Por Vivian Pereira e Brad Haynes
BELO HORIZONTE, 29 Jun
(Reuters) - Desafiando a atual conjuntura do setor imobiliário, que em
2011 começou a dar indícios de desaceleração, a MRV Engenharia tem como
meta quase dobrar de tamanho em termos de imóveis construídos até 2015,
algo que, em um cenário mais otimista, pode acontecer antes.
Na defesa de que a combinação entre aumento de renda da população
e mais crédito disponível ainda compõe o principal fundamento do setor,
o presidente-executivo e fundador da construtora e incorporadora,
Rubens Menin, vê como "fácil" o desafio de alcançar 70 mil unidades
construídas em três anos ou menos.
"No início fazíamos 2 mil (unidades) por ano. Hoje estamos em 114
cidades, principalmente médias, onde não temos concorrência nenhuma;
estamos mais consistentes", disse ele à Reuters, na quinta-feira. No ano
passado, a empresa mineira atingiu cerca de 40 mil imóveis construídos.
A estimativa, entretanto, vai na contramão das projeções feitas
por representantes do próprio setor que, após o avanço desenfreado visto
entre 2008 e 2010, apontam para certa estagnação do mercado imobiliário
doméstico.
Somado a isso, o desempenho da MRV no ano passado também poderia
levar a alguma descrença quanto à meta ambiciosa. Em 2011, os
lançamentos da companhia praticamente ficaram inalterados sobre o ano
anterior.
O executivo, entretanto, que se orgulha de acompanhar de perto
cada um dos mais de 300 canteiros de obras que possui no país, admite
que a empresa está preparada para acelerar o ritmo de lançamentos rumo à
marca de 70 mil, tanto via aumento do tamanho médio dos canteiros
quanto por meio do banco de terrenos estimado em 18 bilhões de reais.
"Temos espaço para crescer apoiado em renda e crédito... o
financiamento imobiliário é muito competitivo aqui", afirmou. "Com esses
fundamentos, podemos chegar aos 70 mil (imóveis) em período mais curto
que o previsto."
Mas, apesar do otimismo -algo alimentado inclusive por analistas,
que frequentemente citam a MRV como a exceção positiva do setor-, Menin
é parte de um segmento que, nas suas próprias palavras, não está imune
ao cenário de crise mundial que inevitavelmente respinga no Brasil.
"O cenário é sombrio para os próximos anos, mas os fundamentos do
setor são tão bons que ainda assim a perspectiva é positiva", disse.
"Mas 2012 é o ano de decréscimo das construtoras por incapacidade
financeira de investir em crescimento."
PRESSÃO DE CUSTOS MENOR
Após ter os resultados do primeiro trimestre afetados por uma
maior pressão de custos, o que ocasionou margem bruta menor, a MRV
caminha para a conclusão da primeira metade do ano de forma equilibrada.
Segundo o vice-presidente financeiro da empresa, Leonardo Corrêa,
embora ainda esteja lidando com tal pressão, esta vem sendo cada vez
menor, resultado, entre outras medidas, do reajuste de preços das
unidades para cima e do ganho de produtividade nos canteiros.
"Os preços ainda estão dentro do nível normal... no restante do
ano ficarão em linha com o INCC (Índice Nacional da Construção Civil)",
disse Corrêa, se referindo ao aumento de preços maior praticado no
primeiro trimestre para compensar os custos.
Nesse sentido, Menin garante que "o primeiro semestre funcionou
exatamente como planejado", indicando que o segundo trimestre tende a
compensar o desempenho do período anterior. "Ajustes sazonais de custos
vão acontecer sempre, mas essa não é a tendência."
Ainda no quesito de preços, o executivo assinalou a necessidade
de o governo ajustar o valor teto dos imóveis dentro do programa "Minha
Casa, Minha Vida", fixado em 170 mil reais, uma crítica constante de
agentes do setor.
"O programa precisa ser oxigenado porque esse teto atrapalha...
acredito que o governo faça os acertos no curto prazo", disse Menin,
lembrando que o atual valor teve impacto no desempenho de vendas da
companhia, uma das mais atuantes no programa, no primeiro trimestre.
"Mesmo que o governo não faça os ajustes, vamos atingir o piso de
4,5 bilhões de reais em vendas este ano". A MRV estima vendas
contratadas entre 4,5 bilhões e 5,5 bilhões de reais no fechado de 2012.
Fonte: Negócios - Reuters
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