Um dos símbolos da explosão do mercado imobiliário brasileiro nos últimos anos, a PDG é hoje menos de 1% do que foi em seu auge: a companhia chegou a bater R$ 12,5 bilhões em valor de mercado, em novembro de 2010, encolhendo a R$ 99,8 milhões atualmente. Com o desgaste sofrido pela marca, a construtora trabalha para reestruturar o negócio que, com nova organização, vai mudar de nome. A meta é chegar a um formato menor, mas sustentável, de empresa. Mas como reconquistar a confiança do consumidor?
— Estou fazendo um trabalho interno de revisão do desgaste da marca. Analisando como faremos os novos lançamentos, provavelmente com uma nova marca. Não deve ser com a marca PDG, pelo desgaste que vem sofrendo. Está pendente de um estudo que estamos fazendo — disse Vladimir Ranevsky, diretor-presidente da construtora.
TERRENOS SERÃO FONTE DE RENDA
Desde o pedido de proteção à Justiça, em 22 de fevereiro, os papéis se desvalorizaram 36,8%, valendo R$ 2,04 na última terça-feira (13/06). De meados de março para cá, porém, os preços das ações estabilizaram.
Ao obter o sinal verde dos credores para o plano de recuperação judicial, a ideia é trabalhar para transformar os ativos em recursos para pagar compromissos. A estratégia é vender unidades em estoque, terminar obras para vender aquelas hoje em construção e buscar investimento para novos projetos — a previsão é retomar os lançamentos em 2020 — para ganhar em cima do banco de terrenos.
— Vamos pegar o landbank da empresa, que hoje está dado em garantia no plano, selecionar os melhores imóveis e fazer os lançamentos. É interessante para os credores porque não se estará vendendo terra, mas um landbank com uma valorização significativa — explicou Ranevsky.
Essa retomada, no entanto, não vai ser fácil. O advogado especializado em Direito Imobiliário Hamilton Quirino lembra que a compra de um imóvel exige muita confiança na empresa.
— É mais difícil para uma construtora lidar com a recuperação. Quando é empresa de varejo, de eletrodomésticos, os consumidores não ficam com medo, como no caso de um imóvel.
Para bancar os custos com a administração da empresa e de suas SPEs (Sociedades de Propósito Específico), a empresa planeja obter uma espécie de crédito temporário junto a bancos credores, explica uma fonte próxima às negociações:
— Quando os bancos emprestam recursos para um empreendimento, a construtora vai pagando esse valor em parcelas mensais. Se a construtora paga um valor acima do que é devido no mês, esse excedente entra como uma antecipação de pagamento. A PDG quer que os bancos cedam 80% desse excedente, quando ele existir, por um período de 18 meses.
A conversa com os bancos credores,Itaú, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, é intensa. Ranevsky afirma que as reuniões são frequentes, para esclarecer dúvidas e permitir que a assembleia de credores seja realizada o mais breve possível.
Fonte: Jornal O Globo
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