Praticamente terminada, a temporada de resultados
referentes ao 1º trimestre de 2012 mostrou a fraqueza dos ativos do
setor imobiliário, cujas ações dominam a ponta negativa do Ibovespa nos
últimos 30 dias - e por comporem 9,80% do índice, colaboram para
derrubar o desempenho do principal benchmark do mercado acionário
nacional.
Neste cenário, empresas como PDG Realty (PDGR3), MRV Engenharia (MRVE3) e Brookfield (BISA3)
mostraram números piores que os do ano passado - ancorados na
desaceleração da economia nacional. Outras empresas, como a Gafisa (GFSA3) e Cyrela (CYRE3),
tiveram melhora marginal em seus números, mas veem suas ações
pressionadas pelo cenário pessimista para o setor imobiliário, que
costuma mostrar grande correlação entre seus componentes.
Na avaliação dos analistas do Barclays, problemas estruturais
prejudicam o desempenho das construtoras no Brasil - deseconomias em
larga escala, produtividade decrescente, entre outros fatores que só
deverão ser revertidos em 2013. Confira os resultados das principais
imobiliárias:
PDG Realty (PDGR3, R$ 3,65, -36,31% em 2012)
Após divulgar queda de 79% no lucro líquido entre janeiro e março na segunda-feira (14), a principal imobiliária brasileira deu a tônica para o desempenho do setor. O lucro teve queda de quase R$ 200 milhões entre um ano e outro, atingindo R$ 49,8 milhões, enquanto a receita recuou 2% para R$ 1,476 bilhão. Por sua vez, o Ebitda (geração de caixa operacional) foi de R$ 221,6 milhões, um recuo de 38% na mesma base comparativa. Desta forma, a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) ajustada foi de 15%, 8,8 pontos percentuais inferior. De acordo com o presidente da companhia, a expectativa é que as margens líquidas avancem no próximo ano.
Após divulgar queda de 79% no lucro líquido entre janeiro e março na segunda-feira (14), a principal imobiliária brasileira deu a tônica para o desempenho do setor. O lucro teve queda de quase R$ 200 milhões entre um ano e outro, atingindo R$ 49,8 milhões, enquanto a receita recuou 2% para R$ 1,476 bilhão. Por sua vez, o Ebitda (geração de caixa operacional) foi de R$ 221,6 milhões, um recuo de 38% na mesma base comparativa. Desta forma, a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) ajustada foi de 15%, 8,8 pontos percentuais inferior. De acordo com o presidente da companhia, a expectativa é que as margens líquidas avancem no próximo ano.
A queda no pregão pós-resultado, dia 15 de maio, foi de 9,83%,
terminando a R$ 3,67, praticamente seu patamar atual. Contabilizando
com a queda também da quarta-feira, os papéis PDGR3 apresentam forte
recuo de 40,65% no segundo trimestre do
ano. As ações da empresa já apresentavam forte recuo antes do balanço,
já que vivia grande stress após a saída de dois diretores,
Michel Wurman, antigo diretor vice-presidente e de relações com
investidores e Frederico Marinho Carneiro da Cunha, ex-diretor de
investimentos e planejamento gerencia. A companhia afirmou pretender
trocar de presidente no segundo semestre.
MRV Engenharia (MRVE3, R$ 9,65, -9,81% em 2012)
Embora a queda do lucro, de "apenas" 23,9%, não tenha sido tão grande quanto de outras imobiliárias, a MRV foi a que apresentou pior desempenho no pregão seguinte à divulgação, também no dia 14 - recuando 15,04% no dia 15 de maio. O resultado da companhia chamou a atenção pela forte queda da margem Ebitda em 6,1 p.p., atingindo os 19%, enquanto o Ebitda caiu 33,4%. "O resultado da MRV ficou abaixo das nossas expectativas e do mercado", avaliaram os analistas Leonardo Zanfelício e Karina Freitas, da Concórdia. Mesmo assim, permaneceu acima de todas as outras imobiliárias no universo de cobertura da corretora.
Embora a queda do lucro, de "apenas" 23,9%, não tenha sido tão grande quanto de outras imobiliárias, a MRV foi a que apresentou pior desempenho no pregão seguinte à divulgação, também no dia 14 - recuando 15,04% no dia 15 de maio. O resultado da companhia chamou a atenção pela forte queda da margem Ebitda em 6,1 p.p., atingindo os 19%, enquanto o Ebitda caiu 33,4%. "O resultado da MRV ficou abaixo das nossas expectativas e do mercado", avaliaram os analistas Leonardo Zanfelício e Karina Freitas, da Concórdia. Mesmo assim, permaneceu acima de todas as outras imobiliárias no universo de cobertura da corretora.
Ao explicar a situação, Rubens Menin, diretor-presidente da companhia, destacou que os primeiros meses do ano
foram marcados por efeitos sazonais como o menor número de dias úteis,
férias de verão, carnaval e período de chuvas. A perspectiva continua
positiva para a empresa, que já viu suas ações recuarem 24,79% em abril e maio.
"Esperamos
que a companhia volte a registrar resultados melhores nos próximos
trimestres, e que a demanda por imóveis elegíveis no programa Minha Casa
Minha Vida sofra menos com os impactos negativos da desaceleração da
economia no País", afirmam os analistas da Concórdia.
Brookfield (BISA3, R$ 3,85, -19,22% em 2012)
Uma sessão antes da MRV recuar 15,04%, BISA3, ações da Brookfield, despencaram 14,87%. Os resultados da companhia mostraram um cenário ainda pior do que a construtora mineira: o lucro caiu 94% e o Ebitda recuou 46% quando comparados com o mesmo período de 2011. Os números da companhia desapontaram até a própria direção, que destacou estar revendo custos.
Uma sessão antes da MRV recuar 15,04%, BISA3, ações da Brookfield, despencaram 14,87%. Os resultados da companhia mostraram um cenário ainda pior do que a construtora mineira: o lucro caiu 94% e o Ebitda recuou 46% quando comparados com o mesmo período de 2011. Os números da companhia desapontaram até a própria direção, que destacou estar revendo custos.
"A
companhia apresentou números muito abaixos do esperado, surpreendendo
negativamente com estourous de orçamento de obras", afirmou a Ativa
Corretora. Além disso, o endividamento da companhia cresceu no trimestre
e o número de lançamentos foi 18,5% menor do que entre janeiro e março
de 2011. Com isso, os papéis da incorporadora recuam 31,37% somente no segundo trimestre de 2012.
Gafisa (GFSA3, R$ 3,22, -21,84% em 2012)
Depois de registrar um prejuízo líquido de R$ 1 bilhão entre outubro e dezembro de 2011, a Gafisa era a construtora em destaque nesta temporada de resultados. Os números da companhia mostraram melhora significativa, e a empresa conseguiu reduzir seu prejuízo para "apenas" R$ 31,51 milhões, com forte crescimento do Ebitda e da margem Ebitda. Isso permitiu que as ações da empresa, GFSA3, respirassem um pouco no pregão pós-resultado, subindo 0,26%.
Depois de registrar um prejuízo líquido de R$ 1 bilhão entre outubro e dezembro de 2011, a Gafisa era a construtora em destaque nesta temporada de resultados. Os números da companhia mostraram melhora significativa, e a empresa conseguiu reduzir seu prejuízo para "apenas" R$ 31,51 milhões, com forte crescimento do Ebitda e da margem Ebitda. Isso permitiu que as ações da empresa, GFSA3, respirassem um pouco no pregão pós-resultado, subindo 0,26%.
Contudo, isso foi apenas um momento de calmaria dentro de uma tempestade feroz: desde o fim de março, as ações já recuaram 25,12%.
Assim, terminaram a última quarta-feira no seu menor fechamento
histórico, abaixo até do que havia sido visto no auge da crise de 2008.
"O resultado da Gafisa é marginalmente positivo e chamamos atenção para
seus papéis, que podem estar se preparando para um processo de
retomada", afirma a XP Investimentos.
Essa retomada, porém, pode vir a ocorrer apenas em 2013, embora a companhia acredite na possibilidade da recuperação gradual de margens operacionais em 2012.
Rossi (RSID3, R$ 5,79, -24,85% em 2012)
A queda no lucro de 43,8%, levando-o para R$ 43,8 milhões, foi apenas mais um evento negativo na companhia, que uma semana antes da divulgação do balanço, no dia 14 de maio, já havia liderado as perdas do Ibovespa. O mercado, porém, não poupou os papéis RSID3 no pregão pós-resultados: a queda foi 7,88%, no mesmo pregão em que PDG e MRV também viam seu valor de mercado cair forte.
A queda no lucro de 43,8%, levando-o para R$ 43,8 milhões, foi apenas mais um evento negativo na companhia, que uma semana antes da divulgação do balanço, no dia 14 de maio, já havia liderado as perdas do Ibovespa. O mercado, porém, não poupou os papéis RSID3 no pregão pós-resultados: a queda foi 7,88%, no mesmo pregão em que PDG e MRV também viam seu valor de mercado cair forte.
A empresa é uma das construtoras que mais sofrem no segundo trimestre, com recuo de 38,99% em seus papéis. Além disso, as ações da empresa sofrem com a retirada do índice MSCI
(Morgan Stanley Capital International), importante balizador de tomada
de decisão de muitos investidores estrangeiros, bastante significativos
para a bolsa brasileira. O endividamento da companhia é um datores de
preocupação, entre o primeiro trimestre de 2011 e 2012, ela cresceu
66,8%, enquanto o crescimento do Ebitda foi de apenas 11,1%.
Cyrela (CYRE3, R$ 14,38, -1,29% em 2012)Uma das construtoras componentes do Ibovespa, porém, destoou-se da média: foi o caso da Cyrela, cujo resultado mostrou um avanço de 58,9% no lucro durante o primeiro trimestre, atingindo os R$ 118 milhões. Contudo, no pregão pós-divulgação, as ações da companhia recuaram 0,84%, impulsionadas pelo desempenho setorial naquela mesma sessão - o fatídico dia 15 de maio.
No trimestre, porém, sua história junta-se a demais, embora de forma mais suave: queda de 9,27%
frente o último pregão de abril. O resultado dá pistas da razão. "O
resultado da Cyrela foi positivo, principalmente pela recuperação da
rentabilidade dos projetos e a manutenção da dívida líquida, que trazem
uma perspectiva favorável para o desempenho da empresa no curto e no
médio prazos", afirma Wesley Bernabé, analista do setor imobiliário do
BB Investimentos.
Even (EVEN3, R$ 6,69, +11,70% em 2012)
Entre as imobiliárias cujos papéis não fazem parte do Ibovespa, a tendência não foi muito diferente. A Even registrou lucro 10% menor no primeiro trimestre do ano, atingindo R$ 54,364 milhões entre janeiro e março de 2011. Por sua vez, o Ebitda cresceu 19%, atingindo 101,833 milhões. Além disso, a companhia teve crescimento de 28,2% na sua dívida, que chegou aos R$ 885,1 milhões.
Entre as imobiliárias cujos papéis não fazem parte do Ibovespa, a tendência não foi muito diferente. A Even registrou lucro 10% menor no primeiro trimestre do ano, atingindo R$ 54,364 milhões entre janeiro e março de 2011. Por sua vez, o Ebitda cresceu 19%, atingindo 101,833 milhões. Além disso, a companhia teve crescimento de 28,2% na sua dívida, que chegou aos R$ 885,1 milhões.
Nesse cenário, a XP Investimentos considerou a companhia como um "porto seguro"
dentre as imobiliárias, considerando marginal a possibilidade de
estouro de obras relevantes, como ocorreu com boa parte das empresas do
setor. Isso é fruto da sua política interna - a empresa é responsável
por 95% de suas construções, o que a permite constrolar os custos com
maior facilidade. A empresa registrou alta de 0,13% no pregão pós divulgação e acumula queda de apenas 1,62% no segundo trimestre.
Fonte:Equipe InfoMoney
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