O arquiteto Sidney Quintela é baiano e tem mais de 2 mil projetos espalhados pelo Brasil, África e Europa. Na Bahia, ele assina 90% dos projetos de empresas de construção civil. Foto: Marina Silva
Natural de Feira de Santana, no interior da Bahia, aos 40 anos, o arquiteto e urbanista Sidney Quintela está no topo do mundo. Ele já assinou projetos em dez estados brasileiros além de países da Europa, África e América. Em 15 anos de atuação no mercado, o feirense já assinou – junto com sua equipe que hoje é composta por cerca de 50 profissionais – mais de 2 mil projetos. Em conversa exclusiva com o Correio Imóveis, Quintela contou sobre suas inspirações, visibilidade internacional, além de outros aspectos da construção civil.
“Realmente, não tenho como avaliar o meu crescimento profissional nestes 15 anos, o fato é que consegui construir uma equipe que acredita na arquitetura que fazemos e que sempre busca fazer o melhor para os nossos clientes e para as cidades e países em que atuamos, e obviamente, tenho uma grande capacidade de resignar”, conta o profissional que é diretor da SQ+ Arquitetos Associados, seu escritório de arquitetura.
Atualmente, cerca de 90% das empresas que atuam no mercado imobiliário baiano estão na carteira de clientes da SQ+. A marca dele torna-se sinônimo de sucesso de vendas. “Muitos dos empreendimentos vendem todas as unidades antes mesmo do lançamento – como é o caso dos edifícios Panorama e Villa Santo Antonio, na Barra”, destaca.
Apesar da expansão nacional e internacional, a sede da empresa é em Salvador – em um charmoso e sustentável prédio na Ladeira da Barra. “Sou feliz aqui em Salvador, tenho minha família aqui, tenho muitos amigos, tem a magia da nossa cidade, enfim, tem uma energia que me faz sentir bem e quero de alguma forma ajudar a melhorar a qualidade de vida na nossa cidade, que é uma das mais lindas do nosso país”, destaca o profissional que elege como o melhor da cidade a Baía de Todos os Santos e o pior, a insegurança nas ruas.
A SQ+ foi fundada em 1999 e possui filiais em São Paulo, Lisboa (Portugal). Além disso, através da SQ+ internacional, o escritório tem representação também nos Estados Unidos, Itália, Espanha, Suíça, Angola e Moçambique.
Sidney saiu de Feira de Santana para a capital quando tinha 16 anos. Mas, não esquece da cidade de origem. “Tenho uma relação de carinho, tenho lá grandes amigos e muitas recordações da infância, visto que saí de lá aos 16 anos, quando me mudei para Salvador. E profissionalmente tenho desenvolvido alguns projetos relevantes para o mercado imobiliário de Feira de Santana, e até o momento, todos obtiveram grande êxito, o que para mim é uma felicidade muito grande”, ressalta.
Uma marca registrada da sua carreira de arquiteto é o emprego de esquadria piso/teto, que reduz a quantidade de paredes na fachada e ainda aumenta a quantidade de luz natural e de ventilação. “Com esta característica que está presente em 99% dos nossos projetos, buscamos a maior utilização da iluminação e ventilação naturais e uma maior leveza na arquitetura, além de proporcionarmos aos usuários uma maior relação com o entorno, ou seja, fazemos de forma que a área de convívio visual do usuário se amplie para a área externa, crescendo assim a relação dele com o espaço, aumentando o conforto inconscientemente”, ressalta.
Confira a entrevista completa com Sidney Quintela:
Construtoras e incorporadoras têm encontrado cada vez mais dificuldade para encontrar terrenos para construir grandes empreendimentos. Como adequar os projetos a essa realidade?
A função da arquitetura é exatamente esta, criar soluções que se adequam à realidade, buscando a melhor viabilidade econômica/financeira possível e promovendo a qualidade de vida das pessoas, seja no trabalho ou em casa. Encontrar essas soluções é sempre o ponto de partida de todos os projetos da SQ+. Esse foco humanista, que reconhece que o local onde se vive impacta até nas relações interpessoais e no humor, está erguido sobre quatro pilares: dimensionamento do espaço, conforto arquitetônico, abundância de iluminação e ventilação naturais e acústica. Os projetos buscam entender o ser humano, saber como aquele público determinado vive, conhecer o que ele gosta e traduzir isso no espaço.
A marca SQ+ é sinônima de projetos de sucesso, principalmente na realidade da construção civil da Bahia. Muitos projetos de empreendimentos de alto padrão têm sua assinatura. A que você atribui o sucesso desses imóveis?
Atualmente, cerca de 90% das empresas que atuam no mercado imobiliário baiano estão na carteira da SQ+. Muitos dos empreendimentos vendem todas as unidades antes mesmo do lançamento – como é o caso dos edifícios Panorama e Villa Santo Antonio, na Barra. A SQ+ tem casas construídas em todos os condomínios residenciais de bom padrão da Bahia e estes imóveis são sempre muito valorizados para revenda em relação a similares no mesmo local.
A maioria de projetos desenvolvidos por você é de alto padrão? Tem vontade de trabalhar em ideias para outros segmentos da construção a exemplo do que você fez no Viver Bem Itaparica (Minha Casa Minha Vida)?
Para nós, arquitetos, o que importa é o desafio de fazer algo relevante, independentemente do público alvo. O que nos motiva é exatamente fazer o melhor possível para cada cliente, atendendo as suas necessidades e conferindo ao projeto o melhor custo benefício possível. A real intenção é sempre poder melhorar a qualidade de vida das pessoas que utilizarão os empreendimentos da nossa empresa.
Quais os projetos que você pretende desenvolver ao longo desse ano e em 2015. Há novos empreendimentos sendo projetados por você na Bahia?
Neste momento estamos desenvolvendo diversos empreendimentos para serem lançados em 2015, dentre estes estão sendo trabalhados empreendimentos comerciais, residenciais e hoteleiros.
Em 15 anos de trabalho, você junto com sua equipe já desenvolveu cerca de dois mil projetos. O que evoluiu no seu traço e nos seus projetos nesse tempo?
A cada projeto que desenvolvemos, aprendemos mais. Aprendemos com os incorporadores, com os engenheiros, com os publicitários e, sobretudo, com os usuários dos empreendimentos entregues, de quem sempre pegamos as impressões daquilo que realmente foi relevante em cada projeto.
Qual projeto você elegeria como o mais importante da sua carreira? Por quê?
Não acredito na importância pontual na carreira de um prestador de serviços, e sim na relevância do conjunto da sua atuação, portanto, penso que o mais importante é a construção de um histórico construído nestes últimos 15 anos, em que sempre perseguimos a melhoria constante nos nossos projetos e em nosso atendimento aos clientes.
A palavra sustentabilidade tem sido cada vez mais cobrada como fundamental em todo e qualquer projeto independente do tipo. Como insere esses conceitos no seu trabalho?
É impossível pensar um projeto sem pensar em sustentabilidade, obviamente que, não conseguimos ainda implementar todos os conceitos de sustentabilidade em 100% dos nossos projetos, visto que ainda temos dificuldade em viabilizar determinadas soluções, devido ao seu custo elevado para implantação, porém, a cada dia esta distância vem diminuindo muito, além da sensibilidade dos clientes para este tema, que está aumentando cada dia.
É possível ir além das questões de coleta seletiva e economia de recursos hídricos para tornar os empreendimentos sustentáveis para seus futuros moradores?
A questão da sustentabilidade vai muito além destas atitudes. A execução da construção já deve ser sustentável, ou seja: a utilização de materiais certificados, a menor geração de resíduos possível, a destinação correta dos resíduos gerados. Bem como em projeto: a captação e reuso da água, a utilização de energias renováveis, a utilização correta dos recursos naturais (iluminação e ventilação naturais), e acima de tudo pensar na sustentabilidade étnica e sociocultural que um empreendimento imobiliário pode proporcionar à comunidade circunvizinha e ou envolvida no processo de construção.
Na Bahia, reclama-se muito da qualificação da mão de obra e dificuldades em encontrar até maquinários para desenvolver os projetos. Qual seria a solução para esses problemas que impactam tanto a construção?
Realmente existem dificuldades do ponto de vista de recursos humanos e tecnologia no mercado da construção civil na Bahia, porém, existe a capacidade técnica nas empresas construtoras aqui instaladas, o que acaba por tornar viável determinadas soluções, pois equipamentos especiais são fáceis de descolar de outras regiões para cá, o problema mesmo seria se não tivéssemos profissionais capacitados para utilizar tais tecnologias.
Hoje seu escritório tem atuação em 10 estados brasileiros além da Europa, África e América. Para um profissional que saiu do interior da Bahia, como foi possível chegar tão longe?
Realmente, não tenho como avaliar o meu crescimento profissional nestes 15 anos, o fato é que consegui construir uma equipe que acredita na arquitetura que fazemos e que sempre busca fazer o melhor para os nossos clientes e para as cidades e países em que atuamos, e obviamente, tenho uma grande capacidade de resignar.
Apesar da expansão nacional e internacional, a sede da empresa é em Salvador. Você mantém a sede na Bahia por quais razões?
Sou feliz aqui em Salvador, tenho minha família aqui, tenho muitos amigos, tem a magia da nossa cidade, enfim, tem uma energia que me faz sentir bem e quero de alguma forma, ajudar a melhorar a qualidade de vida na nossa cidade, que é uma das mais lindas do nosso país.
Qual a sua relação com Feira de Santana, sua cidade natal?
Tenho uma relação de carinho, tenho lá grandes amigos e muitas recordações da infância, visto que saí de lá aos 16 anos, quando me mudei para Salvador. E profissionalmente tenho desenvolvido alguns projetos relevantes para o mercado imobiliário de Feira de Santana, e até o momento, todos obtiveram grande êxito, o que para mim é uma felicidade muito grande.
Quando você teve seu primeiro contato com a arquitetura e surgiu a vontade de ter essa atividade como carreira?
Fui conhecer a Faculdade de Arquitetura da Ufba em 1991, fiz um curso de Desenho de Observação, o que me proporcionou conviver naquele ambiente por 30 dias, e foi exatamente ali que decidi que gostaria de passar os próximos seis anos da minha vida naquele espaço, e no ano seguinte (1992) estava cursando Arquitetura na Ufba.
Fonte: CORREIO