segunda-feira, 27 de setembro de 2010

OTIMISMO QUANTO A RECUPERAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO EM ÂMBITO GLOBAL


Último painel da Convenção Secovi 2010, na sede do Secovi-SP, reuniu os principais porta-vozes de entidades imobiliárias do planeta para uma análise geral do mercado pós-crise.
Embora as dificuldades e oportunidades do mercado imobiliário atual variem, dependendo da parte do mundo que se deseja focar, existe um consenso entre os principais líderes mundiais do setor: a perspectiva futura é sempre de estabilidade e crescimento.
Esta foi uma das principais análises, apurada durante o painel Atualidades do Mercado Imobiliário pelo Mundo,que fechou a Convenção Secovi 2010, na sede do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), na manhã desta quarta-feira, 22/9.
João Crestana apresentou dados do atual e futuro cenário imobiliário brasileiro à platéia. “Nosso país mostrou e mostra sua força, principalmente pela forma como suplantou a crise de 2008”, ilustrou.
Segundo o dirigente, alguns fatores decisivos foram responsáveis pela situação confortável do mercado imobiliário nacional ante a turbulência que teve início nos Estados Unidos. Citou como exemplos, o ganho de renda das classes C e D, a “preventiva e oportuna” reformulação dos bancos já em 1995, com o advento do Proer; o fortalecimento do programa Minha Casa, Minha Vida; o equilíbrio da inadimplência e o bônus demográfico instituído por uma população essencialmente jovem, e que deverá prevalecer ainda nas próximas duas décadas.
“Temos problemas, como a questão da insegurança jurídica, que levam alguns especialistas a dizer que no Brasil até o passado é imprevisível, ou mesmo a insistência de muitos órgãos públicos, mais nitidamente os municipais, em criar suas próprias leis, a despeito da Constituição Federal. Isso não pode acontecer”, asseverou.
Na Rússia, bancos privilegiaram os grandes - foi o presidente eleito da Fiabci Mundial, Alexander Romanenko, quem trouxe à tona os reflexos da crise financeira, que abalou o mercado financeiro global há dois anos, no âmbito imobiliário, a partir de uma explanação particularizada do que aconteceu na Rússia.
“À época, o discurso de nosso presidente foi pautado pelo otimismo. Ele disse que tudo ficaria bem, o que, efetivamente, não aconteceu”, sentenciou. Segundo Romanenko, as conseqüências locais foram graves, com a queda considerável da moeda - cerca de 20% - em comparação ao dólar; a flutuação dos índices econômicos; o desemprego e inflação, dimensionados pela redução do PIB. “Foi um período difícil. Os bancos tornaram-se proprietários das três maiores construtoras, mas o preço dos imóveis continuou elevado”, completou.
Romanenko reconhece alguns aspectos positivos surgidos da crise, e que podem servir de alavanca para a estabilização do setor imobiliário russo nos próximos meses, como a aplicação de reservas governamentais para socorrer o mercado financeiro e os serviços essenciais à população, e o ligeiro “novo interesse” dos investidores naquele país.
“Contudo, a situação ainda continua complicada, principalmente em Moscou e São Petesburgo. Tivemos a falência de várias redes de varejo, acompanhada de uma nítida desocupação de imóveis, com redução de valores de locação”, finalizou, prevendo uma maior estabilidade para os próximos dois anos, pois o preço médio dos imóveis, principalmente dos residenciais, está em ascensão.
Estreando em solo brasileiro, o britânico Peter King, chairman do International Consortium of Real Estate Associations (ICREA) mostrou seu entusiasmo com a pujança do mercado nacional. “Esse povo é fantástico e amistoso”, disse.
King fez breve explanação sobre o atual cenário do mercado no Reino Unido, onde, segundo ele, qualquer um pode ser corretor. “Isso é uma improbidade, estamos lutando junto ao governo para inibir essa prática desqualificada”, avisou. Ainda de acordo com o representante do ICREA, a Inglaterra prevê um período de estabilidade, com breve queda dos preços dos imóveis, antes de uma efetiva estabilização.
“Hoje, nada de muito extraordinário está acontecendo, mas existe a previsão de desemprego, principalmente no setor público, o que afeta o preço da habitação, assim como o excesso de oferta, reprimida pelas altas taxas de juros, ou mesmo a inibição dos empréstimos”, revelou. Contudo, segundo King, o imóvel ainda é uma das melhores opções de investimento, tanto para os britânicos, como para os estrangeiros que atuam no setor. “Há luz no final do túnel”, disse.
Também pela primeira vez no Brasil, o holandês Thijs Stoffer, CEO do ICREA, fez rápida análise da recuperação do mercado imobiliário, focando a situação americana de hoje em dia. “Eles ainda estão sob pressão, e o Brasil, em ótima situação”, ilustrou.
Assim como Stoffer, o chairman do CCIM Institute, George Pires, reconhece que os Estados Unidos ainda vivem momento turbulendo, mas acredita que essa dita “pressão” que tenciona a economia local, também servirá de combustível para a desejada estabilidade do setor e do PIB nacional. “Teremos a recuperação com uma taxa de juros constante, mas sem a criação de novos postos de trabalho”, analisou.
Ainda de acordo com Pires, as coisas não estão assim tão ruins quanto se imagina. “Nosso mercado está simpático aos produtos de preço mais elevado. Também já tivemos grande mudança no mercado de locação, que nos próximos dois anos se consolidará como ótima opção de investimento. Contudo, os bancos terão de descobrir aonde estão os seus clientes”, sentenciou.
Na mesma linha de George Pires, o presidente do CCIM Institute, Austin Wedemeyer Júnior, analisou estatisticas e números reais americanos que apontam para uma melhora do cenário nos EUA. “Temos realmente que verificar o que está por vir, bem como detectar as responsabilidades que devem ser assumidas pelos atores imobiliários em âmbito mundial”, categorizou.
Na qualidade de vice-presidente em exercício da Federação Nacional dos Corretores de Imóveis (Fenaci), o diretor geral do Secovi-SP em São José do Rio Preto, Joaquim Ribeiro, mediou o debate dos palestrantes com a platéia. “Nossa situação é privilegiada em todos os sentidos. Somos o país do presente, como fala o presidente Crestana”, acrescentou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário