sexta-feira, 8 de maio de 2020

COM NOVO CORTE DA SELIC, PORTABILIDADE DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO VALE A PENA?


O mercado aposta em corte de 0,5% da Selic, a taxa básica de juros, para 3,25% nesta quarta-feira. Com o cenário de juros cada vez mais baixos a portabilidade dos financiamento de crédito imobiliário tem se tornado uma opção cada vez mais atraente.

Bancos já realizam movimentos de revisar as próprias cobranças, criando vantagens para quem vai comprar um imóvel ou contratou o empréstimo com custos mais elevados.

Nos dois primeiros meses deste ano, segundo dados do Banco Central (BCB), foram feitos 4.363 pedidos de portabilidade - quatro vezes mais que o registrado no mesmo período de 2019.

Mas especialistas alertam que o consumidor deve considerar todos os custos envolvidos e a própria capacidade de pagamento antes de tomar qualquer decisão.

A depender do valor final da mudança, a migração pode não ser vantajosa, mesmo com a taxa nominal do financiamento mais baixa.

Segundo Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec/Rio, é preciso avaliar o Custo Efetivo Total (CET) da transação, formado pelas diversas taxas, como vistoria do imóvel, cobranças administrativas e seguro, por exemplo. Em alguns casos, pode superar R$ 5 mil.

— Tudo o que foi comprado nos últimos quatro anos, independentemente dos prazos que foram financiados, certamente tem muita gordura para tirar em taxas e negociar. O mercado hoje trabalha com taxas muito menores. Mas, às vezes, fica mais barato renegociar do que arcar com esses custos na largada em uma mudança — explica Braga.

A transferência para um novo banco envolve análise de renda ou credit score, que avalia o risco de inadimplência, podendo dificultar o poder de negociação com a instituição bancária neste momento de economia deprimida por conta dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Braga alerta, ainda, que alguns bancos estão demorando para reavaliar contratos, em virtude de regimes de teletrabalho. Anteriormente, a negociação durava cerca de 30 dias.

Por isso, em alguns casos, pode valer mais a pena permanecer no banco de origem e negociar, aproveitando as condições de prorrogação de parcelas de empréstimos e financiamentos para pessoas físicas.

Na prática, não é preciso fazer portabilidade para conseguir taxas mais atraentes. Em muitos casos, o banco de origem pode oferecer condições mais vantajosas em uma negociação.

— Todos os bancos estão sensíveis e estão dando a possibilidade de não pagar a parcela para o final do contrato ou adiar de três a seis meses, mas não tem mexida de taxa, é mexer no fluxo (de pagamento) — alerta Braga.

Fonte: O GLOBO

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