"Desde 2004, o mercado imobiliário brasileiro vive um momento único
em sua história. Em agosto daquele ano, o governo federal editou uma
nova lei, a 10.931, que modificou o cenário nacional, propiciando uma
retomada do segmento. Com este ponto de partida, temos visto o que vem
sendo considerado o "boom imobiliário" do Brasil. Agora, com o passar dos anos, temos de nos adequar a um novo contexto.
As mudanças originadas na década passada trouxeram conquistas
significativas. A Lei 10.931/2004 ampliou a segurança de quem investe em
imóveis, regulamentando o chamado patrimônio de afetação. E
complementou a questão jurídica com várias alternativas para obtenção
de recursos para a compra de imóveis. A nova lei induziu o sistema
financeiro a reativar o crédito imobiliário. A oferta de financiamentos
feita por bancos públicos e privados foi estendida a praticamente todas
as faixas de renda da população brasileira.
Outros fatores complementares impulsionaram o segmento. As novas
regras proporcionaram a ampliação do limite de prazos para quitação de
financiamentos e, mais recentemente, o programa habitacional Minha Casa
Minha Vida. A estabilidade econômica do País, a ascensão de classes
sociais, o fortalecimento da classe média, o cenário internacional,
entre outros, também ajudaram a alavancar o segmento imobiliário.
Esse conjunto de fatores reinseriu o inabalável sonho da casa própria entre as metas do brasileiro. Mas o que muitos chamam de boom imobiliário
nada mais foi do que a descompressão de um mercado que estava reprimido
há muitos anos. Desde a extinção do Banco Nacional da Habitação (BNH),
em 1986, não havia nenhuma política governamental consistente, e de
longo prazo, para incentivar o setor. Levantamento feito nos primeiros
meses de 2013 demonstra que haverá novas mudanças nesse cenário.
Os preços dos imóveis subiram incansavelmente nos tempos recentes.
Com eles, todos os insumos e segmentos ligados ao setor também
prosperaram. Agora inicia-se o tempo da acomodação, em que os preços
irão se estabilizar e voltar a caber no bolso do consumidor. O primeiro
sinal desse novo contexto veio em 2012. Pela primeira vez na última
década os valores dos imóveis pararam de subir. Ao longo de 2013,
deveremos assistir uma estabilização dos preços, com possibilidade de
retração nos valores - principalmente para acelerar a comercialização de
estoques. Somente nas localidades que abrigarão os grandes eventos
esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíada, ainda há espaço para aumento
dos preços."
João Teodoro da Silva - Presidente do Sistema Cofeci-Creci
Fonte: Diário Comércio Indústria e Serviços (DCI)
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