domingo, 20 de outubro de 2013

PARA REFLETIR, MUDAR E AGIR



Naturalmente, somos tentados a negar, tanto na teoria quanto na prática, a riqueza e a fecundidade dos conflitos. Daí a existência do diálogo, que significa o esforço mútuo que objetiva chegar, mediante a palavra, a um consenso. Neste sentido, é salutar uma discussão construtiva na qual ninguém possui a palavra final nem tampouco é proprietário exclusivo de princípios intangíveis e a refutabilidade se define como uma espécie de contrato social garantindo a livre circulação do pensamento.

Cada domínio do saber deve ser julgado segundo seus próprios méritos e interrogado sobre seus próprios objetivos.

Os juízos dizendo respeito a esses objetivos são relativos à determinada situação social, vez que inexiste uma concepção universal e eterna da ciência ou de uma metodologia a serviço de seus objetivos. Não dispomos de nenhum meio para atingir esse estágio e nada nos autoriza a aceitar ou a rejeitar um conhecimento pela simples razão de conformar-se ou não com determinado critério didático ou sob qualquer outro pretexto.

A posição mais sensata caso desejemos nos pronunciar sobre esta ou aquela atuação do Docente na disseminação do conhecimento, seria a de nos interrogar sobre seus objetivos, procurar saber se a metodologia adotada conseguiu alcançá-los ou não e conhecer os fatores que agiram em seu desenvolvimento. Somente então, teremos condições de avaliar se a visão do Docente é ou não desejável e avaliar até que ponto seus métodos lhe permitem atingir seus objetivos bem como julgar os interesses aos quais eles servem.

Sou frontalmente contra a mediocridade, principalmente quando a mesma se transforma em ceticismo e passa a adotar uma atitude de dúvida permanente, passando a negar a possibilidade de podermos conhecer algo mais. – Principalmente se este “algo mais” refletir de forma incisiva na construção da nossa vida profissional.

Se não nos resignamos a tal postura, é porque, apesar de tudo, continuamos acreditando que a ciência se nos apresenta como um saber de múltiplas facetas, conservando, independentemente da didática adotada, sua mais profunda coerência cuja finalidade precípua sempre foi e continua sendo a evolução das ideias.

É fato, que o conhecimento científico é condicionado por outros interesses que não os da própria razão. Portanto, longe de constituir uma abstração rígida, uma “concepção obrigatória”, funda-se no pressuposto segundo o qual o ser humano, apesar de todas as suas diferenças, pode e deve se comunicar. De um modo mais preciso, esta faculdade deve ser entendida como uma tarefa, portanto, como um dever que os indivíduos assumem de se compreenderem uns aos outros e antes de proferirmos qualquer juízo de razão, antes da análise de qualquer conteúdo, regras, normas e atitudes, devemos lembrar que a comunicação é sempre possível e deve ser priorizada.

Por vezes, o discente, adota a postura de não se transformar, não mudar de contexto, daí a origem da provocação docente, explicitando o que o discente apenas insinuou vagamente, já que a crítica é uma ferramenta poderosa de intervenção quanto à reação negativa do estímulo à mudança a que o aluno já se acostumou e opera com argumentos e discussões sublinhando o caráter hipotético de todo o saber. Os alunos que adotam esta postura estão por demais convencidos dos seus pontos de vista e não conseguem vislumbrar novas e potenciais alternativas.

Para estes, se imaginem no futuro como presente. Abandonem as incertezas e passem a lidar com riscos determináveis. Quanto aos efeitos, relacionados aos frutos dos vários conteúdos apreendidos, se não forem positivos, tornar-se-ão apenas “mais um conteúdo apreendido”, porém, se ao contrário, provocarem estímulos importantes às suas vidas, no âmbito pessoal e profissional, então foi uma intervenção importante, útil e profícua, indutora da evolução, pois age-se como se age porque espera-se uma vantagem futura e o presente é apenas um limiar para diferenciar o passado e o futuro.

Espero que este texto encontre eco no coração de todos os meus alunos e concluo, citando José de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro: “Só a ignorância aceita e a indiferença tolera o reinado da mediocridade”.

Prof. Marcos Mascarenhas

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