O termo bolha imobiliária, que refere-se à supervalorização de imóveis sem motivo aparente, vem se tornando cada vez mais recorrente no mercado brasileiro, seja nas avaliações sobre o setor ou em corriqueiras especulações a respeito do crescimento acelerado ocorrido no último ano e mantido, em menor grau, no começo deste. A mais recente menção com grande repercussão partiu da presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), Virgínia Dualibi, que provocou seus “seguidores” do microblog Twitter com a indagação: “já existe bolha imobiliária no mercado imobiliário brasileiro?”.
Confiança maior
Procurados para saber se esta supervalorização está em curso, especificamente, no Ceará, os representantes das principais entidades do setor no Estado formaram coro e rechaçaram a possibilidade, argumentando que as condições de financiamento disponíveis expressam maior confiança se comparadas às internacionais.
“Este nome, bolha, surgiu no mercado norte-americano, que vendia um mesmo imóvel seis vezes. Aqui, no Brasil, isso não acontece, muito menos no Ceará”, garantiu o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), Roberto Sérgio Ferreira, lembrando que o valor do financiamento está fixado em 80% do preço do imóvel “e, na prática, é de 70%”.
Prevendo um crescimento de 6,7% para o setor local e 4,5% para a economia brasileira em 2011, Roberto Sérgio ainda argumentou que o grande aquecimento do mercado no ano passado deveu-se ao saldo de programas públicos, principalmente, do Minha Casa, Minha Vida (MCVC), do governo federal.
Ainda segundo o presidente do Siduscon-CE, atualmente, “estamos voltando a um crescimento normal, pois sempre apontamos índices maiores que a economia como um todo”.
Da mesma forma, rebateu o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Apollo Scherer, quando garantiu que a grande demanda local supre o aquecimento e previne contra uma supervalorização.
Outro fator evidenciado por ele é diretamente ligado à participação da Caixa “no financiamento de 80% dos imóveis brasileiros”, pois “o cuidado na hora da avaliação e feitura dos contratos” são garantias de segurança.
Crítica
“O que me chama mais atenção é chamar de bolha um posicionamento do mercado sob condições normais”, enfatizou Roberto Sérgio sobre as especulações e análises que recorrem ao termo na argumentação sobre o setor. “O que pode acontecer é a oferta ou a procura intensa localizada sobre determinado bairro ou tipo de imóvel, o que poderá gerar um pequeno desequilíbrio, mas que são normalmente assimilados pelo mercado”, analisou Apollo Scherer, do Creci.
Repercussão virtual
Em resposta à provocação da presidente da ABMI, outros argumentos surgiram também eliminando a possibilidade da tal bolha imobiliária, como o do consultor de marketing, gestão e liderança Guilherme Carnicelli, que destacou que o crédito imobiliário brasileiro tem baixa participação no Produto Interno Bruto nacional (5%), enquanto que, em países onde ocorreu a supervalorização, como Estados Unidos, a porcentagem salta para 68%.
ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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