Entre os primeiros trimestres de 2013 e 2014 ocorreu uma diminuição de 26,6% nos novos lançamentos, para 3,9 mil imóveis, e de 45,5% nas vendas, para 3,7 mil unidades, segundo a Pesquisa Mensal do sindicato da habitação (Secovi). A diferença entre a oferta e a comercialização é pequena. Cabe questionar se isso ocorreu porque a oferta diminuiu ou se o enxugamento das duas pontas do mercado foi determinado pela piora do ritmo de atividades.
Quanto ao ambiente econômico, não há dúvida de que ele afeta empresas - que, em casos de dificuldades, adiam lançamentos. Os mutuários finais avaliam melhor seu orçamento dada a inflação persistente e o represamento de preços (derivados de petróleo, energia elétrica, passagens de ônibus), indicando que, em 2015, uma inflação alta poderá afetar o salário real. Por ora há emprego, a renda efetiva da maioria das categorias de trabalhadores é preservada, mas a confiança já caiu.
Neste ano, um conjunto objetivo de fatores vem pressionando o mercado, como o excesso de feriados, as dúvidas relativas ao Plano Diretor e as incertezas quanto à evolução dos preços dos imóveis. Como os preços parecem tender à estabilidade, é compreensível que os compradores prefiram adiar a compra ou tentem adquirir o bem a preços mais baixos. Isso justifica vendas menores.
Mas há indicadores de que o mercado preserva vitalidade, como o ritmo de financiamentos com recursos das cadernetas de poupança, que aumentou 4,5% entre março de 2013 e março de 2014, atingindo R$ 8,3 bilhões, com uma redução de apenas 1,6% no número de unidades, de 38,1 mil para 37,6 mil imóveis. Nos últimos 12 meses foram financiadas 550 mil unidades, um número recorde.
Além disso, grandes construtoras têm demonstrado otimismo quanto ao futuro. A coordenadora de estudos da construção da Fundação Getúlio Vargas, Ana Maria Castelo, nota que o mercado está mais "pé no chão", após um ano excepcionalmente favorável.
No início deste ano, algumas incorporadoras chegaram a anunciar feirões de venda, oferecendo desconto aos compradores para cortar estoques. Essa política agora é adotada com mais cautela.
Se há de fato pessimismo exagerado, como vê o presidente da associação de classe Abramat, Walter Cover, a recuperação será mais fácil após as eleições, quando o próximo presidente revelará como quer reforçar a economia e a confiança.
Fonte: Estadão
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