Financiamento da casa própria mais em conta e preço dos imóveis mais
altos. Isso pode ser um reflexo da redução dos juros do crédito
imobiliário e da mudança nas regras da poupança, esta última anunciada
anteontem pelo governo.
Alguns especialistas apostam em uma alta de até 10% num futuro
próximo. Porém, há quem considere que não há mais espaço para a elevação
de preços.
“Historicamente, quando o crédito é mais acessível, os preços dos
imóveis inflam, porque os brasileiros compram o financiamento, não o
imóvel”, afirma Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisa
Fractal. Ou seja, independentemente da valorização do imóvel, se as
parcelas do empréstimo cabem no bolso do consumidor — e é essa a conta
que ele normalmente faz –, ele opta pela compra.
“Aposto em uma retomada da alta dos preços na casa de 5% a 10% num
primeiro momento”, diz Grisi, considerando a lei da oferta e da procura.
A alta nos preços é possível na avaliação do Sindicato da Habitação
(Secovi-SP), mas em um futuro não tão próximo. “Os preços só vão subir
quando os bancos puderem baixar os juros do crédito imobiliário. Mas
como eles podem fazer isso agora, se a grande massa que gera o recurso
da poupança para aplicação ainda tem rendimento antigo?”, questiona o
presidente do sindicato, Claudio Bernardes.
Independentemente da mudança na caderneta, os bancos já vinham numa
tendência de corte dos juros imobiliários. Na semana passada, Caixa
Econômica Federal e Citibank reduziram suas taxas.
Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sindicato da
Construção de São Paulo (Sinduscon-SP), tem uma visão diferente: quem
decide o preço é quem compra. Segundo ele, o consumidor só escolhe o que
pode pagar. “Não adianta o empresário colocar um imóvel mais caro do
que a população pode pagar, porque não vai vender. Se ele aumentar o
preço, terá prejuízo.”
Construir mais
Para o especialista, caso a procura cresça, o mercado vai ter de
aumentar a oferta, e não subir os preços. “Temos espaço territorial para
construir mais”, avalia Zaidan.
José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de
Corretores de Imóveis (Creci), concorda com o executivo do Sinduscon. “O
aquecimento do mercado aumentará com a redução dos juros, mas não
acredito em uma valorização expressiva dos imóveis. A faixa salarial não
está muito compatível com o mercado imobiliário”, diz.
Enquanto isso, os preços dos imóveis ainda estão subindo, embora, em
um ritmo mais lento. O índice FipeZap, que mede o valor dos imóveis com
base nos anúncios colocados na internet, subiu 1,2% em abril, após alta
de 1,4% em março e 1,5% em fevereiro em todo o País.
O indicador é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe). Em 12 meses até abril, a venda do metro quadrado dos
apartamentos prontos anunciados acumula alta de 21,8%.
Fonte: LIGIA TUON/Jornal da Tarde
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