As baixas taxas de juros da Europa estão alimentando os crescentes preços dos imóveis residenciais na Alemanha, impondo aos legisladores do país um novo desafio em sua luta para restaurar a saúde financeira da região.
Sinais de um boom nos preços de moradias em partes da Alemanha estão se tornando uma dor de cabeça para o Banco Central Europeu. Pois este, nos últimos dois anos, vem se debatendo para formular uma política única acerca das taxas de juros e do apoio aos bancos, que se aplique a países tão díspares quanto a endividada Grécia e a poderosa Alemanha.
Enquanto grande parte da zona do euro está lidando com dívidas altas, recessão e o estouro de bolhas de crédito, a maior economia do bloco, a Alemanha, enfrenta um problema bem diferente: o seu mercado imobiliário dá sinais de estar inchando.
Os alemães há muito tendem mais a alugar do que a comprar, sendo que a Alemanha tem um percentual pequeno de aquisição de imóveis, se comparada aos Estados Unidos e ao Reino Unido.
Mas baixas taxas de juros e empréstimos baratos do BCE aos bancos reavivaram o dormente mercado imobiliário alemão, elevando a média do preço dos imóveis em 5% no ano passado, o dobro do índice de inflação. Em pequenos municípios na Alemanha, os preços não estão subindo muito, mas, em certas regiões de Berlim e algumas outras cidades, eles apresentaram crescimento de dois dígitos do ano passado para cá.
Desde que a crise da dívida da zona do euro eclodiu, a política monetária do BCE foi largamente voltada a proteger países, como Espanha e Itália, na periferia do bloco, que luta para se reerguer. A Alemanha se beneficiou de um recorde de baixa nas taxas de juros, que impulsionou o investimento empresarial, e de um euro mais fraco, resultado das políticas expansionistas do BCE, as quais ajudaram as exportações alemãs. A economia alemã cresceu 3% ou mais anualmente, nos últimos dois anos.
O BCE não vê os preços dos imóveis residenciais na Alemanha como seu problema específico. Sua função é manter a inflação dos preços de consumo em 2% nos 17 países membros do bloco. Ainda assim, considerando o tamanho da Alemanha, um aumento insustentável nos preços dos imóveis poderia criar um risco para a estabilidade econômica.
A Alemanha ainda não está na zona de bolha, dizem analistas. No entanto, "quando você olha o aumento dos preços na Alemanha nos últimos anos, [...] não é preciso muita ciência para imaginar que, se nós tivermos outro ano com crescimento de 20% nos preços, nós poderemos nos ver diante de uma possível bolha", diz Andrew Groom, diretor de avaliação e transações do grupo de serviços imobiliários Jones Lang LaSalle, da Alemanha.
O banco central da Alemanha, o Bundesbank, está acompanhando de perto os preços dos imóveis residenciais, e pediu ao BCE que comece a se preparar para reduzir gradualmente o empréstimo de 1 trilhão de euros (US$ 1,32 trilhões) a juros baixos que este fez a outros bancos da zona do euro, nas últimas semanas.
Em vista das diferenças na região, a política monetária "pode ser muito expansionista para alguns países, e a Alemanha é um país onde a situação cíclica é muito forte", disse na semana passada o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann.
"Os custos mais baixos de refinanciamento contribuem, juntamente com os bons aumentos de renda e a garantia de emprego, para a demanda por certos bens, e o mercado imobiliário é um exemplo", disse Weidmann. "Isso é algo que temos que vigiar" caso tenha algum efeito sobre a estabilidade financeira do país.
Os economistas estão divididos sobre o que os bancos centrais podem fazer para estourar as bolhas de ativos antes que estas se tornem um problema. O FMI defendeu uma ação preventiva dos bancos centrais contra a subida rápida dos preços dos imóveis. Outros dizem que os bancos centrais não estão bem capacitados para detectar bolhas nos preços de mercado, e poderiam prejudicar o crescimento com um aumento de juros precipitado.
Weidmann sugeriu que, apesar das preocupações com os imóveis residenciais na Alemanha, o BCE está, de modo geral, com as mãos atadas. A maioria dos financiamentos imobiliários do país está vinculada a juros fixos de longo prazo, que são menos sensíveis às políticas do BCE do que os de curto prazo. Weidmann atribuiu aos governos e aos órgãos reguladores bancários o ônus de usar outras ferramentas à disposição deles, tais como impostos e regras sobre empréstimos, para combater a bolha.
"No fim das contas, as políticas nacionais terão que reagir a esses desdobramentos", disse ele.
Desde os anos da hiperinflação, na década de 1920, os alemães têm medo que seu dinheiro perca o valor. À medida que a crise de dívida da zona do euro segue seu curso e os economistas alertam que as medidas de liquidez do BCE podem provocar inflação, os cidadãos alemães comuns têm se refugiado nos imóveis.
"Há uma boa chance de que parte dessa liquidez [vinda dos empréstimos do BCE] vá para o mercado imobiliário [alemão], e que parte disso cause uma bolha. Isso com certeza é um perigo", disse Kai Carstensen, economista do Ifo Institute, um centro de estudos de Munique.
Fonte: The Wall Street Journal
Sinais de um boom nos preços de moradias em partes da Alemanha estão se tornando uma dor de cabeça para o Banco Central Europeu. Pois este, nos últimos dois anos, vem se debatendo para formular uma política única acerca das taxas de juros e do apoio aos bancos, que se aplique a países tão díspares quanto a endividada Grécia e a poderosa Alemanha.
Enquanto grande parte da zona do euro está lidando com dívidas altas, recessão e o estouro de bolhas de crédito, a maior economia do bloco, a Alemanha, enfrenta um problema bem diferente: o seu mercado imobiliário dá sinais de estar inchando.
Os alemães há muito tendem mais a alugar do que a comprar, sendo que a Alemanha tem um percentual pequeno de aquisição de imóveis, se comparada aos Estados Unidos e ao Reino Unido.
Mas baixas taxas de juros e empréstimos baratos do BCE aos bancos reavivaram o dormente mercado imobiliário alemão, elevando a média do preço dos imóveis em 5% no ano passado, o dobro do índice de inflação. Em pequenos municípios na Alemanha, os preços não estão subindo muito, mas, em certas regiões de Berlim e algumas outras cidades, eles apresentaram crescimento de dois dígitos do ano passado para cá.
Desde que a crise da dívida da zona do euro eclodiu, a política monetária do BCE foi largamente voltada a proteger países, como Espanha e Itália, na periferia do bloco, que luta para se reerguer. A Alemanha se beneficiou de um recorde de baixa nas taxas de juros, que impulsionou o investimento empresarial, e de um euro mais fraco, resultado das políticas expansionistas do BCE, as quais ajudaram as exportações alemãs. A economia alemã cresceu 3% ou mais anualmente, nos últimos dois anos.
O BCE não vê os preços dos imóveis residenciais na Alemanha como seu problema específico. Sua função é manter a inflação dos preços de consumo em 2% nos 17 países membros do bloco. Ainda assim, considerando o tamanho da Alemanha, um aumento insustentável nos preços dos imóveis poderia criar um risco para a estabilidade econômica.
A Alemanha ainda não está na zona de bolha, dizem analistas. No entanto, "quando você olha o aumento dos preços na Alemanha nos últimos anos, [...] não é preciso muita ciência para imaginar que, se nós tivermos outro ano com crescimento de 20% nos preços, nós poderemos nos ver diante de uma possível bolha", diz Andrew Groom, diretor de avaliação e transações do grupo de serviços imobiliários Jones Lang LaSalle, da Alemanha.
O banco central da Alemanha, o Bundesbank, está acompanhando de perto os preços dos imóveis residenciais, e pediu ao BCE que comece a se preparar para reduzir gradualmente o empréstimo de 1 trilhão de euros (US$ 1,32 trilhões) a juros baixos que este fez a outros bancos da zona do euro, nas últimas semanas.
Em vista das diferenças na região, a política monetária "pode ser muito expansionista para alguns países, e a Alemanha é um país onde a situação cíclica é muito forte", disse na semana passada o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann.
"Os custos mais baixos de refinanciamento contribuem, juntamente com os bons aumentos de renda e a garantia de emprego, para a demanda por certos bens, e o mercado imobiliário é um exemplo", disse Weidmann. "Isso é algo que temos que vigiar" caso tenha algum efeito sobre a estabilidade financeira do país.
Os economistas estão divididos sobre o que os bancos centrais podem fazer para estourar as bolhas de ativos antes que estas se tornem um problema. O FMI defendeu uma ação preventiva dos bancos centrais contra a subida rápida dos preços dos imóveis. Outros dizem que os bancos centrais não estão bem capacitados para detectar bolhas nos preços de mercado, e poderiam prejudicar o crescimento com um aumento de juros precipitado.
Weidmann sugeriu que, apesar das preocupações com os imóveis residenciais na Alemanha, o BCE está, de modo geral, com as mãos atadas. A maioria dos financiamentos imobiliários do país está vinculada a juros fixos de longo prazo, que são menos sensíveis às políticas do BCE do que os de curto prazo. Weidmann atribuiu aos governos e aos órgãos reguladores bancários o ônus de usar outras ferramentas à disposição deles, tais como impostos e regras sobre empréstimos, para combater a bolha.
"No fim das contas, as políticas nacionais terão que reagir a esses desdobramentos", disse ele.
Desde os anos da hiperinflação, na década de 1920, os alemães têm medo que seu dinheiro perca o valor. À medida que a crise de dívida da zona do euro segue seu curso e os economistas alertam que as medidas de liquidez do BCE podem provocar inflação, os cidadãos alemães comuns têm se refugiado nos imóveis.
"Há uma boa chance de que parte dessa liquidez [vinda dos empréstimos do BCE] vá para o mercado imobiliário [alemão], e que parte disso cause uma bolha. Isso com certeza é um perigo", disse Kai Carstensen, economista do Ifo Institute, um centro de estudos de Munique.
Fonte: The Wall Street Journal
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