As ações de imobiliárias tiveram um ano complexo, em que não
conseguiram manter uma uniformidade que se esperava de um setor que
responde à drivers de mesma categoria. É justamente por essa
uniformidade que se criou dois diferentes tipos de ativos negociados na
BM&FBovespa: os bons, que chegaram a subir até 75%, e os ruins, que
tiveram quedas de 50%.
De um lado, papéis como EzTec, Helbor, JHSF e Even, com ganhos que variam de 45% a 75%. De outro, PDG Realty, Rossi Residencial e Brookfield, com perdas de 25% a 45%.
Por trás desse movimento, decisões estratégicas divergentes - cujo
teste pelo tempo mostrou qual era correta. O desempenho operacional
bastante diferente selou o fato: algumas deveriam subir, outras cair.
"Se você olhar a evolução dos balanços das companhias, reflete
bastante o desempenho delas em ação", avalia Eduardo Machado, analista
da Amaril Franklin. Muitas empresas optaram por estimular o crescimento
de maneira mais agressiva nos últimos anos, formando parcerias regionais
e terceirizando a construção - duas decisões que não foram tomadas pela
EzTec, campeã de rentabilidade do setor.
A opção por focar exclusivamente no mercado de São Paulo e manter uma
equipe própria de construção - algo que outras imobiliárias de sucesso
também o fizeram - ajudou a explicar os ganhos deste ano.
Estouro no orçamentoVárias empresas, diz
Machado, viram seus custos de produção estourarem, comprometendo toda a
rentabilidade dos empreendimentos e prejudicando planos futuros de
expansão. Rossi, PDG e Brookfield tiveram forte queda nos lançamentos em
2012.
"Algumas empresas até chegaram a ter prejuízo durante o ano, e várias
delas chegaram em uma situação bem complicada", diz o analista. Uma
delas, a PDG, também teve problemas com o bloco controlador e brigas
severas entre os acionistas mais importantes. "E os graves problemas de
gestão interfiriram nos papéis", avalia.
O cenário econômico também apertou, destaca Machado. A economia pisou
no freio bruscamente, mas o mercado imobiliário continuou aquecido. Com
a oferta em alta, mão de obra escassa, e a demanda minguando, muitas
empresas se encontraram em uma situação na qual os números mostraram
significativa piora - puxando as ações com elas.
Luta de classes: JHSF vs Gafisa
Machado destaca que a economia desacelerando não afetou as empresas que optaram por não se expor aos segmentos mais populares, que foram os que mais sofreram com a desaceleração. A JHSF é a principal delas, já que foca principalmente no segmento de luxo - e deve ver as suas ações subirem cerca de 60% em 2012. "Para o público dela, a desaceleração da economia não impactou", afirma.
Machado destaca que a economia desacelerando não afetou as empresas que optaram por não se expor aos segmentos mais populares, que foram os que mais sofreram com a desaceleração. A JHSF é a principal delas, já que foca principalmente no segmento de luxo - e deve ver as suas ações subirem cerca de 60% em 2012. "Para o público dela, a desaceleração da economia não impactou", afirma.
Isso contrasta com outra empresa, a Gafisa,
que algum tempo atrás optou por entrar no segmento de residências
populares, e adquiriu a Tenda. Embora a companhia se encaminhe para
terminar o ano com valorização de aproximadamente 10%, a empresa sofreu
antes de conseguir os seus primeiros resultados do processo de
turnaround. "Dizem no mercado que no fundo do poço tem uma mola, e foi
isso que aconteceu com a Gafisa", destaca Machado.
"A empresa sofreu diversos problemas com a aquisição da Tenda,
inadimplência, prejuízos, tudo", diz. Mas com o tempo, a Gafisa
conseguiu recuperar a rentabilidade, mesmo que de forma tímida, algo que
pode servir de exemplo para as suas pares problemáticas no setor em
2013 - já que estas também precisam de mostrar alguma recuperação.
Vale destacar que a empresa chegou a ver suas ações cairem mais de 50%
no primeiro semestre do ano, antes de iniciar uma tímida recuperação
amparada na reestruturação pesada que a companhia fez. Esse também foi o
caminho escolhido pela Cyrela, que vê suas ações subirem aproximadamente 20%.
Antevendo os problemas, a companhia conseguiu reduzir as pressões de
custos e conseguiu evitar a grande crise que suas rivais passaram em
2012.
Fonte: InfoMoney
Nenhum comentário:
Postar um comentário