Residência vendida em Miami Beach - Indian Creek
Em agosto, o corretor Oren Alexander bateu todos os recordes imobiliários ao vender a residência mais cara já oferecida na região de Miami, uma propriedade de US$ 47 milhões em Indian Creek. Apenas um mês antes ele havia completado 25 anos. Agora, ele está vendendo duas propriedades adjacentes em Alpine, no Estado americano de Nova Jersey, com preço total de US$ 95 milhões.
"Francamente, sou viciado no meu trabalho — o horário, o estilo de
vida. Adoro encontrar as pessoas mais ricas do mundo, e isso é
considerado trabalho", diz Alexander, acrescentando que está vendendo
atualmente mais de US$ 175 milhões em imóveis. "Além disso, ser corretor
é uma atividade empresarial, e hoje o empreendedorismo está dominando."
Alexander faz parte de um grupo crescente de corretores jovens e bem
relacionados que encontraram sucesso no mundo dos imóveis de alto luxo
nos Estados Unidos. Vender imóveis é mais atraente agora que as opções
mais tradicionais, como finanças e advocacia, ficaram mais difíceis com a
crise no país. Além disso, os programas de reality TV mostrando
corretores imobiliários deram charme à profissão, atraindo mais jovens
ambiciosos, universitários recém-formados que veem a atividade como uma carreira e não um trabalho temporário.
"Estamos vendo mais e mais jovens entre os profissionais, sobretudo
agora que o ambiente de trabalho ficou mais difícil", diz Yuval
Greenblatt, vice-presidente executivo que supervisiona uma equipe de uns
125 agentes na corretora Prudential Douglas Elliman, em Nova York,
incluindo Alexander. "É muito duro para um jovem conseguir um emprego
com um salário decente, enquanto nos imóveis se pode ganhar US$ 200.000
ou US$ 300.000 [por ano] depois de um ou dois anos", acrescenta. Ele
nota que cerca de 25% da sua equipe têm menos de 30 anos, comparado com
apenas 10% há cinco anos.
No ano passado, o corretor Kyle Blackmon, de 34 anos, vendeu a cobertura do ex-presidente do Citigroup, Sanford Weill, no Central Park, para a herdeira russa Ekaterina
Rybolovleva, de 20 e poucos anos, por US$ 88 milhões, na maior transação
residencial já registrada em Manhattan, a região mais cara das cinco
que constituem Nova York.
Também em Nova York, Caroline Bass, de 29 anos, descobriu para o
conhecido consultor de moda Tim Gunn uma cobertura duplex no elegante
bairro de Upper West Side. Em 2010, Soly Halabi, um corretor de 29 anos
que abandonou a faculdade no segundo ano, intermediou a compra pelo
bilionário mexicano Carlos Slim de uma mansão de 1.900 metros quadrados
em frente ao Museu Metropolitan, por US$ 44 milhões. E, este mês, Josh Flagg, 27 anos, que mora em Los Angeles e
figura no reality "Million Dollar Listing", do canal Bravo, conseguiu o
direito de vender a casa de US$ 15,9 milhões do produtor de Hollywood
Gavin Polone em Beverly Hills, logo depois de ter vendido uma outra ali
perto por US$ 6,3 milhões.
"Dez anos atrás, eu não conhecia muitos jovens que dissessem: 'Quando
crescer, quero ser corretor de imóveis'. Hoje eu escuto isso o tempo
todo", diz Dottie Herman, diretora-presidente da Prudential Douglas
Elliman. "Ser corretor hoje em dia é uma atividade totalmente diferente —
você entender melhor financiamento e o mercado porque comprar uma casa é
uma parte muito maior da estratégia de investimento de todo americano."
A Associação Nacional de Jovens Profissionais Imobiliários, um grupo
de jovens corretores, ganhou muitos novos membros nos últimos anos,
subindo de 18.000 em 2009 para 29.000 hoje. E Herman diz que o número de
corretores com menos de 30 anos na sua agência de Manhattan dobrou.
Muitos jovens corretores entraram na área devido a contatos de
família. Alexander, por exemplo, diz que tirou sua licença imobiliária
com apenas 18 anos porque seu pai era incorporador em Miami e lhe
ensinou muito sobre os imóveis de luxo. "Meus pais me deram a
oportunidade de ver muitos imóveis de luxo, e eu me apaixonei pelo
negócio quando ainda era bem novo", diz ele. Jared Seligman, corretor
nova-iorquino de 25 anos, diz que tem muitos parentes no setor de
imóveis, incluindo um tio que o incentivou a seguir a carreira.
Conexões familiares também já ajudaram alguns desses jovens a começar
suas carreiras e conseguir imóveis de destaque para vender. Por
exemplo, o pai de Alexander era um dos sócios que construíram a
propriedade em Indian Creek vendida por ele. Blackmon, que vendeu a
cobertura de Weill, foi um dos primeiros compradores no edifício,
pagando US$ 2,8 milhões por um apartamento de dois quartos em 2005; sua
mãe foi a fundadora e diretora administrativa da Farm & Home
Advisory, consultoria imobiliária do banco Citigroup. Uma porta-voz da
corretora de Blackmon, a Brown Harris Stevens, disse que Blackmon
conheceu Weill através de outro cliente e "é pura coincidência que no
passado sua mãe trabalhou no Citi".
Outros obtiveram propriedades para vender graças a círculos sociais
interligados. Seligman diz que conheceu muitos dos seus clientes
famosos, como os atores James Franco e Kirsten Dunst, "através de amigos
comuns e simplesmente tendo crescido nesta cidade", diz ele. Bass
conheceu Gunn quando participou de seu reality show "Guia do Estilo de
Tim Gunn", em 2008. "Ele fez uma grande reforma no meu visual, e eu o
ajudei a encontrar um apartamento", diz ela.
Tanto os compradores como os vendedores estão dando preferência aos
corretores mais jovens, que podem ter uma vantagem competitiva no
mercado de hoje: a tecnologia. Sites que acompanham as vendas de imóveis
tornaram o processo mais transparente, e o marketing digital tornou-se
necessário para atrair compradores. À medida que a publicidade digital e
as redes sociais transformam rapidamente o processo de compra de
imóveis, os corretores com mais habilidade para usar a internet são mais
procurados pelo mercado, e normalmente eles são os mais jovens, diz
Stuart Gabriel, diretor do Centro Ziman de Imóveis da Universidade da
Califórnia em Los Angeles, onde também é professor.
"Os corretores mais jovens estão muito mais à vontade com os meios
digitais de vender imóveis, tais como as redes sociais, e isso não só
atrai o público comprador como também dá a esses corretores mais jovens
uma vantagem significativa em relação aos demais", diz Gabriel.
Tanto compradores como vendedores dizem que os corretores mais jovens
também podem oferecer um dinamismo e uma determinação que um corretor
mais experiente talvez não tenha. Em 2009, Alexander intermediou um
negócio para o advogado Jim Ferraro, que pagou US$ 8,2 milhões por uma
cobertura no edifício Park Imperial em Manhattan. Três anos depois,
Alexander ajudou Ferraro a comprar a cobertura ao lado por US$ 7,8
milhões, negócio que está sendo fechado este mês.
"Muitos corretores mais velhos são muito fixados na sua maneira
tradicional de fazer as coisas e não querem mudar de estilo, enquanto
Oren estava realmente aberto para me ouvir e tentar diferentes tipos de
negócios", diz Ferraro. "Eu sabia que estava assumindo um risco com um
corretor mais novo, mas também sabia que Oren era jovem e tinha garra,
energia e inteligência para fazer um trabalho excelente."
Especialistas em carreiras dizem que o súbito interesse pelo setor
imobiliário está se firmando em parte porque é uma profissão
empreendedora que um universitário pode seguir mesmo quando não há
outros empregos disponíveis. Roberto Angulo, diretor-presidente da
AfterCollege, serviço on-line de recrutamento para universitários, diz
que 63% dos formados pesquisados pela sua firma tiveram dificuldade para
encontrar emprego este ano. Como o desemprego é alto nesse grupo,
acrescenta, há mais formandos que se tornam "freelancers e empresários,
criando firmas, trabalhando em projetos por conta própria e entrando em
áreas como os imóveis".
Outro fator para o aumento de jovens no mercado imobiliário: os
programas de reality TV. Programas mostrando compra, venda e troca de
residências proliferaram na TV a cabo, em paralelo ao boom imobiliário
do início dos anos 2000, o que ajudou a popularizar o setor como
profissão lucrativa. Kennon Earl, estrela de "Selling LA" (literalmente,
"Vendendo Los Angeles"), do canal HGTV, diz que atualmente tem dois
estagiários que entraram no setor devido ao programa, e recebe dezenas
de mensagens semanais no Twitter de fãs que querem entrar na área.
Por LAUREN SCHUKER BLUM / WSJ
Muito bom, parabéns a todos.
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