Parece que hoje em dia só existe uma maneira de conseguir comprar uma casa nos Estados Unidos: pagar o valor integral à vista e fazer uma oferta imediata.
O estouro da bolha imobiliária, na última década, já é passado em Los Angeles, onde interessados em adquirir seu primeiro imóvel são obrigados a competir com investidores para conseguir casas a preços que se aproximam de US$ 1 milhão.
"Parece que todo mundo, desde jovens que acabaram de se formar em direito até investidores da China, está andando por aí com milhares de dólares na carteira", comentou a corretora imobiliária Kameron Eliassian.
Depois de economizar durante anos, esperando que os preços dos imóveis residenciais caíssem ao ponto mais baixo, compradores de todo os Estados Unidos estão ansiosos para voltar ao mercado, atraídos pelos juros baixos e possíveis bons negócios.
Com o número de imóveis à venda tendo chegado a níveis historicamente baixos, grandes investidores vêm comprando milhares de casas, fazendo os preços subirem rapidamente.
A porcentagem de imóveis adquiridos à vista subiu em muitas áreas dos EUA. Quase um terço de todos os imóveis residenciais comprados em Los Angeles, no primeiro trimestre deste ano, foi obtido à vista, contra apenas 7% em 2007. Em Miami, 65% foram vendidos à vista, contra 16% seis anos atrás.
Os preços das transações realizadas à vista vêm subindo muito. Em Los Angeles, o preço médio de um imóvel residencial negociado à vista neste ano é de US$ 351 mil, contra US$ 230 mil em 2009. No mesmo período, o valor médio dos imóveis em geral subiu para US$ 410 mil, um aumento de US$ 85 mil.
Os compradores que adquirem imóveis à vista --geralmente investidores ansiosos por reformar e revender ou por alugar os imóveis rapidamente-- estão dificultando a vida de quem quer comprar seu primeiro imóvel, pessoas que geralmente dependem de financiamentos imobiliários que podem levar meses para sair do papel. Mais residências na Califórnia trocaram de mãos em 2013 que em qualquer ano desde 2005.
ACIMA DO PREÇO
Em Boston, compradores de imóveis oferecem US$ 100 mil acima do preço pedido. Em San Francisco, Miami e Phoenix, pessoas que põem seus imóveis à venda vêm recebendo dezenas de ofertas em questão de dias. O estoque de imóveis oferecidos vem caindo comparavelmente em Nova York, onde os preços estão em alta desde 2009.
Neste novo mercado, são os compradores que mandam.
Dick e Susan Yost queriam se mudar para um imóvel menor e deixar a casa deles em Cambridge, em Massachusetts, para seu filho. "Fizemos ofertas para oito lugares antes de finalmente conseguirmos um", contou Dick. "O mínimo que oferecemos foi US$ 85 mil acima do preço pedido. Mesmo assim, não conseguimos aquela casa."
Mas céticos questionam por quanto tempo a tendência poderá durar. "As pessoas estão percebendo que esse fenômeno já está se esgotando. O tipo de alta de mercado que está acontecendo em lugares como a Califórnia parece a história se repetindo", comentou Daren Blomquist, da RealtyTrac, que monitora vendas de imóveis residenciais. "Isso não é sustentável a longo prazo, pelo menos não para quem compra um imóvel para uso próprio."
O corretor imobiliário Dana DeSimone, de Boston, disse que o mercado virou "um hospício" e opinou: "Os compradores vêm se arriscando muito mais do que antes".
Jeff e Lorena Leininger cogitaram sair de sua casa num subúrbio de Los Angeles, mas temeram não receber pelo imóvel tanto quanto pagaram por ele. Mas, neste ano, eles finalmente o puseram à venda. Em três dias, receberam nove ofertas pela casa.
"Foi uma coisa maluca, como na época em que compramos o lugar, dez anos atrás", falou Jeff. "Mas foi muito pior para comprar. A gente ia ver um imóvel anunciado e ele já estava vendido. A mensagem era clara: esteja preparado para comprar já ou fique a ver navios."
Fonte: Folha.com - The New York Times
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