Espanto, revolta e desconhecimento são as principais expressões dos
entrevistados pela Tribuna ao serem questionados sobre a possibilidade
de aumento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU) na capital baiana.
“Um absurdo! Já pagamos bastante imposto. O que a prefeitura tem que
fazer é cobrar IPTU de quem não paga e fazer uma pesquisa para cadastrar
as centenas de novos imóveis”, opina a socióloga Maria Vírginia
Aciolly.
A população tomou conhecimento da possibilidade do aumento após a
Câmara Municipal ter aprovado, na noite da última quarta-feira, o
projeto de reforma tributária desenvolvido pela Secretaria da Fazenda.
Dentro do projeto, estipula-se uma reformulação na forma de cobrar o
imposto, mas políticos e economistas acreditam que a elevação dos
valores pode ocorrer como efeito colateral.
A Tribuna saiu às ruas nesse domingo (9/6) para ouvir a população.
Percorreu os bairros Dois de Julho, Pituba, Nazaré e a região próxima
aos dois principais shoppings: Iguatemi e Salvador. De 15 entrevistados,
somente quatro se mostraram favoráveis a um possível aumento. “Se for
para a melhoria da cidade, de fato, é válido. O problema é que sempre
houve reajuste e nunca houve melhorias. Acho que é por isso que as
pessoas estão tão temerosas”, avalia o estudante de medicina Ricardo
Alvaro.
Da mesma forma pensa o comerciante Marcos Bulcão. “Se for para mudar a
cidade para melhor, eu concordo”, avalia, ele que é morador do Dois de
Julho e paga o imposto no valor de R$ 53,47.
Já a gestora em Relações Humanas Mária de Fátima Mercês, qualquer
mudança que resulte em aumento de impostos é absurda. “Olhem para a
cidade. Vejam como ela está acabada. Ano passado teve aumento de IPTU e
nada mudou. Antes de cobrar dinheiro das pessoas é preciso mostrar
trabalho”, afirma.
A informação causou polêmica também entre comerciantes e políticos
soteropolitanos. O deputado estadual Alan Sanches (PSD) prontamente se
pronunciou contrário ao aumento, assim como o ex-prefeito João Henrique.
Segundo Sanches declarou à imprensa, existem mais de 400 mil imóveis na
cidade sem a cobrança do imposto devido a falta de registro na
prefeitura.
Atualmente, existem cerca 642 mil inscrições de IPTU ativas em
Salvador, das quais 30% estão inadimplentes. Mas para o corretor de
imóveis George Almeida, há 10 anos na profissão, nos últimos dois anos o
número de imóveis em Salvador cresceu, inclusive em localidades – e
invasões – que não estão cadastradas. “É preciso uma nova pesquisa”,
sugeriu.
Diante da polêmica, o secretário da fazenda Mauro Ricardo Costa,
trazido da capital paulista pelo prefeito ACM Neto, disse que nos
próximos meses encaminhará à Câmara Municipal um novo projeto de lei,
com a proposta de que o cálculo do IPTU seja pelo valor de mercado, e
não pelo padrão de imóvel. Segundo ele, muitos contribuintes que
deveriam pagar 1% - a alíquota em cima do valor venal de um imóvel de
alto luxo – estão pagando apenas 0,1%.
O fato estaria gerando muitas ações judiciais, por isso, um novo
cálculo deve ser feito e a forma de cobrança revista. O secretário
afirmou à imprensa na última semana que o que se pretende é mudar o
critério de progressividade, e não necessariamente aumentar a alíquota,
fazendo com que a base para o cálculo seja o valor do imóvel e não sua
característica.
Fonte: Tribuna da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário