Quem nunca ficou feliz por fazer um bom negócio, mesmo que o negócio
nem fosse tão bom assim ou que aquele determinado produto nem fosse tão –
ou nada – necessário? Todos já fizemos isso, mas poucas vezes colocamos
toda nossa renda nesse tipo de transação.
Porém, reza a lenda, isto pode acontecer e, quando estes bens são escassos, bolhas econômicas podem surgir.
A primeira bolha econômica, ao menos a que a maior parte dos economistas reconhece, ocorreu na Holanda do século XVII, através das lindas e imponentes Tulipas trazidas da Pérsia – um grande sinal de status para a sociedade da época. Sempre criando depressões e recessões que custam empregos e muita dor para as famílias, as bolhas são talvez um dos maiores símbolos da irracionalidade humana. Mas será que elas são inatas e fazem parte da nossa natureza?
Com o crescimento da classe média no Brasil, aliado ao aumento exponencial de crédito e alta liquidez no mercado, os novos ricos estão deixando de comprar ativos reais para comprar status – ou tulipas. Suas motivações deixaram de ser racionais para serem movidas por aquele sentimento inerente ao homem de sempre acharem que estão fazendo um excelente negócio.
Porém, não existe excelente negócio quando somos levados pela cegueira da paixão, do orgulho e das informações assimétricas do mercado. E por isso que o mercado imobiliário brasileiro está em seu próprio estado de natureza, movido pelo orgulho e pela vaidade dos agentes, que compram não o ativo em si, mas a simbologia e o status atrelado à ele, esperando que os preços sempre continuem a subir ou que aconteça aquilo que poder-se-ia chamar de “teoria do tolo maior”: quem ficar com a “batata quente” na mão por último perde.
Em 1651, Thomas Hobbes concebeu o conceito de estado de natureza, caracterizado pelas paixões universais do orgulho e medo predominantes do ser humano, em que todos viveriam em um estado de máxima insegurança e ansiedade, exigindo, portanto, a criação do Estado como regulador.
Como no dilema do prisioneiro, não haveria razão para que os agentes cooperassem entre si, pois o orgulho individual e a paixão pela superioridade, pelo desejo de ser o primeiro, e pela vontade de ser visto desta forma na corrida da vida impediriam qualquer forma de equilíbrio natural.
Mais além, este orgulho consiste também de uma vontade não somente em se dar bem, ser bem sucedido, mas também de demonstrar suas conquistas e vitórias como uma forma de buscar a glória através da exibição pessoal do seu sucesso.
E o medo do fracasso? Ninguém quer ser mal sucedido em tudo isto, ou ser visto por terceiros como perdedor . Ou seja, em um estado de natureza, todos têm direito a tudo e, por isso, não tem direito a nada. Ou em bom economês, laissez faire, laissez passer – a mão invisível do mercado resolve tudo.
No caso do preço dos imóveis no Brasil, a possibilidade de poder ter acesso a um bem escasso que a nova classe média antes não tinha é mais que a compra de um imóvel. É um símbolo de ascensão social, a compra de um novo status social.
Como no caso dos imóveis a oferta é escassa, pois não existe terra suficiente para todos no mesmo lugar, ter acesso a crédito que parece barato e parcelar seus apartamentos em dezenas de prestações fazem deste tipo de fenômeno uma bolha especial – a bolha do estado de natureza, movida não pela curva de demanda e oferta, mas pelo orgulho e status.
Quanto mais crédito e liquidez no mercado, maior a bolha. Mas o medo irá levar ao desespero quando os compradores perceberem que aquilo que compraram, e se endividaram para isto, vale muito menos do que esperavam – e que todos, de repente, estão percebendo a mesma coisa.
Algo como comprar uma Ferrari no valor de uma casa e alguns meses depois descobrir que ela vale metade do preço. A diferença aqui é que estamos falando de várias Ferraris chamadas casas e apartamentos. Quem vai ficar com a batata quente na mão?
Assim como Hobbes e John Nash teorizaram em suas obras, sem que haja intervenção do Estado para forçar a cooperação dos agentes e para criar mecanismos que façam o mercado atingir seu equilíbrio real, de forma racional e que fuja do orgulho gerador de medo e bolhas, uma hora as tulipas não serão mais imponentes nem belas.
A primeira bolha econômica, ao menos a que a maior parte dos economistas reconhece, ocorreu na Holanda do século XVII, através das lindas e imponentes Tulipas trazidas da Pérsia – um grande sinal de status para a sociedade da época. Sempre criando depressões e recessões que custam empregos e muita dor para as famílias, as bolhas são talvez um dos maiores símbolos da irracionalidade humana. Mas será que elas são inatas e fazem parte da nossa natureza?
Com o crescimento da classe média no Brasil, aliado ao aumento exponencial de crédito e alta liquidez no mercado, os novos ricos estão deixando de comprar ativos reais para comprar status – ou tulipas. Suas motivações deixaram de ser racionais para serem movidas por aquele sentimento inerente ao homem de sempre acharem que estão fazendo um excelente negócio.
Porém, não existe excelente negócio quando somos levados pela cegueira da paixão, do orgulho e das informações assimétricas do mercado. E por isso que o mercado imobiliário brasileiro está em seu próprio estado de natureza, movido pelo orgulho e pela vaidade dos agentes, que compram não o ativo em si, mas a simbologia e o status atrelado à ele, esperando que os preços sempre continuem a subir ou que aconteça aquilo que poder-se-ia chamar de “teoria do tolo maior”: quem ficar com a “batata quente” na mão por último perde.
Em 1651, Thomas Hobbes concebeu o conceito de estado de natureza, caracterizado pelas paixões universais do orgulho e medo predominantes do ser humano, em que todos viveriam em um estado de máxima insegurança e ansiedade, exigindo, portanto, a criação do Estado como regulador.
Como no dilema do prisioneiro, não haveria razão para que os agentes cooperassem entre si, pois o orgulho individual e a paixão pela superioridade, pelo desejo de ser o primeiro, e pela vontade de ser visto desta forma na corrida da vida impediriam qualquer forma de equilíbrio natural.
Mais além, este orgulho consiste também de uma vontade não somente em se dar bem, ser bem sucedido, mas também de demonstrar suas conquistas e vitórias como uma forma de buscar a glória através da exibição pessoal do seu sucesso.
E o medo do fracasso? Ninguém quer ser mal sucedido em tudo isto, ou ser visto por terceiros como perdedor . Ou seja, em um estado de natureza, todos têm direito a tudo e, por isso, não tem direito a nada. Ou em bom economês, laissez faire, laissez passer – a mão invisível do mercado resolve tudo.
No caso do preço dos imóveis no Brasil, a possibilidade de poder ter acesso a um bem escasso que a nova classe média antes não tinha é mais que a compra de um imóvel. É um símbolo de ascensão social, a compra de um novo status social.
Como no caso dos imóveis a oferta é escassa, pois não existe terra suficiente para todos no mesmo lugar, ter acesso a crédito que parece barato e parcelar seus apartamentos em dezenas de prestações fazem deste tipo de fenômeno uma bolha especial – a bolha do estado de natureza, movida não pela curva de demanda e oferta, mas pelo orgulho e status.
Quanto mais crédito e liquidez no mercado, maior a bolha. Mas o medo irá levar ao desespero quando os compradores perceberem que aquilo que compraram, e se endividaram para isto, vale muito menos do que esperavam – e que todos, de repente, estão percebendo a mesma coisa.
Algo como comprar uma Ferrari no valor de uma casa e alguns meses depois descobrir que ela vale metade do preço. A diferença aqui é que estamos falando de várias Ferraris chamadas casas e apartamentos. Quem vai ficar com a batata quente na mão?
Assim como Hobbes e John Nash teorizaram em suas obras, sem que haja intervenção do Estado para forçar a cooperação dos agentes e para criar mecanismos que façam o mercado atingir seu equilíbrio real, de forma racional e que fuja do orgulho gerador de medo e bolhas, uma hora as tulipas não serão mais imponentes nem belas.
Fonte: Folha.com
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