
Os números de crescimento são da consultoria ITC Net, e estão de acordo com a opinião dos organizadores da Feira Internacional da Construção (Feicon). A previsão do setor é de crescer 8,6% este ano, e passar longe de uma desaceleração, e seguir acima do Produto Interno Bruto (PIB). "Essa ebulição deve resultar em um crescimento 3% acima do PIB", disse Liliane Bortoluci, diretora da Feicon.
Outro termômetro vem do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). Segundo Sergio Watanabe, presidente da entidade, é possível estimar um crescimento de 6%, revisto depois do bom desempenho registrado no segundo trimestre. "Estes dados confirmam o nível de atividade expressivo da construção em 2011, que já havíamos captado pelos números de emprego gerados e movimentação do setor, muito superior a 2010."
Prova concreta do cenário de bons números e perspectiva de crescimento vem da construtora Lopes (Grupo LPS), que bateu neste último trimestre recorde, com um Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$ 5 bilhões, uma alta de 44%. O grupo, que detém as marcas Lopes, Pronto, Habitcasa e Patrimóvel e LPS Brasil, registrou o lucro líquido de R$ 45,9 milhões entre abril e junho, um crescimento de 72% frente ao mesmo período de 2010.
Para Marcello Leone, diretor de Relações com Investidores do Grupo LPS, o número atingido foi impulsionado não só pelo crescimento da empresa e das estratégias de racionalização de custo e eficiência, mas pelo lucro resultante do recebimento da primeira parcela de bonificação referente ao acordo da CrediPronto, joint venture entre Lopes e Itaú para financiamentos imobiliários, no valor de R$ 30,9 milhões.
No caso da empresa Brookfield, que figura entre as maiores incorporadoras do Brasil, o segundo trimestre do ano gerou crescimento nas vendas de 70,4% em relação ao primeiro trimestre, totalizando R$ 1,1 bilhão. Nos seis primeiros meses do ano, as vendas contratadas atingiram R$ 1,7 bilhão, representando 43% do da estimativa para 2011.
Para este ano, o foco da empresa, de acordo com o presidente do grupo Nicholas Reade está focado na classe média, que representou 54% das vendas nos primeiros seis meses de 2011. "Isso mostra que a estratégia adotada este ano pelo grupo surtiu resultado", diz. Os lançamentos alcançaram o patamar de R$ 746 milhões, o que representa um incremento de 60,1% na comparação com o trimestre anterior.
No primeiro semestre de 2011 a empresa lançou R$ 1,2 bilhão em empreendimentos, um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Desses lançamentos, 58% foram nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e 30% na Região Centro-Oeste. "Continuaremos a focar as operações nestas regiões, que correspondem à maior parte do mercado imobiliário brasileiro. Estamos sempre em busca de melhorar a rentabilidade, ao mesmo tempo em que avaliamos constantemente a alocação mais apropriada do nosso capital", diz o presidente da Brookfield Incorporações, Nicholas Reade.
Cuidado
Apesar de positivos os números, na comparação ano a ano, a empresa viu seu lucro líquido do segundo trimestre (de RS 78,2 milhões) cair 42,8% sobre o ganho obtido um ano antes, e por isso reduziu suas projeções de lançamentos. Diferente do que parece, de acordo com Reade, a Brookfield decidiu reduzir a taxa de crescimento de novos lançamentos para "manter a flexibilidade financeira". As estimativas de lançamentos para 2011 caíram de R$ 4,75 bilhões para cerca de R$ 4 bilhões. Para 2012, as projeções de lançamentos passaram de R$ 5,25 bilhões para R$ 4,25 bilhões.
Para Fernando Marceleñas, professor de Macroeconomia da Unip, esse número não afeta o otimismo do mercado de construção brasileiro. "Esse número já é quase 40% maior do que o lançado em 2010, e isso é uma média que não se atinge numa construtora em quase país algum", disse. Para o acadêmico, as empresas fizeram muitas previsões em 2010 que não serão concretizadas, pois o mercado não aguenta tantos lançamentos, "mas isso não é sinal de desacelaração. É preciso inteligência e cautela", disse.
Fonte: Paula Cristina /10.000Construção/DCI
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