Embora a recente explosão da procura de investidores por fundos
imobiliários tenha levantado preocupações sobre um excesso de
valorização dos preços de imóveis, especialistas descartam o risco de
uma bolha no
setor. Ao contrário, na opinião de gestores, a indústria que esse tipo
de aplicação movimenta está apenas aquecendo os motores e ainda encontra
muito espaço para crescer no Brasil.
Para Diego Fonseca, da área de Produtos Imobiliários e Operações
Estruturadas do private banking do Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), o
que acontece no mercado é um aumento das preocupações com algumas
questões típicas do mercado imobiliário, mas não tem a ver com bolha.
Fonseca participou de debate sobre a indústria de fundos imobiliários
durante o sétimo Congresso Anbima de Fundos de Investimentos, que
começou ontem e vai até hoje em São Paulo. “Temos visto alguns preços
começando a subir e algumas situações de vacância em imóveis têm
aparecido, aumentando a preocupação dos investidores”, afirmou.
De acordo com ele, se houvesse uma situação de bolha no mercado, ela
estaria ligada, provavelmente, a imóveis residenciais, que dificilmente
entram na carteira de ativos dos fundos imobiliários. “Quando pensamos
em imóveis comerciais, para renda, a bolha não entra nos
questionamentos, e sim, situações como a acomodação dos preços e o nível
de vacância”.
Para Rodrigo Machado, sócio da corretora XP Investimentos, o mercado
imobiliário está longe de viver uma situação de bolha. “Bolhas
pressupõem alavancagem dos investidores, que pressupõem endividamento”,
observa. “Mas o endividamento ainda é baixo no Brasil, com o crédito
imobiliário ainda representando menos de 6% do PIB.”
Segundo o executivo, contudo, vale observar a questão geográfica no
Brasil. Ele afirma que o país, de proporções continentais, ainda
apresenta realidades distintas. “Pode acontecer que alguns segmentos, em
determinadas regiões, estejam supervalorizados, como é o caso do
mercado residencial no Rio de Janeiro, que é um ponto fora da curva.”
Isso não significa, na visão do executivo, que o mercado enfrente uma
situação de bolha.
Potencial
O potencial de crescimento do segmento de fundos imobiliários é
destacado por Fonseca, do CSHG. Ele lembra que o setor de private
banking foi o primeiro a ter uma presença maior nos fundos imobiliários.
“Alguns privates começaram a investir e alocar seus recursos nos
fundos, e um volume muito grande vinha desse segmento”, diz.
Segundo ele, atualmente, do total de recursos do segmento private no
Brasil, menos de 2%, ou o equivalente a cerca de R$ 7 bilhões, estão em
fundos de investimentos. “Em economias desenvolvidas, como a alemã, esse
percentual chega a cerca de 8%, o que nos mostra que ainda há muito
espaço para crescer.”
O gerente executivo da divisão de Mercado de Capitais e Investimentos
do Banco do Brasil (BB), Leonardo Silva de Loyola Reis, enxerga outro
potencial além do de crescimento. “Há uma grande curva de aprendizado em
curso neste exato momento”, disse. O BB fez, no fim do ano passado, a
oferta do ano nesse mercado. O fundo imobiliário de agências do banco, o
BB Progressivo, atraiu 46 mil pessoas e arrecadou R$ 1,5 bilhão.
De acordo com Reis, dois terços do volume captado na oferta veio do
segmento private, e um terço dos investidores nas faixas inferiores de
renda. “No private há entendimento melhor entre diferenciação dos tipos
de fundo, os riscos, mas, à medida que se afasta desse segmento, existe
um espaço ainda maior para crescimento do mercado, porque os
investidores dos níveis inferiores de renda ainda não entendem bem os
fundos imobiliários”, observou.
Fonte: EXAME.com
Nota do Editor:
O que é: são fundos que investem em empreendimentos
imobiliários (exemplos: edifícios comerciais, shopping centers,
hospitais etc.). O retorno do capital investido se dá por meio da
distribuição de resultados do Fundo, seja o aluguel pago por um shopping
center, ou pela venda das suas cotas do Fundo. Os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) são constituídos como “condomínios fechados”.
São divididos em cotas que, uma vez adquiridas, não podem ser resgatadas. O patrimônio
de um fundo imobiliário pode ser composto de imóveis comerciais, residenciais, rurais
ou urbanos, construídos ou em construção, para posterior alienação, locação ou arrendamento.
Em razão da necessidade de um acompanhamento do setor foi lançado pela BM&FBovespa, o
Índice de Investimentos em Fundos Imobiliários-Ifix, de atualização mensal, criado com o
objetivo de oferecer aos agentes de mercado e gestores de recursos um
indicador específico. O Ifix é uma
carteira teórica composta pelos 44 Fundos Imobiliários mais negociados
da bolsa.
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