A pandemia da Covid-19, que já fez a Bolsa cair 39,8% em 2020, afetou até os fundos imobiliários. Com espaços comerciais fechados, um dos grandes do setor anunciou na semana passada que não vai pagar dividendos. Analistas acreditam que, caso as medidas de isolamento durem mais tempo, outros fundos podem seguir o movimento.
Os fundos imobiliários foram uma das apostas dos investidores nos últimos anos para conseguir maior rentabilidade, num cenário de juros baixos. Em 2019, o Ifix, o índice de fundos imobiliários da B3, com os 131 fundos mais negociados, teve rendimento de 35,95%, maior que o do Ibovespa (+31,58%). Neste ano, o Ifix acumula desvalorização de 24,39%, ante queda de 39,8% do Ibovespa.
Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, avalia que os fundos podem readequar ou suspender os dividendos, principalmente os que têm na carteira empreendimentos sem data certa para reabertura:
— Alguns shoppings, por exemplo, vão ficar fechados indeterminadamente. A receita deles vem dos estacionamentos, das vendas e do aluguel do espaço. Com tudo isso suspenso, é possível que mais fundos mudem a política de dividendos.
O BTG Pactual, que administra o XP Malls, explicou que não distribuiria os rendimentos mensais porque boa parte dos empreendimentos do fundo estavam fechados e também por causa da “baixa previsibilidade" sobre impactos que as medidas restritivas causarão no resultado.
Atenção ao portfólio
“A gestora optou por não distribuir rendimentos mensalmente até que tenhamos maior visibilidade quanto aos impactos no resultado dos shoppings do portfólio”, disse o BTG, em fato relevante.
A Vinci Partners, gestora do Vinci Shopping Centers, disse que todos os empreendimentos do portfólio estão fechados. Mas ressaltou que tem reservas para fazer a distribuição de rendimentos caso a crise seja agravada. Relativamente a março, a Vinci vai pagar de dividendos o equivalente a R$ 0,30 por cota.
Para quem já investe nessa categoria, Arbetman aconselha a não fazer movimentos bruscos na carteira. Já para quem deseja aproveitar a baixa para fazer aplicações, ele recomenda atenção ao portfólio dos imóveis do fundo:
— Lajes corporativas (escritórios de alto padrão) podem ser menos voláteis que espaços com maior exposição a setores, como shoppings. Até galpões industriais podem ter algum risco diante das paralisações.
No fundo imobiliário, o gestor compra propriedades e as coloca para alugar. Parte do lucro com esses aluguéis é repassado aos cotistas mensalmente em forma de dividendos.
Fonte: O GLOBO
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