O segmento de consórcios para a compra de imóveis começa a ser visto
pelos bancos como um “porto-seguro” para uma eventual diminuição da
demanda por crédito imobiliário. Dados da Associação Brasileira das Administradoras
de Consórcios (Abac) revelam que no primeiro semestre de 2012 14% dos
imóveis foram comprados por meio de consórcio, contra 12,92% em todo o
ano de 2011.
Nesta semana o segmento ganhou reforço com o anúncio da Caixa Econômica
Federal, que ampliou de R$ 300 mil para R$ 700 mil o limite da
carteira de crédito. A instituição também elevou o prazo de pagamento de
120 para 200 meses, e reduziu a taxa de administração de 18% para 16%.
Questionado sobre os motivos das mudanças e impactos no mercado, Paulo
Roberto Rossi, presidente da Abac, opinou: “Em veículos, percebemos que,
quando há uma crise, concessionárias e fábricas optam pelo consórcio
para manter as vendas. Os bancos também podem ver o consórcio [imóveis]
como um porto-seguro, porque em uma crise pode ajudar ao vender cotas e
ampliar o caixa”. Rossi também destaca que essa é uma opção de venda de
médio e longo prazo.
Números do primeiro semestre da Associação Brasileira de Empresas
de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram certa estabilidade
no crédito imobiliário, que apresentava taxas crescentes, acima de 20%
nos últimos anos. Em unidades habitacionais, o primeiro semestre
concentrou um número 9% menor de financiamentos, de 236,5 mil para 214,3
mil. Em volume, os desembolsos cresceram 0,1%, para R$ 37,04 bilhões.
Já nos consórcios para a aquisição de imóveis, o número de
participantes cresceu 9,4% ante o mesmo período do ano passado, para 662
mil em agosto de 2012. Mas a venda de novas cotas apresentou retração
de 3%, de 133,6 mil de janeiro a agosto de 2011 para 129,6 mil. “O
mercado imobiliário apresenta certa acomodação e essa retração foi
pontual. É um mercado que vai continuar a crescer”, explicou Rossi.
O diretor de Consórcios da Caixa, Maurício Maciel, disse que há uma
demanda reprimida na população brasileira que não obtém o crédito por
meio do tradicional financiamento imobiliário e por isso recorre ao
consórcio. “Atinge quem não tem acesso a empréstimo tradicional. Pode
ser quem já tem um imóvel e quer outro, deseja realizar reformas,
comprar um terreno para construir etc.”.
O diretor lembra que o consórcio permite ainda a utilização da carta de
crédito para a aquisição de um bem comercial ou rural, o que não é
permitido no financiamento. “Este é um segmento que cresceu cerca de 20%
nos últimos cinco ou seis anos, acompanhando a economia e também o crédito. Mas ocupa um espaço diferente”, afirma Maciel.
No caso da Caixa, de janeiro a outubro, o volume de vendas de
consórcios para imóveis cresceu 35%. Já o estoque chegou, até agosto, a
R$ 11,7 bilhões, uma alta aproximada de 6% a 7%, com 159 mil cotas. “O
consórcio completa 10 anos e atingiu maturidade; grande volume de grupos
está chegando ao fim. Por isso, o aumento das vendas é mais
expressivo”, pontuou Maciel, que destacou a participação de 16% da Caixa
no mercado, ocupando a segunda colocação.
O novo grupo formado nessa semana, com limite de R$ 700 mil, será para 1
mil consorciados e deve começar a contemplar até o final de dezembro.
Com início das vendas na última segunda-feira, cerca de 40 cotas já
haviam sido vendidas até terça-feira.
Setor
O patrimônio líquido total do segmento de consórcios — automóveis,
serviços, eletroeletrônicos, imóveis etc. — chegou a R$ 5,4 bilhões em
junho de 2012, crescimento de 10,2% contra o do mesmo período do ano
passado.
O número de participantes atingiu 5,04 milhões, alta de 11,3% no mesmo
período. Já as vendas de novas cotas foram de 1,67 milhão, expansão de
1,8%. “Temos a expectativa de aumento entre 7% e 9% até o fim de 2012. O
segmento que mais cresce é o de serviços”, disse Rossi.
Fonte: Panorama Brasil
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