Eduardo Zylberstajn
O preço médio por metro quadrado dos imóveis residenciais no País subiu 1,1% no mês de julho ante junho, chegando a R$ 6.900. Nos primeiros sete meses do ano, a alta foi de 7,3%, enquanto nos últimos 12 meses encerrados em julho, houve aumento de 12,0%.
Os números fazem parte do
Índice Fipezap, divulgado nesta sexta-feira, 2. O levantamento é
realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a
partir dos anúncios de imóveis de 16 cidades no site Zap.
A
alta de 7,3% até julho mostra que os preços das habitações subiram mais
que o dobro da inflação no período, de quase 3,2%, considerando dados do
Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPCA). As maiores altas no ano
foram verificadas nas cidades de Curitiba (18,5%), Vitória (10,1%) e do
Rio de Janeiro (9,3%). A cidade de São Paulo, maior mercado imobiliário
do País, registrou aumento de preços em linha com a média geral, de 7,3%.
O
crescimento persistente nos valores das moradias vem ocorrendo porque o
mercado imobiliário não foi contaminado pelo cenário adverso da
economia brasileira, marcado por inflação alta, taxa básica de juros
(Selic) em ascensão e baixo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
"O mercado imobiliário se descola do restante da economia em vários
aspectos, o que explica a resistência dos preços", disse o economista
Eduardo Zylberstajn, coordenador do Índice Fipezap.
Zylberstajn
observou que a demanda por imóveis tem sido sustentada principalmente
pelos baixos níveis de desemprego da população e pela manutenção da
disponibilidade de crédito para financiamento. "A oferta de emprego
continua aumentando para aquelas pessoas com menos de 40 anos, e com
ensino médio completo. São justamente esses os perfis mais propensos a
comprar um imóvel", explicou.
O economista
acrescentou que o ciclo de alta da Selic tem efeito limitado sobre a
taxa de juros do crédito imobiliário, que utiliza recursos oriundos das
cadernetas de poupança, onde as taxas são reduzidas. Além disso, a
demanda por imóveis é alimentada naturalmente por questões demográficas e
sociais, como casamentos, divórcios e jovens que decidem morar
sozinhos. "Surgem em torno de 1 milhão de novos domicílios todos os
anos", afirmou, citando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Preços firmes
O Índice Fipezap mostra também que houve uma interrupção no movimento de queda no ritmo de crescimento dos preços dos imóveis.
Até
julho de 2012, a alta média nacional acumulada em 12 meses foi de
17,1%. Em janeiro de 2013, desacelerou para 13,5%, e em abril, para
11,9%. Depois disso, a subida dos preços se manteve estável, sem esfriar
como nos meses anteriores. Foram 11,9% em maio e junho, e 11,8% em
julho (esses números do índice Fipezap consideram apenas 7 cidades, pois
a base de pesquisa com 16 municípios foi iniciada há pouco tempo).
"Não
vemos mais aquela desaceleração que a pesquisa mostrava desde o ano
passado. O ritmo de crescimento dos preços vem se mantendo", admitiu
Zylberstajn. O economista evitou fazer projeções sobre o comportamento
do mercado imobiliário nos meses seguintes, mas observou que a demanda e
os preços dependem diretamente dos níveis de emprego no País. "A
peça-chave é o mercado de trabalho. Se a deterioração da economia chegar
aos empregos, aí mora um grande risco para a demanda por imóveis",
frisou.
Fonte: Economia R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário