A saúde do mercado imobiliário global após os severos efeitos da Covid-19 pode variar de país para país, e de cidade para cidade, dependendo do tempo e do tipo de isolamento social implantado, e obviamente da magnitude de seus impactos sobre a economia.
Muitos investidores, proprietários, e potenciais compradores de imóveis se perguntam: Quanto essa crise afetará o mercado imobiliário? Os preços dos imóveis devem aumentar ou diminuir? Que tipo de imóveis terão maior ou menor demanda?
No atual momento, ainda com inúmeras incertezas, é muito difícil responder a essas perguntas com exatidão, mas existem fatos que podem dar indicações sobre as possíveis respostas.
No mercado residencial, a crise e seus efeitos podem diminuir por um período indefinido o poder de compra, ou mesmo trazer insegurança aos potenciais compradores em relação ao futuro.
No entanto, não produzirá alterações significativas na demanda, pois o nível de urbanização das cidades segue aumentando, e a taxa de crescimento populacional continua positiva.
Não existem indicações de que os tipos de produtos residenciais com demanda crescente antes da crise alterem sua trajetória. Contudo, dependendo da intensidade e do tempo que a crise estagnar os mercados em cada país, haverá represamento da demanda.
Não havendo condições para produção da oferta necessária no período pós-crise, poderá haver desequilíbrio e, como resultado, pressões por aumento de preços.
A empresa de consultoria inglesa Knight Frank analisou o desempenho do mercado residencial de alto luxo em 20 cidades do mundo, para avaliar o comportamento dos preços pós-epidemia. Segundo o estudo, em 2021 Londres e Lisboa devem ter crescimento dos preços em taxas superiores a 5%.
Com crescimento positivo de preços, mas abaixo de 5%, estão, entre outras, Berlin, Los Angeles, Madri, Melbourne, Paris, Xangai e Viena. Dentre as cidades pesquisadas, em Hong Kong, Mumbai, Cingapura e Nova York deverá haver queda nos preços.
No que diz respeito a imóveis comerciais, setores distintos foram afetados pela pandemia em graus variados. Enquanto áreas como hotelaria e varejo estão enfrentando dificuldades que podem perdurar após a crise, a demanda por espaço de armazenamento e logística deve crescer.
A impositiva adaptação das lojas de varejo ao comercio on-line pode antecipar de forma significativa mudanças que estavam em lenta gestação, impulsionando de forma relevante o mercado imobiliário no que diz respeito ao suporte às áreas de transporte e entrega de mercadorias.
No mercado de escritórios, talvez as mudanças sejam mais acentuadas, em função da experiência das pessoas e das empresas com o distanciamento social.
A situação atual, em que muitos trabalham em casa, acelerará o lançamento e o uso das ferramentas para o trabalho remoto. Com isso, as áreas destinadas ao trabalho serão simplificadas e diminuídas, resultando em escritórios com menores espaços.
Os investimentos imobiliários em âmbito global não devem ser significantemente desacelerados. Uma pesquisa liderada pela equipe de Mercado de Capitais da Cushman & Wakefield francesa, mostra que 66% dos investidores questionados ainda estão presentes no mercado e prontos para comprar ativos, devendo destinar € 47 bilhões para suas futuras aquisições.
Cerca de 2/3 dos entrevistados não mudaram sua estratégia de investimento em função da crise. Os planos mudam quando se trata de alocação de ativos em carteiras, devendo haver um aumento nos imóveis logísticos e residenciais, e uma diminuição nos ativos de varejo.
No caso brasileiro, as baixíssimas taxas de juros, rendimento financeiro em queda e alta volatilidade na bolsa podem levar os investidores a alocarem uma parte maior dos seus ativos no mercado imobiliário.
Já as aquisições relacionadas à demanda por moradia vão depender da capacidade da economia e das empresas brasileiras se recuperarem, restabelecendo eventuais empregos perdidos no momento da crise, e possibilitando o retorno do crescimento econômico a níveis relevantes.
Fonte: FOLHA DE S.PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário