segunda-feira, 12 de maio de 2014

SETOR IMOBILIÁRIO DESACELERA NOS EUA


O setor imobiliário dos Estados Unidos está perdendo fôlego e pode impedir uma maior recuperação da economia norte-americana neste ano, preveem economistas. O segmento foi afetado pelo inverno rigoroso e pelas nevascas no país no primeiro trimestre, mas os especialistas destacam que a disparada dos preços dos imóveis e os custos mais altos das hipotecas também estão contribuindo negativamente para os fracos números de vendas de residências.

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Janet Yellen, voltou a falar em depoimento no Congresso dos riscos do desaquecimento do setor imobiliário para a economia. Ela havia se mostrando otimista com a recuperação da atividade após o fraco primeiro trimestre, mas preocupada com os efeitos da desaceleração das vendas de imóveis.

Os economistas já apostam que a contribuição do setor imobiliário dos EUA para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano vai ser menor que em 2013. A economista do Bank of America Merrill Lynch, Michelle Meyer, estima que o segmento vai contribuir com apena 0,1 ponto porcentual, na comparação com 0,4 ponto em 2013. "Mesmo assumindo uma melhora na construção e nas vendas de residências nos próximos meses, o setor imobiliário não vai contribuir para o avanço do PIB como no ano passado", disse ela.

A desaceleração do setor pode ser vista em alguns números recentes. Os investimentos em residência tiveram contração de 5,8% no primeiro trimestre, o segundo período consecutivo de queda, depois de caírem 7,9% no quarto período de 2013. O recuo retirou 0,2 ponto porcentual da expansão do PIB de janeiro a março, que mostrou economia praticamente estagnada, crescendo apenas 0,1%.

As permissões para a construção de moradias, que sinalizam como serão os investimentos do setor nos próximos meses, caíram 1,7% em março ante fevereiro. Nas vendas de residências, o comércio de novas moradias caiu 14,5% em março. Já as vendas pendentes de residências, quando o consumidor mostra interesse de compra, mas o contrato final não foi fechado ainda, subiram 3,4% no mesmo mês, mas a economista do BofA chama atenção para o fato de que elas estão crescendo de um nível muito baixo, pois caíram 15% de junho a fevereiro.

Os próprios empresários do setor parecem não estar muito empolgados. O índice de confiança das construtoras dos EUA fechou abril em 47, pouco acima dos 46 pontos de março, segundo a Associação Nacional das Construtoras de Casas (NAHB, na sigla em inglês). O índice ficou abaixo do esperado pelos economistas, que previam o indicador em 50. Além disso, pela metodologia, números abaixo de 50 indicam que há mais construtoras que consideram as condições do mercado "ruins" do que "boas".

Para o economista-chefe do RBC Capital Markets, Tom Porcelli, as vendas fracas de imóveis são mais reflexo de demanda desaquecida, por conta dos preços em alta, do que por uma questão de oferta. "Ficou 22% mais caro comprar uma casa agora do que há um ano", disse ele, destacando que a recuperação do setor de construção no pós-crise foi basicamente puxada por investidores, comprando imóveis em busca de rentabilidade, e pelas classes de alta renda.

O setor de construção é um dos mais expostos ao inverno e às nevascas, que desestimulam as pessoas a saírem de casa para olhar imóveis e também afeta os espaços abertos das obras. Mas o economista do HSBC para os EUA, Kevin Logan, destaca que tem ficado claro que outros fatores, além do inverno, estão pesando negativamente na recuperação do setor. Ele cita a alta de dois dígitos nos preços das residências e o aumento dos custos das hipotecas.

O financiamento imobiliário nos EUA tem ficado mais caro desde meados do ano passado, quando a expectativa de mudança da política monetária do Fed levou a uma alta das taxas dos títulos do Tesouro do país, repassadas para estes empréstimos. Para Logan, a perda de fôlego do setor imobiliário provavelmente vai limitar uma maior expansão da economia neste ano. A previsão é que o PIB cresça por volta de 2,5%.

Fonte: Estado de Minas

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