sexta-feira, 5 de maio de 2017

CORRETOR DE IMÓVEIS: TRABALHAR DE GRAÇA É ILÓGICO


Avaliação do imóvel exige conhecimento, pesquisa e tempo do corretor de imóveis

O corretor de imóveis é um profissional que deve ser valorizado. Acreditem, nos dias atuais em que todos exigem eficiência e rapidez, há clientes que acham natural que alguém trabalhe sem remuneração, como se um profissional estivesse sem nada para fazer e o conhecimento dele não tivesse valor. Será que o proprietário do imóvel que solicita uma avaliação a um corretor de imóveis, aceitaria pagar cursos para aprimorar seus conhecimentos, a anuidade do Conselho Regional de Corretores (CRECI), permanecer numa empresa o dia todo, ter despesas com automóvel, gasolina, telefone, para ir ao imóvel e depois fazer uma pesquisa de mercado e entregar a avaliação de um bem para não ganhar nada?

Todas as pessoas valorizam o seu tempo, bem como o conhecimento que adquiriram, como os médicos, odontólogos, engenheiros, advogados, contadores, fisioterapeutas e demais prestadores de serviço, pois eles, como o corretor de imóveis não podem errar, pois podem causar prejuízo ao cliente que solicita sua orientação. E obviamente, nenhum deles trabalha de graça, pois investiram para poder atuar na área que lhe oferece condições de quitar os seus compromissos.

Certamente, o proprietário de um imóvel tem custos a pagar como aluguel, impostos, energia elétrica, água, alimentação, transporte, dentre outros. E assim, obviamente recebe pelo seu conhecimento, por sua prestação de serviços ou pelo que produz.

De forma ilógica, em vários casos a imobiliária e o corretor não recebem pela avaliação, trabalho esse que exige muito tempo com a visitação ao imóvel e com a pesquisa de campo para obter elementos de comparação e fundamentar a indicação do valor adequado. Somente são remunerados quando efetivamente conseguem o cliente para locar ou vender o imóvel. Assumem sozinhos todos os riscos, sendo que em vários casos muitos profissionais abandonam a profissão diante da falta de retorno financeiro.

Isso não é racional, pois tudo tem custo. A ideia de emprego vem sendo substituída no mercado pela de prestação de serviços. Professores, advogados, fisioterapeutas, educadores físicos, mecânicos, técnicos em computação e até os de limpeza doméstica, dentre outros, costumam cobrar por hora de serviço prestado. Nem eletricista, bombeiro hidráulico ou técnicos que consertam eletrodomésticos comparecem à residência sem cobrar uma taxa mínima, em torno de R$80,00, que é exigida caso não seja contratado o serviço, pois seu tempo e conhecimento têm valor. Contudo, a corretagem tem sido exercida com amadorismo, inclusive por diretores de imobiliárias. Basta vermos que desde 2014 diversas corretoras e imobiliárias reduziram drasticamente suas equipes, tendo outras encerrado suas atividades por não terem mensurado seus custos, sendo ilusório manter profissionais trabalhando sem quase nada receber.

Corretor deve se valorizar 

Consiste numa falta de respeito o proprietário de imóvel abusar da boa-fé do corretor que gasta seu tempo para avaliar e depois realiza o negócio sem a sua intermediação para que este não ganhe nada. Estranhamente, esse desrespeito com o corretor conta com a sua colaboração, especialmente quando de forma amadora “avalia” um imóvel por telefone, o que demonstra falta de postura profissional.

Como entender uma imobiliária ou corretora de imóveis que emprega a força de trabalho de sua equipe de graça? Algo está errado! Empresas e pessoas competentes não têm tempo para trabalhar de graça. O corretor deve cobrar pela avaliação e sendo vendido o imóvel esse valor será descontado da comissão.

Elimine o risco da avaliação sem compromisso

Diante da realização de avaliações descompromissadas, constata-se no mercado muitos proprietários de imóveis realizando locações e vendas por valores equivocados, que sendo inferiores ao preço de mercado podem gerar prejuízos em torno de 30%. E outros, diante da obtenção de uma avaliação acima da realidade de mercado ficam anos tentando negociar o bem, perdendo tempo e deixando de realizar a transação por não ter uma orientação profissional compromissada com a eficiência.

Para estimular a imobiliária a realizar uma avaliação primorosa, poderá o proprietário do imóvel pagar por esse trabalho que tem o resultado decorrente de pesquisa. Importante entender que quem define preço do bem é o mercado e não o corretor, pois este não faz milagre. Ao entregar o imóvel para venda ou locação para a imobiliária que confia, é interessante o proprietário combinar que, mediante a conclusão do negócio com o pretendente, a imobiliária descontará da comissão o valor cobrado anteriormente pela avaliação.

Nada mais justo, pois dessa maneira o corretor terá sido remunerado pelo trabalho de apurar o valor do imóvel e ao mesmo tempo o proprietário não terá sido onerado em nada ao efetivar a transação por intermédio desse profissional.

Kênio de Souza Pereira - Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG, Conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário e do Secovi-MG, Professor da pós-graduação da Escola Superior de Advocacia da OAB-MG.
Fonte: Emorar

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