quarta-feira, 21 de junho de 2017

BROOKFIELD INCORPORAÇÕES MUDA DE NOME


A Brookfield Incorporações vai mudar de nome. A partir de agosto, os lançamentos do braço imobiliário do grupo canadense no Brasil chegarão ao mercado com a marca Tegra. Trata-se da etapa final de um reposicionamento iniciado em 2014, quando a companhia fechou capital a partir de uma Oferta Pública de Ações (Opa), tornando-se uma subsidiária integral da Brookfield Asset Management. De lá para cá, recebeu um total de R$ 4,5 bilhões da controladora e vem reduzindo prejuízo e endividamento, que no fim de 2013 bateu R$ 2,7 bilhões. A volta ao azul, porém, só deve ocorrer em 2019, afirma o presidente Ubirajara Freitas.

Com o alto volume de distratos no mercado imobiliário — em fevereiro a taxa foi de 41,6% no setor —, a companhia já admite que poderá não ter lucro em 2018.

— Os resultados ainda são de prejuízo do ponta de vista contábil, mas vêm caindo. Houve injeção maciça de capital. A companhia tem R$ 3,5 bilhões em ativos e dívida de R$ 80 milhões, uma estrutura de capital confortável — explica Freitas.

O ano de 2019 deve trazer de volta o resultado financeiro positivo, com um patamar de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões em lançamentos. É um salto em relação a 2014, quando foram R$ 500 milhões.

No ano passado, a incorporadora totalizou R$ 1,6 bilhão em vendas, mas perdeu R$ 1 bilhão em distratos, equivalente a mais de 60%. Para este ano, o cenário projetado indica vendas de R$ 2,1 bilhões, com um volume de distratos de R$ 700 milhões, equivalente a um terço do total.

— O distrato é o maior problema do setor (imobiliário). Tem de ser tratado do ponto de vista governamental. Tem gente se aproveitando da Justiça e se posicionando a favor do comprador. O grande risco é o sistêmico, de fazer o bom pagador acabar pagando pelo capricho do inadimplente. Antigamente, você distratava de 5% a 10% do que vendia. Em 2016, esse percentual chegou a 45% no mercado. Não há como resistir. Vai levar à falência do setor e das empresas — diz o presidente da Tegra.

FOCO EM CLIENTE COM RENDA DE R$ 8.500

Questionado sobre a parcela de culpa das incorporadoras, em consequência a atrasos na entrega de obras, ele reconhece que é preciso chegar a um novo modelo de contrato que dê limites para as duas partes. Para ele, o distrato, no patamar atual, é mais danoso para as incorporadoras que a recessão em si.

Em meio à turbulência econômica, a Tegra já registra retomada nas vendas, que avançaram 35% de janeiro a maio deste ano, na comparação com igual período de 2016. O mercado paulistano está à frente do carioca, tendo retomado os negócios no último semestre. E a companhia está recompondo seu banco de terrenos. Vendeu os que considerava fora do escopo de projetos da Tegra e está adquirindo novos. Até maio, comprou cinco áreas, com potencial de R$ 1 bilhão em vendas.

A companhia vai dar atenção especial ao segmento de mercado voltado para famílias de classe média com renda de cerca de R$ 8.500. O foco está em projetos com 50 metros quadrados de área útil, dois quartos, com preços a partir de R$ 50 mil.

— O segmento econômico tem uma demanda muito maior, embora o de alta renda tenha sofrido menos desvalorização com a crise — conta Freitas.

Não quer dizer que seja um alvo único. Um dos lançamentos feitos este ano em São Paulo, no Ibirapuera, os apartamentos de alto padrão estão sendo vendidos a R$ 10 milhões. A retomada dos preços, porém, ainda é tímida. Nos projetos econômicos, vai demorar a acontecer, embora já seja real para a classe A.

A Tegra deverá focar ainda na venda dos imóveis em estoque, perto de cinco mil unidades no país, com valor de vendas de R$ 2,4 bilhões.

Das 26 obras em andamento, 15 estão atrasadas na entrega, mas seguem novo cronograma de entrega acordado com os compradores em 2016, explicou Freitas.

Fonte: Época Negócios

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