A BR Distribuidora planeja vender ao menos parte dos imóveis que possui e que atualmente estão alugados. A maioria é de terrenos onde estão instalados postos com a bandeira da empresa. Ontem, em teleconferência com analistas, embora tenha evitado dar estimativa de quanto pode ser levantado pela companhia, o diretor executivo financeiro e de relações com investidores, André Natal, ressaltou que o valor pode superar R$ 1 bilhão. A afirmação foi feita após pergunta de analista sobre a possibilidade de os imóveis no portfólio da BR alcançarem esse valor.
Atualmente, a BR tem 668 imóveis que podem ser vendidos. Natal disse que há vários tipos de imóveis para venda e que a definição sobre como será o processo não será resolvido “em dois meses”. Nos últimos meses, a distribuidora levantou a situação patrimonial, contratual, judicial e ambiental de cada um e agora será analisada a melhor forma de gerenciar esses ativos.
Para tanto, foi contratada uma empresa para reavaliação dos imóveis. “Há terrenos muito antigos, estamos fazendo a reavaliação de todos. Seguramente é uma base relevante”, disse Natal.
O diretor explicou que a companhia tem um “número surpreendente de imóveis para quem não está no setor de ‘real state’”. “Não é a melhor alocação. Temos que alocar onde temos vantagem competitiva. Não é expertise da BR gerenciar uma carteira de imóveis desse tamanho”, disse Natal, acrescentando que o objetivo é desmobilizar o maior número possível de imóveis.
Natal também ressaltou que o patamar confortável de alavancagem da companhia, medido pela razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), é entre 1 vez e 1,5 vez. No terceiro trimestre, com a queda de 45,4% da dívida líquida, para R$ 2,311 bilhões, a alavancagem recuou para 0,8 vez.
“O nível [de alavancagem] entre 1 vez e 1,5 vez deve ser mantido por alguns anos”, disse Natal.
Para o futuro, o objetivo da companhia passa por manter a participação de mercado sem perder a rentabilidade. O presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, afirmou que a companhia tem rentabilidade em torno de R$ 70 por metro cúbico vendido. O objetivo, ao longo do tempo, é se aproximar dos concorrentes - que conseguem R$ 100 por metro cúbico.
Para Grisolia, esse patamar de rentabilidade que hoje é atingido pelos concorrentes poderá ser superado pela BR Distribuidora ao fim de 2021. “A BR Distribuidora tem condições de ser a mais competitiva, pela escala e logística”, afirmou Grisolia.
O presidente da empresa também destacou que enxerga o negócio “a partir do portão da refinaria”. A afirmação foi feita depois de pergunta sobre a possibilidade de a BR Distribuidora participar do processo de venda das refinarias da Petrobras. “A gente não é produtor”, afirmou Grisolia. “Refino é outra dinâmica, um negócio bem distinto. Vejo de verdade oportunidades importantes para a BR como distribuidora com novos donos de refinaria no futuro”.
Grisolia ponderou que não é totalmente estranho ao mercado a existência de um produtor que atue também no mercado de distribuição. Ele citou inclusive a Raízen, que produz etanol e concorre com a BR na distribuição. Para ele, a partir do momento em que as refinarias hoje nas mãos da Petrobras estiverem em mãos privadas, não está descartado para a BR conseguir vantagens comparativas nas negociações, uma vez que a empresa é a maior compradora do mercado. “Somos o maior cliente das refinarias por definição e não temos tratamento diferenciado por questões históricas válidas”, afirmou.
Fonte: VALOR ECONôMICO
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