Após enfrentar um período de crise entre 2015 e 2017, o mercado imobiliário vinha mostrando sinais de recuperação ao longo de 2019, trazendo boas perspectivas para 2020. Entretanto a chegada do coronavírus ao Brasil impôs grandes mudanças de planos, paralisando negócios e muitos setores da economia. Contrariando essa tendência, o ramo de imóveis vem mostrando resiliência com sinais de recuperação desde o fim do segundo trimestre do ano passado.
Diferentes motivos explicam esse aquecimento. No contexto nacional, a alta disponibilidade de crédito foi um incentivo para que os consumidores buscassem um imóvel -- segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 2020 teve um crescimento de 57,5% nos valores financiados em comparação com o ano anterior.
Além disso, os juros baixos facilitaram o lançamento de empreendimentos ao mesmo tempo em que atraíram compradores e investidores, que viram na aquisição de imóveis ou de fundos imobiliários uma opção com melhor rendimento e segurança do que outras modalidades de aplicação financeira.
No cenário microeconômico, a pandemia gerou um efeito sobre a moradia e a relação com a residência: ao praticar o isolamento social e ter que ficar mais tempo dentro de casa, muitas vezes trabalhando à distância, as pessoas passaram a valorizar diferentes atributos, que antes podiam ter menor importância.
De acordo com os dados da 4ª rodada da “Pesquisa da Influência do Coronavírus no Mercado Imobiliário Brasileiro” realizada pela DataZAP+, área de inteligência imobiliária do ZAP+, 62% dos entrevistados apontaram como relevante um imóvel com ambientes bem divididos, enquanto 45% disseram que era importante ou muito importante morar em uma casa. Esse desejo de mudança impulsionou os mercados de locação e compra e também de reforma -- é bastante provável que você ou algum dos seus vizinhos tenha feito uma obra durante a pandemia.
O reflexo dessa maior demanda por itens de construção civil foi, claro, o aumento de preços. Mas isso é assunto para um outro texto. Por ora, vamos analisar o que a pandemia trouxe de mudanças para o mercado imobiliário, e como isso deve afetar o futuro.
O mesmo isolamento social que acentuou o desejo por residências diferentes também fez com que o setor precisasse se digitalizar, acelerando um processo que ainda caminhava de maneira um pouco lenta. A disponibilidade dos anúncios em plataformas de compra e venda ganhou importância, assim como fotos de qualidade e descrições completas, oferecendo ao consumidor desde o início do processo de busca mais informações que apoiassem a tomada de decisão.
Na 4ª rodada da pesquisa sobre a influência da pandemia no país, compradores e locatários disseram que entre as medidas mais utilizadas para encontrar um novo imóvel estavam a visualização de fotos profissionais, a busca do endereço completo (incluindo rua, número e bairro) e o uso de filtros específicos para encontrar o imóvel ideal.
Porém o fornecimento do endereço completo também foi citado pelo mesmo grupo como a principal melhoria a ser feita. Isso nos indica que, apesar de o mercado passar a trabalhar com recursos digitais durante a pandemia, há espaço para desenvolvimento e utilização mais produtiva dessas ferramentas.
Outro dado curioso do levantamento é que 57% dos respondentes disseram ter visitado presencialmente um imóvel, estande de vendas ou apartamento decorado nos últimos três meses, apesar de 53% terem afirmado sair de casa somente “para serviços essenciais”. Ou seja, conhecer um imóvel “ao vivo” não só é percebido como indispensável mesmo durante a pandemia como também é algo que parece não ser substituível por meio de visitas virtuais.
Da mesma maneira, os profissionais do mercado imobiliário responderam na pesquisa da DataZAP+ sobre as transformações tecnológicas no setor que a vistoria online de imóveis e ferramentas que mostram o local mobiliado devem cair em desuso após a pandemia.
Mas o que seguirá em alta? A utilização de fotos profissionais, queridinha de compradores e locatários, é também o recurso mais citado pelos profissionais como tendência a ser mantida por 67% deles.
Na sequência, 64% afirmaram que vão seguir ampliando a disponibilidade de mais opções de imóveis nos portais e/ou sites próprios, ressaltando a importância de ter um portfólio digitalizado e de fácil acesso. Já a realização de videochamadas e a assinatura de contratos digitais continuarão a ser usadas segundo 53% dos respondentes.
Fonte: EXAME
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