A empresa de compra, venda e reforma de imóveis Loft é a mais nova startup brasileira a atingir US$ 1 bilhão em valor de mercado. Com a avaliação, cerca de três vezes maior que a anterior, a companhia tornou-se o 11º “unicórnio” do país - é esse o nome que se dá a empresas novatas, que ainda não entraram em bolsa, mas cujo valor já chega à casa do bilhão. Há dois anos, a 99 tornou-se a primeira dessa lista no país ao ser comprada pela chinesa Didi Chuxing.
A Loft entrou na lista dos “unicórnios” depois de uma rodada de investimento de US$ 175 milhões liderada pela Vulcan Capital, fundo de investimento do cofundador da Microsoft Paul Allen, que faleceu em 2018. É o primeiro investimento do fundo na América Latina. A Vulcan já investiu em empresas como Alibaba, Epic Games, Spotify e Uber.
Andreessen Horowitz, Fifth Wall Ventures, QED Investors e Thrive Capital, Monashees, Valor Capital e Canary, que já tinham investido na companhia em rodadas anteriores, acompanharam o aporte. Com a rodada mais recente, a Loft soma US$ 273 milhões captados até agora. Os novos recursos serão usados para financiar a expansão da companhia.
De acordo com Mate Pencz, cofundador e copresidente da Loft, a companhia estava em busca de um investidor com perfil de prazo mais longo que os fundos de “venture capital” tradicionais. Além disso, a Vulcan tem experiência no mercado imobiliário - é o maior investidor em imóveis na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, o que vai ajudar a Loft em seu atual estágio.
“A empresa está chegando a um patamar de maturidade, mostrando tração”, diz Pencz. A Vulcan não terá assento no conselho da Loft (será apenas observadora). “Eles têm um perfil de pouca interferência no dia a dia dos negócios”, afirma Pencz.
A Loft iniciou suas atividades em agosto de 2018, em São Paulo, com foco no segmento de alto padrão e imóveis de mais de 100 m² no Itaim e nos Jardins, bairros nobres da capital paulista. Aos poucos, a empresa vem ampliando seu alcance. Atualmente, os imóveis com menos de 100 m² representam mais de um quarto dos anúncios e o inventário cresce três vezes mais rápido.
Em termos de alcance, são 24 bairros atendidos na capital paulistana, com expectativa de chegar em breve ao Rio e à Cidade do México. Neste ano, também há planos para desembarcar em Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.
O modelo de negócios da Loft baseia-se no ganho com o “spread” obtido na compra e na venda das propriedades. As operações sempre passam por um corretor de imóveis. Recentemente, a empresa lançou um modelo de permuta, em que mesmo um imóvel situado em um bairro ainda não atendido por ela pode ser usado como parte do pagamento.
A Loft gerou mais de US$ 150 milhões em receitas considerando os números anualizados de dezembro e transacionou mais de 1 mil apartamentos no ano passado.
Para comprar os imóveis a Loft tem R$ 550 milhões disponíveis em dois fundos de investimento imobiliário captados em 2018 e 2019. De acordo com Pencz, o terceiro fundo está em fase de estruturação. “O perfil do negócio fica mais previsível com a expansão e o acesso a mais dados, que ajudam a melhorar a assertividade na precificação e nas vendas [usando inteligência artificial]. Com isso dá para criar estruturas de capital mais complexas, acessar o mercado de capitais de outras formas”, diz o executivo.
Pencz afirma que a companhia tem investido na diversificação de receitas com serviços como que incluem reforma, decoração e intermediação de financiamentos imobiliários. Ao todo, são oferecidos 30 tipos de serviços, atualmente. “As pessoas querem comodidade”, diz. A Loft está testando um novo serviço que permite mudar a titularidade de contas sem necessidade de entrar em contato com diversas empresas.
Outra área de investimento é o uso de tecnologias que permitem realizar reformas mais rápidas e “limpas”, sem quebrar tanto os imóveis. Em novembro, a Loft comprou a Decorati, que atua nesse segmento. Foi a segunda transação feita pela Loft, que já havia incorporado a Spry, empresa especializada em pesquisa de mercado.
Segundo o presidente da Loft, novas aquisições podem vir a ocorrer, mas não há nada em vista no momento.
Fonte: VALOR ECONôMICO
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