É inegável: 2010 foi um bom ano para o setor imobiliário nacional. Em todos os pontos do País, os lançamentos e as vendas registraram bons resultados. Conforme a pesquisa Secovi, de janeiro a outubro, na cidade de São Paulo, a comercialização registrou aumento de 0,3% em comparação com igual período do exercício anterior. Os lançamentos, por sua vez, cresceram 23%.
Saliente-se que boa parte dos lançamentos estava represada por causa da crise econômica mundial. Portanto, vê-se uma retomada natural, embora apareçam ainda manifestações alarmistas sem fundamentos. O aparentemente exagerado volume de lançamentos relativo às vendas e os problemas pontuais no prazo de entrega de algumas obras (número inexpressivo, considerando a quantidade de empreendimentos entregues no prazo ou antes) fazem indagar se o setor estaria indo com muita sede ao pote. O pote de nova demanda, formada pelas classes emergentes que, apoiadas por linhas de crédito e subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida, conquistaram o direito de sonhar com a casa própria - e comprá-la.
Do alto de meus 50 anos de experiência na área, observo que o aquecimento da economia obrigou o setor a caminhar mais rápido e dar passos mais largos. Mas as pernas não cresceram na mesma proporção. E elas não são unicamente as das empresas incorporadoras e construtoras, que sofrem com a falta de mão de obra básica e especializada e com a falta de equipamentos, nunca produzidos em volume adequado para enfrentar retomadas. Afinal, por duas décadas o Brasil não vinha tendo escala na produção de imóveis.
Com isso as empresas deixaram de comprar equipamentos, como gruas e guindastes, passando a locá-los. Fácil verificar que hoje há fila para alugá-los, o que está sendo paulatinamente resolvido com importação, assim como a mão de obra é treinada nos próprios canteiros. Além disso, novas tecnologias construtivas começam a ser adotadas. Com escala é possível industrializar a montagem de moradias. É a indústria imobiliária começando a operar como indústria.
O setor está resolvendo seus problemas. Porém a questão maior é a das pernas de todos aqueles de quem o setor imobiliário depende para fazer entregas. Falo aqui não do complexo processo de aprovação em vários departamentos governamentais. Falo, sim, da dificuldade de se obter a documentação necessária para dar as chaves ao comprador, como certidões do INSS, ISS e consequente Habite-se, etc. É que também o setor público não se preparou para dar conta desse volume de solicitações. Os recursos materiais e humanos não aumentaram. A perna ficou curta e, mesmo acelerando o passo, é difícil, se não impossível, acompanhar o ritmo.
Fica a sensação, ou constatação, inevitável: a demanda atropelou-nos a todos, empresários, setor público e mesmo os agentes financeiros, também com suas dificuldades na hora dos repasses. O desenvolvimento econômico, que tirou da miséria milhões de brasileiros, somado às condições de acesso ao crédito imobiliário, gerou esse descompasso. Agora nos cabe acertar o passo. Parece-me que, naturalmente, as coisas começam a se acomodar. Primeiramente, vê-se que aquela puxada de preços dos imóveis (influenciada pela franca elevação dos custos dos terrenos) começou a afrouxar. Felizmente, já se vê o limite, fundamental para que o setor continue crescendo sem fazer o jogo de especuladores de plantão, sem euforias, mas com realismo e foco no resultado.
Já presenciei vários ciclos do mercado de imóveis. E as ocasiões em que ele mais perdeu foi justamente quando saiu de um ritmo constante e partiu para o otimismo exagerado. E são sempre duas as consequências de quem dá o passo maior que as pernas: ou cai ou se exaure antes de chegar ao destino. A expectativa é que essa consciência sobre o andamento natural das coisas se estenda para todo o mercado, do empreendedor ao comprador. Assim, e somente assim, teremos o desejável desenvolvimento sustentável da indústria imobiliária.
Fonte: Romeu Chap Chap
PRESIDENTE DO CONSELHO CONSULTIVO DO SECOVI-SP E DA ROMEU CHAP CHAP DESENVOLVIMENTO E CONSULTORIA IMOBILIÁRIA
Saliente-se que boa parte dos lançamentos estava represada por causa da crise econômica mundial. Portanto, vê-se uma retomada natural, embora apareçam ainda manifestações alarmistas sem fundamentos. O aparentemente exagerado volume de lançamentos relativo às vendas e os problemas pontuais no prazo de entrega de algumas obras (número inexpressivo, considerando a quantidade de empreendimentos entregues no prazo ou antes) fazem indagar se o setor estaria indo com muita sede ao pote. O pote de nova demanda, formada pelas classes emergentes que, apoiadas por linhas de crédito e subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida, conquistaram o direito de sonhar com a casa própria - e comprá-la.
Do alto de meus 50 anos de experiência na área, observo que o aquecimento da economia obrigou o setor a caminhar mais rápido e dar passos mais largos. Mas as pernas não cresceram na mesma proporção. E elas não são unicamente as das empresas incorporadoras e construtoras, que sofrem com a falta de mão de obra básica e especializada e com a falta de equipamentos, nunca produzidos em volume adequado para enfrentar retomadas. Afinal, por duas décadas o Brasil não vinha tendo escala na produção de imóveis.
Com isso as empresas deixaram de comprar equipamentos, como gruas e guindastes, passando a locá-los. Fácil verificar que hoje há fila para alugá-los, o que está sendo paulatinamente resolvido com importação, assim como a mão de obra é treinada nos próprios canteiros. Além disso, novas tecnologias construtivas começam a ser adotadas. Com escala é possível industrializar a montagem de moradias. É a indústria imobiliária começando a operar como indústria.
O setor está resolvendo seus problemas. Porém a questão maior é a das pernas de todos aqueles de quem o setor imobiliário depende para fazer entregas. Falo aqui não do complexo processo de aprovação em vários departamentos governamentais. Falo, sim, da dificuldade de se obter a documentação necessária para dar as chaves ao comprador, como certidões do INSS, ISS e consequente Habite-se, etc. É que também o setor público não se preparou para dar conta desse volume de solicitações. Os recursos materiais e humanos não aumentaram. A perna ficou curta e, mesmo acelerando o passo, é difícil, se não impossível, acompanhar o ritmo.
Fica a sensação, ou constatação, inevitável: a demanda atropelou-nos a todos, empresários, setor público e mesmo os agentes financeiros, também com suas dificuldades na hora dos repasses. O desenvolvimento econômico, que tirou da miséria milhões de brasileiros, somado às condições de acesso ao crédito imobiliário, gerou esse descompasso. Agora nos cabe acertar o passo. Parece-me que, naturalmente, as coisas começam a se acomodar. Primeiramente, vê-se que aquela puxada de preços dos imóveis (influenciada pela franca elevação dos custos dos terrenos) começou a afrouxar. Felizmente, já se vê o limite, fundamental para que o setor continue crescendo sem fazer o jogo de especuladores de plantão, sem euforias, mas com realismo e foco no resultado.
Já presenciei vários ciclos do mercado de imóveis. E as ocasiões em que ele mais perdeu foi justamente quando saiu de um ritmo constante e partiu para o otimismo exagerado. E são sempre duas as consequências de quem dá o passo maior que as pernas: ou cai ou se exaure antes de chegar ao destino. A expectativa é que essa consciência sobre o andamento natural das coisas se estenda para todo o mercado, do empreendedor ao comprador. Assim, e somente assim, teremos o desejável desenvolvimento sustentável da indústria imobiliária.
Fonte: Romeu Chap Chap
PRESIDENTE DO CONSELHO CONSULTIVO DO SECOVI-SP E DA ROMEU CHAP CHAP DESENVOLVIMENTO E CONSULTORIA IMOBILIÁRIA
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