As concessões de crédito
imobiliário devem crescer menos que o esperado no encerramento deste
ano, após o primeiro semestre mostrar desaceleração na liberação de
recursos, refletindo a perspectiva de fraco desempenho da economia em
2012 somada à redução do volume de lançamentos de imóveis pelas
companhias do setor.
A associação que representa as entidades de crédito imobiliário e
poupança no país, Abecip, reduziu nesta quinta-feira a projeção de
financiamento para compra e construção de imóveis em 2012 para 95,9
bilhões de reais. Anteriormente, a estimativa era de 103,9 bilhões de
reais em recursos este ano.
A nova previsão equivale a um aumento de 20 por cento sobre os
79,9 bilhões de reais liberados em 2011 e, segundo o presidente da
Abecip, Octavio de Lazari Júnior, é positiva para o setor.
"Essa desaceleração é saudável para o mercado... não é possível
manter o crescimento a taxas exponenciais", disse ele a jornalistas
nesta quinta-feira. "É importante termos crescimentos menores e mais
consistentes ao longo do tempo".
Na primeira metade deste ano, os recursos concedidos pelo sistema
brasileiro de poupança e empréstimo (SBPE) para financiamento
imobiliário ficaram praticamente estáveis ano a ano, com leve alta de
0,1 por cento, para 37,04 bilhões de reais. No período, foram
financiados 214,3 mil imóveis pelo sistema, montante 9 por cento menor
na mesma base de comparação.
Os números consideram apenas os recursos da caderneta de
poupança. Se somado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o
volume de crédito imobiliário entre janeiro e junho foi de 54,2 bilhões
de reais, alta anual de 3 por cento e equivalente a 257 mil unidades.
O desempenho do semestre refletiu a postura que vem sendo adotada
pelas construtoras e incorporadoras, de reduzir o volume de lançamentos
e priorizar a rentabilidade, reorganizando as operações e vendendo
imóveis em estoque.
"O setor percebeu a necessidade de um freio de arrumação... essa
redução já era esperada para não haver continuidade dos problemas
enfrentados", afirmou Lazari, citando como exemplos os atrasos de obras e
a escassez de mão de obra.
Ele assinalou ainda os efeitos da crise econômica mundial sobre o
Brasil, a redução das projeções de crescimento para o país este ano e a
revisão das estimativas dos bancos para produtos de crédito, conforme
balanços do segundo trimestre já divulgados.
O valor médio dos financiamentos ficou em 173 mil reais no
primeiro semestre, sendo que o percentual financiado --considerando o
valor total do imóvel-- foi de 63,2 por cento.
"Esse percentual dá tranquilidade grande para operar com índice de inadimplência bastante baixo", acrescentou.
Considerando os contratos com três prestações em atraso, o nível
de inadimplência nos seis meses até junho atingiu 1,9 por cento, o menor
patamar do sistema bancário, segundo a Abecip.
Em termos de preços de imóveis, a entidade estima para o segundo
semestre um cenário de manutenção. "O momento é de estabilidade de
preços. A tendência é que o crescimento visto nos últimos anos não
aconteça, mas também (os preços) não vão cair", disse Lazari.
A Abecip informou também que, em junho, a poupança apresentou
captação líquida positiva de 4,1 bilhões de reais. Com isso, a captação
líquida no primeiro semestre alcançou 12,5 bilhões de reais, volume já
superior ao apurado em todo o ano passado, que foi de 9,4 bilhões.
Por Vivian Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário