sexta-feira, 29 de outubro de 2010

E DEPOIS DAS ELEIÇÕES?...


A grande dúvida que paira sobre o mercado imobiliário brasileiro é: o que vai acontecer depois das eleições?

Todos sabemos que vivemos atualmente um inédito momento. “Nunca antes na história deste país” tivemos tantos recursos disponíveis para financiamento imobiliário. Quem atua há mais tempo na área sabe que jamais tivemos, de verdade, uma política habitacional. O que sempre tivemos foram decisões fragmentadas de governo, anunciando a liberação de recursos para este ou aquele plano habitacional, sempre através da Caixa Econômica Federal. A Caixa, entretanto, era usada como instrumento de manipulação política. Ela nem sempre recebia os recursos prometidos e, portanto, não tinha como repassá-los. Foi assim durante anos depois da extinção do BNH - Banco Nacional da Habitação, ocorrida em 1986.

Mas, a partir de 2004, os apelos do mercado foram finalmente ouvidos. O Governo Federal percebeu a importância do setor e passou a adotar uma série de medidas de incentivo ao financiamento imobiliário e à construção civil habitacional. A Lei nº 10.931, de agosto de 2004, deu início ao processo forçando os bancos privados pertencentes ao SBPE - Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo a voltarem a conceder financiamentos habitacionais.

A partir de 2005 jorrou dinheiro. Nunca tivemos tantos financiamentos. A média anual de unidades financiadas até 2004 sempre ficou entre 30 e 50 mil imóveis. Em 2010, a estimativa é de que cheguemos a 450 mil financiamentos. Mas este ano é ano eleitoral. O Governo Lula pleiteia a continuidade através da sua candidata oficial e promete não esmorecer na política de financiamentos imobiliários para todas as faixas de renda. O candidato “tucano” e candidata “verde” também prometem, mas haverá dinheiro?

Bem, para os programas de baixa renda haverá, sim, dinheiro, qualquer que seja o nosso próximo Presidente. Ninguém ousará descontinuar o processo e destruir o sonho brasileiro da casa própria. Se não houver recursos do FGTS, o Tesouro bancará, com os nossos impostos. Disso não temos dúvidas. Mas e a classe média, que depende da poupança, cujos recursos são finitos em médio, talvez curto, prazo? A resposta é: temos de criar e incentivar novas fontes de financiamentos. Os fundos de pensão são uma boa alternativa, mas os fundos brasileiros não têm tradição de aplicação em financiamentos imobiliários. Precisam ser motivados. O governo estuda a securitização como alternativa e os bancos privados estudam outras formas de captação de longo prazo, como os covered bonds, os fundos imobiliários, entre outras.

Enfim, mesmo depois das eleições, haverá, sim,dinheiro para o mercado imobiliário.
No curto prazo, dois a três anos, poderemos ainda contar com caderneta de poupança. Depois disso virão as alternativas citadas. O sistema bancário privado tem muito interesse em jogo e não vai deixar a peteca cair, independente do governo que viermos a ter. Tudo de que precisamos é que nossa economia continue estabilizada e crescente. Mas aí teremos de confiar em nossos próximos governantes.

João Teodoro da Silva


Por João Teodoro da Silva,

Presidente do Sistema Cofeci-Creci

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