Os lançamentos de imóveis residenciais cresceram 4,1% no terceiro trimestre, na comparação anual, segundo informou nesta segunda-feira a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), para 33.199 unidades. As vendas aumentaram 15,4%, para 32.575 unidades, e a participação do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida no total comercializado passou de 47,6% para 50,7%.
De janeiro a setembro, os lançamentos cresceram 10%, na comparação anual, para 94.300 unidades. As vendas de imóveis aumentaram 17%, para 82.044 unidades. No fim de setembro, a oferta disponível de imóveis era de 124.644 unidades, o correspondente a 11,6 meses de vendas.
A CBIC realizou a pesquisa juntamente com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), abrangendo dados de 17 das maiores cidades brasileiras e as regiões metropolitanas de dez capitais. Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, o setor está otimista em relação aos próximos anos em função da queda dos juros, mas há preocupação com o crédito para a baixa renda.
A CBIC estima que os financiamentos com recursos da poupança deverão crescer 27%, neste ano, mas que o crédito originado do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) cairá 11%.
Minha Casa, Minha Vida - A CBIC tem expectativa que o número de unidades das faixas 2 e 3 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida sejam mantidas em 2020, ainda que possa haver redução nos subsídios. “Não acredito que haverá mudanças relevantes para as faixas 2 e 3”, disse o vice-presidente da área imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, acrescentando esperar que os subsídios para famílias com renda mensal de até R$ 2.600 será muito superior àqueles para famílias com rendas maiores.
De acordo com Petrucci, de 40% a 45% das unidades lançadas e vendidas em São Paulo estão relacionadas ao Minha Casa, Minha Vida. O vice-presidente da CBIC ressaltou que o setor está otimista e contou ter expectativa de novas fontes de financiamento com o novo cenário de taxa de juros, mas disse ter grande apreensão com a redução de orçamento do FGTS.
“Sempre haverá demanda por habitação de interesse social, mas estamos vendo destinação de recursos do FGTS para outras áreas que não habitação de interesse social e Minha Casa, Minha Vida”, afirmou Petrucci.
Futuro do FGTS - A CBIC vai se reunir, nos próximos dias, com representantes da equipe econômica do governo para discutir o futuro do FGTS, segundo José Carlos Martins. “O Brasil precisa de regras claras para que se tenha continuidade nos programas. Temos preocupação com o fundo de garantia, cujo orçamento para os próximos anos é decrescente. O financiamento com recursos da poupança está crescendo 30%, enquanto para a baixa renda cai 10%. Não dá para perceber política habitacional em cima disso”, disse.
O representante setorial ressaltou que a maior parte do déficit habitacional está concentrado na baixa renda e que o que se lança de produtos com financiamento do FGTS é vendido. “O setor está lançando, vendendo, mas está faltando financiamento”, afirmou Martins, acrescentando que o setor pretende levar ao governo o que pode ser feito para que não haja problema de oferta futura no segmento.
“O orçamento do FGTS para subsídio em 2022 é um terço do atual e, para daqui dois anos, é metade. As construtoras vão se virar e fazer outro produto, para faixas mais altas, mas nossa preocupação é com o conjunto”, disse o presidente da CBIC.
Questionado sobre o “voucher” para a população de baixa renda de cidades com até 50 mil habitantes que o governo pretende incluir no novo programa habitacional, o representante setorial afirmou que se trata de substituição ao que é hoje a faixa 1 do minha Casa, Minha Vida.
Martins afirmou que essa intenção causa muita estranheza e que é preciso “cometer novos erros” e não repetir “problemas criados no passado”. “Querem fazer voucher para faixa 1 e esquecem de colocar recursos do FGTS para quem quer financiamento”, afirmou o presidente da CBIC. Ele disse ainda que são necessárias regras claras para que haja continuidade nos programas.
Fonte: VALOR ECONôMICO
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