Lançado com o objetivo de impulsionar a economia do Reino Unido, o programa de habitação “Help to Buy” (ajuda para comprar) - uma espécie de “Minha Casa, Minha Vida” britânico - colocou em alerta o Banco Central do País (Bank of England) para o risco de uma bolha imobiliária. O esquema tem sido apontado por especialistas como o responsável pela alta dos preços dos imóveis neste ano, que atingiu o patamar de 5,8% até outubro (o maior índice desde 2010), e gerou críticas da oposição, que teme endividamento da população em longo prazo.
Entretanto, as facilidades para adquirir imóveis agradaram a classe média, que agora pode dar início ao processo de compra da casa própria com uma entrada de apenas 5% do valor do total. Pelo programa, o governo se compromete a emprestar 20% do valor do imóvel, que pode custar até 600 mil libras esterlinas (cerca de R$ 2,9 milhões), sendo que o restante pode ser hipotecado. Apenas quem não possui uma casa ou quem comprovar que irá usar o imóvel como residência (e não para aluguel) pode ser beneficiado.
Em vigor desde abril deste ano, o programa era inicialmente voltado apenas para a compra de imóveis recém-construídos, como uma forma de estimular a construção civil no país. Desde outubro, porém, o “Help to Buy” foi expandido para a compra de imóveis usados - o que motivou ainda mais críticas. Para a oposição, trata-se de uma manobra “eleitoral” do primeiro-ministro David Cameron (partido Conservador), de olho na eleição de 2015. Já economistas alertam para o risco de a procura ser maior que a oferta, o que provocará um aumento ainda maior dos preços dos imóveis.
“O objetivo é bom, do ponto de vista social. Mas, se o esquema apenas impulsionar a demanda por casas, isso pode provocar um aumento ainda maior dos preços do setor imobiliário, o que irá diminuir a capacidade de poder aquisitivo da população”, alertou José Viñals, diretor do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais do FMI (Fundo Monetário Internacional), em declaração feita em outubro, quando o programa foi expandido na Inglaterra.
O economista John Fender, professor e pesquisador do Departamento de Economia da Universidade de Birmingham, concorda com a avaliação da instituição monetária e alerta que o programa deve provocar não só o aumento dos preços dos imóveis, mas dos aluguéis também.
“Leva um tempo para que novas casas sejam construídas e, em algumas cidades, já não há mais tanta oferta. Então o sucesso do programa causará, inevitavelmente, o aumento dos preços dos imóveis”, avaliou o especialista, em entrevista a Opera Mundi.
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