sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O QUE O BRASILEIRO PROCURA NO SEU IMÓVEL?

Consumidores priorizam questões como praticidade e bem-estar na hora de realizar o sonho da casa própria.
Conforto e praticidade ou segurança e tranqüilidade? Afinal, o que a nova sociedade espera de seu lar? Essa é a questão que o Instituto de Pesquisas de Mercado e Opinião Pública Toledo & Associados, em conjunto com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo, pretende responder. A Diretora de Planejamento do instituto, Maria Aparecida Toledo, apresentou alguns dos resultados em palestra no Meeting de Marketing da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). Entre os fatores apresentados, um dos pontos principais é de que o brasileiro cada vez mais valoriza o seu lar. A casa é a principal instituição brasileira.

Família em casa

“É o espaço da família, do amor, da proteção, de intimidade e de sociabilidade”, aponta Maria Aparecida. Sua valorização está relacionada ao valor dado à família e aos amigos pelos moradores, gerando status e configurando expressão pessoal. Mas o consumidor tem nuances e opta por diferentes conceitos, dependendo do momento que está vivendo. A pesquisa analisa o comportamento do consumidor no seu jeito de morar.
Para exemplificar como funciona a escolha do público, a pesquisadora cita alguns episódios que mudaram o comportamento social. O ataque de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, assim como os do PCC em 2006, na cidade de São Paulo, geraram insegurança e fizeram as pessoas se voltarem para dentro de suas casas, criando um ambiente para não mais querer sair.
Segundo pesquisa feita pelas Tintas Coral, outro exemplo é a crise econômica de 2008, que teve como foco o setor imobiliário americano, e fez com que os moradores quisessem valorizar suas casas, expressando-se através das cores. Ou seja, é através de seu imóvel que o morador se sente único e parte da sociedade.

Cinco tendências são observadas entre os desejos de quem procura um imóvel:

> Sensorialidade e prazer
> Saudabilidade e bem-estar
> Conveniência e praticidade
> Ética e sustentabilidade
> Qualidade e confiabilidade

Fitness

O levantamento comprova que o quesito mais importante na opinião dos brasileiros é o de saudabilidade e bem-estar, com 72% da opinião dos entrevistados. “Nós somos influenciados pela mídia a termos hábitos de uma vida saudável”, diz Maria Aparecida. Pensando nisso, os novos empreendimentos trazem em seus projetos áreas de fitness, caminhada, SPA e outras possibilidades para melhorar a qualidade de vida de seus moradores.
Outra questão importante, apontada pela pesquisa, é que o novo morador quer ter prazer em sua casa, considerado o contraponto da saúde. Os espaços precisam transmitir experiências para quem vive ali, a exemplo dos espaços gourmet, já presentes em grande parte das construções.
“Os consumidores querem automação, conveniência e praticidade. A tecnologia é uma alternativa para trazer tudo isso”, garante a pesquisadora.
Todas essas questões, antes pensadas apenas pela elite, hoje são encontradas nas classes C e D. Com a facilidade de crédito, comprar um imóvel é uma realidade que se aproximou das famílias com menos renda. Assim, o estudo comportamental verifica que as tendências servem para todas as classes, mas a seu gosto. É a chamada verticalização, que explica um fenômeno que começa nas camadas mais altas da sociedade e segue até as mais baixas.

Apartamento decorado apresenta o empreendimento

Essa mudança pode ser observada nos apartamentos decorados que apresentam os empreendimentos enquanto são construídos. Os ambientes são apresentados de forma agradável e acessível, bem como os móveis dispostos nas lojas de departamento. Todas as disposições configuram um show-room que atrai qualquer tipo de público.
Programas de TV, como o Caldeirão do Huck, da Globo, e seu quadro Lar Doce Lar, também disseminaram a idealização do imóvel ao apresentar transformações absolutas nas casas dos telespectadores. “As tendências ficaram mais acessíveis quando foram disseminadas. O público começou a procurar o que via na TV por acreditar que era possível”, acredita a pesquisadora.

Imóveis menores ganham poder

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009) mostrou que a parcela de moradores únicos cresceu nos últimos quatro anos, registrando uma nova realidade familiar. A tendência na construção de imóveis compactos demonstra que o importante, para o novo público, é o serviço. Dentre o perfil dos novos núcleos sociais no Brasil, e potenciais compradores de imóveis, 11 milhões são solteiros, 12 milhões são casais sem filhos e 15 milhões são idosos.
Embora pareçam diferentes entre si, são grupos que pensam parecido na hora de montar um lar. Querem praticidade, tranqüilidade, segurança e conforto em suas casas. A diferença aparece apenas no número de quartos, pois casais sem filhos procuram apartamentos com dois dormitórios, reservando espaço para uma criança no futuro.
Esses são movimentos que acontecem no presente, impactados por fatores políticos, sociais e sócio-demográficos. Por exemplo, atualmente, 45% da população economicamente ativa são compostos por mulheres. O público feminino passa a comprar imóveis e a participar da compra dos imóveis. “A mulher é detalhista, observadora. Ela deixa de ser só a emoção, assim como o homem deixa de ser só razão”, afirma Maria Aparecida. Com isso, as empresas passam a pensar em como agradar essa mulher. Surgem espaços de beleza e SPA dedicados para elas nos condomínios.

Animais de estimação

Outro dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 50% dos imóveis no Brasil têm animais de estimação. Essa presença tem grande importância na família, que os considera como um parente muito próximo. Então, serviços de pet e espaços destinados aos bichinhos também começam a ser essenciais para quem quer montar um empreendimento.
Segundo Maria Aparecida, a palavra de ordem é integração. O imóvel deve ter tudo próximo, garantindo praticidade, mas mantendo a sensação de liberdade.

Condomínio reúne todos os serviços

Uma preocupação surge quando se imagina um empreendimento que engloba todas as necessidades do morador: a população não estaria se isolando em pequenos espaços, como guetos? Maria Aparecida garante que não. “Em um empreendimento com áreas externas, existe muita possibilidade de socialização. Ter tudo perto também evita trânsito e melhora a mobilidade, pois elimina o desgaste com deslocamento. Não é só por segurança, mas por praticidade”, completa.

Fonte: PENSE IMÓVEIS

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