As imobiliárias mundiais finalmente descobriram o Brasil, depois que os incorporadores brasileiros passaram anos investindo intensamente, motivados pelas boas perspectivas de crescimento.
No início desta semana, duas imobiliárias privadas sediadas nos EUA, a The Related Group e a Related Companies, formaram uma joint venture no Brasil e esperam investir US$ 1 bilhão no país nos próximos três anos.
As empresas disseram que a joint venture se chamará Related Brasil.
"O mercado brasileiro é muito atraente e não ficaríamos surpresos se outras construtoras internacionais também entrarem nesse mercado", disse Daniel Citron, diretor-presidente da Related Brasil, em entrevista à Dow Jones Newswires.
Renda mais elevada, desemprego baixo e taxas de juros em declínio animaram o mercado imobiliário no Brasil.
A taxa média de desemprego no Brasil caiu de 6,7% em 2010 para um recorde de 6,0% em 2011, enquanto o salário mensal médio subiu de R$ 1.582,50 para R$ 1.625,46 (US$ 950). A taxa básica de juros, que era alta e enfraquecia o mercado de crédito imobiliário, agora está em 10,5%, perto de um mínimo histórico, com o banco central prometendo mais cortes nos próximos meses. Cerca de 60% das compras de imóveis residenciais envolvem financiamento.
A Related Brasil é a primeira empresa puramente imobiliária a iniciar operações no país. Antes disso, os investidores internacionais obtinham ativos no mercado imobiliário brasileiro adquirindo participações em firmas brasileiras, como imobiliárias e fundos de investimento.
O investimento internacional mais notável do setor nos últimos tempos foi a participação da Equity International, empresa de investimentos de Sam Zell, magnata imobiliário de Chicago, na construtora brasileira Gafisa SA.
A Equity International vendeu todas as suas ações da Gafisa no ano passado, mas já está dando sinais de que quer voltar ao mercado brasileiro. No início de fevereiro, a Gafisa SA disse que tinha recebido uma oferta de aquisição de Sam Zell e do fundo brasileiro GP Investimentos.
A indústria de construção do Brasil cresceu durante os últimos dez anos, e diversas empresas têm ações nas bolsas do país.
"Após a primeira onda de ofertas de ações [por parte de imobiliárias locais] e uma segunda onda de fundos de investimento ligados ao setor imobiliário, creio que estamos começando agora uma terceira onda, em que as construtoras internacionais iniciam suas próprias operações no país", disse Citron.
Embora prevendo a entrada de mais firmas internacionais no Brasil, o executivo também destacou a importância das parcerias com empresas locais.
"Vamos operar aqui no lado da incorporação, enquanto procuramos parceiros no lado da construção", disse ele. "O setor imobiliário no Brasil, e em todo o mundo, é composto de participantes locais, lidando com as realidades locais; então temos de respeitar isso para poder operar."
Embora a Related Brasil tenha dito que vai se concentrar na aquisição de terrenos para construir hotéis, bem como em projetos residenciais e comerciais de classe média e alta em todo o Brasil, Citron disse que o maior foco da empresa será em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Fonte: Rogério Jelmayer
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