terça-feira, 20 de setembro de 2016

PREÇOS DOS IMÓVEIS OSCILAM EM AGOSTO NAS CAPITAIS


O portal e aplicativo imobiliário Properati e a Hiperdados, plataforma de gestão de informações integradas do mercado, acabam de divulgar o relatório que traz a medição da variação dos preços médios do setor imobiliário no mês de agosto. O levantamento é feito em cima da base de mais de um milhão de imóveis anunciados no Properati.com.br.

De acordo com o indicador de medição de preços do mercado imobiliário Índice Properati-Hiperdados (IPH), os preços dos imóveis de 31 grandes cidades brasileiras seguem, de modo geral, uma tendência de desvalorização. Assim, mesmo as cidades que registraram aumento nos preços médios de seus imóveis neste mês, tiveram uma elevação percentual menor no comparativo com as altas registradas no mês passado. A medição desconsidera a inflação do período.

São Paulo, por exemplo, apresentou uma alta nominal de 0,55% em agosto. No comparativo, em julho o aumento foi de 1,8%, quase três vezes maior que o atual. Vale lembrar que as medições dos meses de maio e junho acumularam queda de 1,63%. Assim sendo, no mês de julho houve uma recuperação nominal do preço na capital, mas essa recuperação ainda está muito abaixo da inflação geral de preço medida pelos índices IGP-M/FGV e IPCA/IBGE.

Já Salvador registrou, em agosto, uma alta nominal de 0,74%. Em julho, o IPH havia detectado um salto de 2,1% nos preços - aumento também quase três vezes maior que o observado no último relatório.

Os imóveis colocados à venda em Porto Alegre, capital gaúcha, seguem em queda livre: a desvalorização média dos imóveis caiu dos 1,9% registrados em julho para 2,29% em agosto. Florianópolis segue o mesmo caminho. Em agosto, os preços caíram em 2,15% - em julho, a queda era de 1,3%.

Contrários à essa tendência geral, os preços dos imóveis de Goiânia e Curitiba seguem em alta. Em Goiânia, o IPH identificou um aumento de 2,25%, e em Curitiba, de 1,62%. Outro caso que chama a atenção é o Rio de Janeiro. A capital carioca, que teve uma queda de 2,1% no valor do seus imóveis em julho, apresentou uma leve alta de 0,15% em agosto.

De acordo com Wagner Dias, Diretor de Operações do Hiperdados, as oscilações nos preços se explicam por fatores recentes. Ele chama a atenção para o fato de que o mercado imobiliário está buscando referências de preços em meio à quebra no ciclo econômico, influenciada pela crise política, a queda no nível de confiança e o encarecimento do crédito imobiliário. "Depois do pior da crise, a economia está passando por mudanças positivas e os donos dos imóveis vão mexendo nos preços de suas propriedades, procurando um meio-termo entre o lucro e a necessidade de vender. Em São Paulo, por exemplo, o período médio para comercializar um imóvel residencial usado atualmente leva cerca de seis meses. Nesse meio-tempo, os proprietários vão testando preços a fim de realizar melhores vendas", explica.

Dias ainda reforça que, embora haja pressão de demanda, as vendas estão estagnadas por conta do alto custo do crédito imobiliário.

Inflação

Considerando a inflação elevada do período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, pode-se presumir que a tendência é de alta nos preços médios dos imóveis das principais capitais do País.

No geral, o IPCA variou 0,44% em agosto - abaixo, portanto, da medição verificada em julho, de 0,52%.

Otimismo

A economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o sexto trimestre seguido de queda na comparação com os trimestres anteriores, maior sequência de resultados negativos já registrada no País. O governo espera que o PIB encolha 3% neste ano e tenha crescimento de 1,6% em 2017.

Do lado do financiamento, o setor produtivo, que inclui o mercado imobiliário, segue de mãos atadas enquanto a taxa de juros é mantida a 14,25% ao ano, emperrando a oferta de crédito. Entre janeiro e julho deste ano, os financiamentos imobiliários totalizaram R$ 26,4 bilhões, valor 47,9% menor do que o apurado no mesmo intervalo de 2015.

Há expectativas, no entanto, de alteração no quadro. O vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, já assegurou que não faltarão recursos para habitação até o final do ano – a Caixa é líder do segmento de crédito habitacional. Ele afirmou, recentemente, que serão aplicados R$ 54 bilhões em financiamentos ao longo desse semestre.

Além disso, com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff (PT) da Presidência e um pacote de ajuste fiscal e reformas estruturais à vista, há uma expectativa de retomada de investimento no setor imobiliário, bem como aumento nas vendas e nos preços dos imóveis.

O grau de otimismo da classe empresarial melhorou: o Índice de Confiança da Construção subiu 1,8 ponto em agosto em comparação ao mês anterior, alcançando 72,5 pontos - o maior nível desde julho de 2015.

Segundo Renato Orfaly, Country Manager do Properati no Brasil, o movimento dos preços indica que o mercado ainda sofre pelo reflexo da atual conjuntura político-econômica e pela alta taxa de juros que encarece e inviabiliza muitos financiamentos. "Mas se tivermos, nos próximos meses, a confirmação desse otimismo econômico que escutamos e uma redução da taxa de juros, aí certamente teremos um cenário positivo para a recuperação definitiva nos preços dos imóveis", afirma.

Fonte: Redação - Agência IN

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