagamento de custas e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o
valor da condenação. No entanto, a aplicação da multa, pedida pela
cliente, foi negada.
Inconformada, Renata recorreu à segunda
instância pedindo o aumento da indenização e o pagamento da cláusula
moratória. Ao analisar a apelação, a relatora do processo,
desembargadora Maria Regina Nova, concluiu que a cláusula em
contrato de adesão, que confere vantagens tão somente em favor do
construtor no caso de inadimplência do comprador, caracteriza abuso.
É
inegável que a demora demasiada na entrega do imóvel (16 meses),
repita-se, após o período de 180 dias intitulado no contrato de
carência, fez com que a apelante despendesse valores que, certamente,
não gastaria caso já se encontrasse no imóvel, ou ainda, que deixou de
auferir possíveis rendas que faria jus caso realizasse contrato de locação do bem com terceiro, escreveu a desembargadora em seu voto.
Sendo
assim, segundo a relatora, a condenação da construtora ao pagamento de
indenização, nos mesmos moldes em que o contrato prevê em seu favor, é a
solução mais adequada e justa para compensar o comprador pelas perdas
que sofreu. A desembargadora concordou também com o pedido de aumento da
indenização e dobrou o seu valor.
Processo 0152354-56.2010.8.19.0001
Fonte: Notícias JurisWay
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