quinta-feira, 26 de julho de 2012

CRÉDITO IMOBILIÁRIO DEVE CRESCER MENOS QUE O ESPERADO




As concessões de crédito imobiliário devem crescer menos que o esperado no encerramento deste ano, após o primeiro semestre mostrar desaceleração na liberação de recursos, refletindo a perspectiva de fraco desempenho da economia em 2012 somada à redução do volume de lançamentos de imóveis pelas companhias do setor.

A associação que representa as entidades de crédito imobiliário e poupança no país, Abecip, reduziu nesta quinta-feira a projeção de financiamento para compra e construção de imóveis em 2012 para 95,9 bilhões de reais. Anteriormente, a estimativa era de 103,9 bilhões de reais em recursos este ano.

A nova previsão equivale a um aumento de 20 por cento sobre os 79,9 bilhões de reais liberados em 2011 e, segundo o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Júnior, é positiva para o setor.

"Essa desaceleração é saudável para o mercado... não é possível manter o crescimento a taxas exponenciais", disse ele a jornalistas nesta quinta-feira. "É importante termos crescimentos menores e mais consistentes ao longo do tempo".

Na primeira metade deste ano, os recursos concedidos pelo sistema brasileiro de poupança e empréstimo (SBPE) para financiamento imobiliário ficaram praticamente estáveis ano a ano, com leve alta de 0,1 por cento, para 37,04 bilhões de reais. No período, foram financiados 214,3 mil imóveis pelo sistema, montante 9 por cento menor na mesma base de comparação.

Os números consideram apenas os recursos da caderneta de poupança. Se somado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o volume de crédito imobiliário entre janeiro e junho foi de 54,2 bilhões de reais, alta anual de 3 por cento e equivalente a 257 mil unidades.

O desempenho do semestre refletiu a postura que vem sendo adotada pelas construtoras e incorporadoras, de reduzir o volume de lançamentos e priorizar a rentabilidade, reorganizando as operações e vendendo imóveis em estoque.
"O setor percebeu a necessidade de um freio de arrumação... essa redução já era esperada para não haver continuidade dos problemas enfrentados", afirmou Lazari, citando como exemplos os atrasos de obras e a escassez de mão de obra.
Ele assinalou ainda os efeitos da crise econômica mundial sobre o Brasil, a redução das projeções de crescimento para o país este ano e a revisão das estimativas dos bancos para produtos de crédito, conforme balanços do segundo trimestre já divulgados.

O valor médio dos financiamentos ficou em 173 mil reais no primeiro semestre, sendo que o percentual financiado --considerando o valor total do imóvel-- foi de 63,2 por cento.

"Esse percentual dá tranquilidade grande para operar com índice de inadimplência bastante baixo", acrescentou.

Considerando os contratos com três prestações em atraso, o nível de inadimplência nos seis meses até junho atingiu 1,9 por cento, o menor patamar do sistema bancário, segundo a Abecip.

Em termos de preços de imóveis, a entidade estima para o segundo semestre um cenário de manutenção. "O momento é de estabilidade de preços. A tendência é que o crescimento visto nos últimos anos não aconteça, mas também (os preços) não vão cair", disse Lazari.

A Abecip informou também que, em junho, a poupança apresentou captação líquida positiva de 4,1 bilhões de reais. Com isso, a captação líquida no primeiro semestre alcançou 12,5 bilhões de reais, volume já superior ao apurado em todo o ano passado, que foi de 9,4 bilhões.

Por Vivian Pereira

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