domingo, 20 de junho de 2010

FUNDO DE COMÉRCIO


Esta matéria que não tem bibliografia e o seu conceito no ambiente contábil refere-se aos bens intangíveis e os autores ficam com os itens intangíveis possíveis de serem registrados pela contabilidade como patentes, marcas adquiridas, nomes comerciais e os estudiosos acrescentam, já não registrados na contabilidade, a clientela, o "ponto" e a reputação (imagem, no nosso entender) do dono da empresa, dos produtos, etc.
Tudo isto é e está correto, mas o fundo de comércio (também denominado GOOD WILL) é isto e engloba outros itens intangíveis que analisaremos neste artigo.
Podemos afirmar, de modo genérico que o fundo de comércio é a capacidade que o empreendimento tem de gerar lucros.
VALOR DA EMPRESA
Nas análises realizadas pelos analistas de investimentos, para a avaliação das empresas com o objetivo de compra; das empresas ou de suas ações, o seu valor é enquadrado no seguinte parâmetro:
VALOR DA EMPRESA = PATRIMÔNIO LÍQUIDO + LUCROS GERADOS EM DETERMINADO PERÍODO DE TEMPO – t (t = 1 a n anos)
O Patrimônio Líquido está registrado na contabilidade. O lucro gerado no período de tempo t é o que vamos chamar de Fundo de Comércio e será analisado nesta matéria.
Caberá então, ao analista de investimentos projetar, a partir destes bens intangíveis, diferentes cenários (simulações) para, até por métodos estatísticos, quantificar o lucro líquido anual esperado para determinado período de tempo t.
Este período de tempo t é função direta da empresa sob análise. Para uma casa comercial ou uma indústria de bens de consumo convencionou-se o tempo t como 5 anos.
Para um empreendimento de longa maturação, como indústrias de base (siderurgia, por exemplo) e de infra estrutura (energia elétrica) este tempo t pode ser de 15 a 25 anos.
Só para adicionar mas imponderabilidade ao estudo do fundo de comércio, podemos destacar que, com a velocidade da tecnologia poderá acontecer que, processos e produtos, em 5 anos estejam superados e, se, na análise da capacidade da empresa de gerar lucros, esta macro variável não for considerada e se ocorrer mudanças na tecnologia no período t, considerado na análise e se os novos donos não tiverem capacidade de ajustarem-se à nova realidade, com certeza, tornar-se-ão inviáveis e os lucros gerados no período não remuneração o capital investido.
UNIVERSO PARA O CÁLCULO DO FUNDO DE COMÉRCIO
A análise do fundo de comércio pode ser aplicada a quaisquer empresas e de quaisquer atividades e de quaisquer portes.
Portanto, as empresas de pequeno porte – EPP’s, as micro empresas – ME’s, médias e grandes empresas podem ser analisadas, para a quantificação do seu fundo de comércio, com os mesmos conceitos, princípios e métodos de cálculos.
O que diverge, na prática, é a capacidade financeira para patrocinar um estudo abrangente do ambiente atual e futuro da empresa ou então, não há tempo para realizar esta análise.
Com isto, podemos definir dois modos para a avaliação do fundo de comércio.
Para o analista de investimentos que tem capacidade profissional (experiência nesta atividade) e condições financeiras poderá valer-se do Planejamento Estratégico e de SISTEMAS INTEGRADOS de Contabilidade, Custo e Tesouraria, bem como de Orçamento e assim possuir dados históricos (da contabilidade) convenientemente organizados e de simulações de resultados, projetados para diferentes cenários e períodos de tempo t.
Isto permite quantificar os lucros anuais, esperados e aplicar os métodos quânticos de fluxo de caixa descontado e das análises de risco operacional e financeiro.
Para o universo de empresas sem condições para analisar o lucro da empresa, neste grau de sofisticação, este planejamento estratégico é desenvolvido – pelos negociadores de empresas ou pelos compradores - pelo "faro", tino comercial, bom senso, melhor seria pelo senso comum, pelo "feeling" ou sentimento ou todos eles. A avaliação do lucro da empresa, pelo senso comum, toma 1, 2, 3 ou até mais, meses da receita líquida do empreendimento e considera o seu somatório como seu lucro líquido anual e aplica os métodos quânticos já citados ou então, usa o fator (de 1 a 4).
CAMPO DE ATUAÇÃO E ATIVIDADES DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Para empresas de menor porte, fizemos uma análise do ÍNDICE DUPONT e procuramos substituí-lo pelo planejamento estratégico.
Este índice DUPONT gera o índice de retorno sobre o ativo imobilizado – RSAO – e com ele, foram aplicados exemplos. Esta comparação e exemplos continuam válidos. A diferença está na fonte dos dados. No RSAO os dados são obtido da contabilidade portanto, dados históricos e no planejamento estratégico, os dados são projetados.
INTEGRAÇÃO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ORÇAMENTO E OPERAÇÃO
Pacificados a definição do que é Fundo de Comércio e a sua relação com o planejamento estratégico vamos enfatizar que as direções das empresas, nas suas atividades, devem trabalhar continuamente na busca desta integração, para o sucesso dos seus empreendimentos.
A busca constante, com o enfoque social, de maiores lucros depende desta abordagem.
O nível corporativo ou estratégico desenvolve, de modo contínuo, o planejamento do empreendimento, nas definições de seus objetivos, políticas, diretrizes e de acordo com os resultados, qualitativos e intangíveis, da análise do seu Ambiente Total, define estratégias.
O nível gerencial, com base nestas análises e definições, estabelecerá planos e programas, com suas metas e utilizando instrumentos como o Sistema Integrado de Orçamento Empresarial – SIOE – quantificará, através de simulações, diversos cenários, quantificando os recursos e projetando resultados (entre eles, as projeções de lucros) para n exercícios sociais.
Assim, teremos os dados para o cálculo do fundo de comércio.
O nível operacional programará estes recursos (de material, de equipamentos, de recursos humanos, de tecnologias, financeiros, de sistemas integrados) e utilizando-os nas operações diárias.
Nesta atividade, os dirigentes devem utilizar o Sistema Integrado de Contabilidade, Custo e Tesouraria – SICCT e assim, de modo contínuo, podem comparar os recursos orçados com os recursos efetivamente realizados. Isto também permite o ajuste contínuo entre o planejado e o realizado e também, o nível gerencial transmite ao nível operacional, as mudanças que vão ocorrendo, em função das modificações no ambiente estratégico e com isto, mudando a programação dos recursos.
É nesta etapa que entendemos que ocorre o Enterprise Resources Planning – ERP que é um fato importante na avaliação do fundo de comércio, o ressuprimento de estoque é, com certeza, uma operação automática do reestabelecimento de estoque, em conseqüência do ERP e de utilizar sistemas integrados.
Podemos, em primeiro lugar, comparar a atividade do planejamento estratégico que é uma análise sistêmica e contínua do Ambiente Total da empresa com o tino comercial que é uma análise do mesmo Ambiente Total mas de modo intuitivo. Esta análise intuitiva se faz presente pela escolha do produto a ser vendido, pela melhor condição de venda, pela conquista da simpatia do cliente e assim por diante.
Em segundo lugar, o fundo de comércio que é a capacidade que o empreendimento tem de gerar lucro, é baseado em bens intangíveis ou incorpóreos. E o planejamento estratégico, nas suas análises, gera dados baseados em bens intangíveis (seu macro ambiente). Assim, não é absurdo ficar com a posição de que o fundo de comércio está alicerçado no Planejamento Estratégico – sistêmico ou intuitivo. Deste modo, a figura do "Ponto" mas com o raciocínio de localização (ou endereço) fica ampliada e incorporada ao planejamento estratégico.
Em terceiro lugar, o Índice de Lucratividade mede, na realidade, o número de meses do lucro líquido mensal em relação à Receita Líquida Anual.
Sendo 8,333 o Lucro Líquido Anual corresponde a um mês da receita líquida.
Sendo 16,666 o Lucro Líquido Anual corresponde a dois meses da receita líquida.
Sendo 25,00 o Lucro Líquido Anual corresponde a três meses da receita líquida.
Assim, ao realizar o cálculo do fundo de comércio, de modo prático, tomando-se 1, 2, 3 ou mais meses da Receita Líquida como sendo Lucro Líquido Anual está, implicitamente, confirmando que o índice de lucratividade é 8,333, 16,666, 25,00. Quanto maior for o Lucro Líquido do Exercício, maior será o valor do fundo de comércio.
Ainda podemos acrescentar:
O Planejamento Estratégico deve ter a efetiva presença da Direção de cada empresa na sua elaboração, com atuação ágil, flexível e dinâmica com ajustes constantes, principalmente em função das mudanças das variáveis do seu macro ambiente. O Planejamento Estratégico que é elaborado a partir da prospecção que faz a Diretoria do seu Ambiente Total, pode começar, de forma diferente, do rumo inicialmente sonhado.
A Direção da empresa deverá valer-se e equipar-se de pessoal qualificado e de instrumentos de gestão modernos, a partir de SISTEMAS INTEGRADOS, efetivamente, nas áreas de Contabilidade, Custo e Tesouraria e do conceito de que a empresa deve ser gerida pelo orçamento devidamente instrumentado para, a cada fato novo e mediante simulações gerar uma nova posição econômico-financeira da sua empresa.
Para o empreendedor que pretende adquirir uma empresa, com o seu tino comercial, faz a prospecção do novo ambiente total e o seu planejamento estratégico será intuitivo e calculará o fundo de comércio e depois, administrará a sua empresa com as insuficiências de controles físicos financeiros e econômicos e sem orçamento.
Tanto este empreendedor com planejamento estratégico intuitivo, como o que utiliza os recursos aqui citados, poderão ter resultados diferentes, em função destas prospecções.
Reforça, mais uma vez, que o fundo de comércio utiliza dados intangíveis para a sua mensuração.
QUANTIFICAÇÃO DOS VALORES PARA O CÁLCULO DO FUNDO DE COMÉRCIO
Com base no que já foi exposto sobre o cálculo do fundo de comércio, o método de cálculo é aplicável, indistintamente às empresas de quaisquer portes e atividades.
O método prático de multiplicar a soma da Receita Líquida de 1, 2 ou mais meses pelo fator que varia de 1 a 4, tem explicação e fundamento teórico no método quântico do Fluxo de Caixa Descontado.
Dados do Lucro Líquido para a quantificação:
Dados com valores realizados (curva histórica) portanto, dados dos registros contábeis.
Dados levantados por ocasião da análise no estabelecimento, onde é apurada a Receita Bruta e levantados os valores dos custos de compra das mercadorias e das despesas operacionais, financeiras e a depreciação.
Dados decorrentes de projeções e resultados (simulações).
MÉTODOS QUÂNTICOS DE ALTAS FINANÇAS PARA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
Com valores realizados (séries temporais):
Cálculo do valor patrimonial da ação.
Valor financeiro de ação.
Valor da ação (baseado em dividendos pagos ou recebidos).
Com valores projetados:
Valor atual de ação.
Cálculo pelo fluxo de caixa descontado.
Cálculo do valor atual de ação pelo lucro líquido projetado.
O valor da ação ou quota (Ltda) já incorporado o valor do fundo de comércio, multiplicado pela quantidade de ações ou quotas, registrada no capital social, totaliza o valor da empresa.
AVALIAÇÃO DO VALOR NO FUNDO DE COMÉRCIO
Temos o método prático de multiplicar o somatório do lucro líquido (de n meses) por um fator que varia de 1 a 4.
Temos os métodos quânticos já citados.
Todos fundamentam-se no mesmo dado: o lucro líquido do exercício e no método do fluxo de caixa descontado.
Estes métodos permitem expressar a seguinte comparação:
fundo de comércio = fluxo de caixa descontado
Sendo: . fundo de comércio = (f . LLíquido) e . fluxo de caixa descontado =
logo: (f . LLíquido) =
Cancelando o LLíquido, teremos:
A fórmula do cálculo do valor da empresa será:
Se LL for 0 (zero) ou negativo, o fundo de comércio será zero e o valor da empresa será o valor do PL.
f = fator
LL = lucro líquido
PL = patrimônio líquido
i = taxa interna de retorno definida pelo investidor
t = número de exercícios sociais
= fator de desconto
Esquematicamente, podemos expressar o fluxo de caixa descontado do seguinte modo:
onde n = 5 que representa o valor do fundo de comércio.
Como já mencionamos, o período de tempo convencionado para esta análise é de 5 (cinco) exercícios sociais, logo n=5 e a taxa i = 15% a.a.
Na igualdade f = o fator f é função de i e de t, sendo diretamente proporcional a t e inversamente proporcional a i.
Se i for igual a 0 (zero) e t = 1, f será = 1 e nesta condição, se t = 5 o fator f será 5 que é o seu limite máximo, por convenção.
Para i # 0 (zero) e t = 5, encontramos as seguintes correlações diretas: i = 5%, o fator é 4,33; se i = 15% o fator é 3,3 e se i = 100%, o fator é 1,00; ou seja, quanto maior a exigência do investidor (maior taxa i) menor será o fator.
Podemos afirmar que os dois métodos se equivalem e podem ser aplicados nos cálculos que dimensionam os valores dos fundos de comércio das EPP’s e ME’s e que o fator f é uma variável dependente de i e de t e assim, a escolha deste fator deixa de ser por "feeling".
Deste modo, i e t devem ser definidos, se possível, por negociação entre as partes em conflito ou em negociação.
A taxa i de 15% e o tempo t de 5 anos são aceitos nos estudos de altas finanças para o cálculo do valor do fundo de comércio nas empresas de médio e de grande porte.
Nesta definição de i e de t, o ambiente de cada empresa também deve ser considerado pelo adquirente, no momento das definições destas variáveis e a análise do índice RSAO é um bom ponto de partida para a avaliação deste ambiente.
APLICANDO O MÉTODO QUÂNTICO NAS EEP’S E ME’S
Índice de Lucratividade – IL – como examinado no ÍNDICE DUPONT, este índice representa o número de vezes da Receita Líquida mensal que a empresa obtém como Lucro Líquido do Exercício. Assim, o valor da Receita Líquida de um mês, obtida como Lucro Líquido do Exercício, corresponde a 1/12 avos da Receita Líquida Anual ou 8,33%; 2/12 avos ou 16,66%; 3/12 avos ou 25% e assim por diante.
Ao quantificar a Receita Líquida Anual da empresa e com base no índice de lucratividade do ramo de negócio ou mesmo, de apurar o efetivo índice de lucratividade da empresa sob análise, o perito tem os dados para quantificar o valor do Lucro Líquido Anual e, utilizando o Método Quântico calculará o valor do Fundo de Comércio.
Exemplo: Receita Líquida anual ou a média dos 3 ou 5 últimos exercícios sociais: $ 600.000,00
Índice de Lucratividade: 25%
O valor do Lucro Líquido anual ou da média dos 3 ou 5 últimos exercícios sociais é: 0,25 x 600.000,00 = $ 150.000,00.
Calculando pelo Método Quântico e considerando t = 5 anos e a taxa de retorno igual à 15,00% a.a.; (não confundir esta taxa de retorno com o índice de lucratividade).
Fundo de Comércio =
Calculando, =
Somando, teremos o valor do fundo de comércio = 502.823,54
Simbolicamente podemos expressar e calcular o fundo de comércio:
Número de Exercícios Sociais – t – como já exposto, por definição, t = 5 anos.
Nas análises para o cálculo do valor do fundo de comércio, as vezes este número de exercícios sociais torna-se problema e o Método Quântico tem meios para solucionar este impasse.
Há um caso específico de empresas que terão no futuro, dificuldades para a renovação do contrato de locação. Nestes casos t poderá ser de 5, 4, 3, 2 ou 1 ano e utilizando-se o Método Quântico pode-se encontrar o fator correto para o cálculo do fundo de comércio.
Temos esquematicamente:
Variando t de 1 a 5 e definindo i = 15,00% a.a., encontraremos:
t = 5 3,352; t = 4 2,855; t = 3 2,283; t = 2 1,626 e t = 1 0,870
Ao escolher um destes fatores e multiplicar pelo Lucro Líquido anual já calculado, teremos o valor do fundo de comércio para o tempo que falta para a renegociação do contrato de locação ou a mudança para outro endereço.
RESUMO FINAL
Os bens intangíveis ou incorpóreos nas EPP’s e ME’s, citados para o cálculo do fundo de comércio correspondem, nas grandes e médias empresas, às atividades do planejamento estratégico, cujo universo é aqui citado e ambos são qualitativos e subjetivos.
A quantificação do valor do fundo de comércio toma como base a média mensal dos três últimos exercícios da receita de venda; melhor será se tomar o valor médio dos lucros líquidos dos três últimos exercício sociais. Se utilizar o planejamento estratégico pode tomar o lucro líquido projetado para os próximos 5 exercícios sociais.
Para os adquirentes de EPP’s e ME’s uma boa referência é analisar o índice RSAO da empresa para verificar se poderá melhorar o desempenho da empresa, mesmo que no momento da compra, ela não esteja gerando lucros.
O fator cabalístico de 1 a 4, aplicado nas EPP’s e ME’s, sobre a receita de venda média mensal ou sobre a média dos lucros líquidos dos três últimos exercícios sociais para o cálculo do fundo de comércio, corresponde ao valor obtido pelo método do fundo de caixa descontado para um período t de exercícios sociais, passado ou futuro e a uma taxa interna de retorno i.
Este fator é diretamente proporcional a t e inversamente proporcional a i.
Quanto t for igual a 5 e i for igual a 15% a.a., este fator cabalístico é 3,3.

Dr. Pedro Schubert
Autor, Consultor e Sócio Fundador da BMA Informática

Nenhum comentário:

Postar um comentário