quarta-feira, 6 de maio de 2015

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO NO BRASIL DEVE DESACELERAR, AVALIA A FITCH


A agência de classificação de risco Fitch afirmou que a saída líquida de dinheiro das cadernetas de poupança no Brasil sinaliza uma crescente pressão sobre os bancos locais para que busquem alternativas para apoiar seu portfólio de financiamentos imobiliários residenciais. Segundo a agência, uma prolongada redução nessas economias, ou mesmo uma desaceleração no retorno desse dinheiro às poupanças, deve exercer "significativa pressão" sobre o crescimento dos empréstimos mais altos para hipotecas dos bancos brasileiros. No geral, a Fitch diz que o cenário mais provável é que o crescimento dos empréstimos para financiamentos imobiliários deva desacelerar no mercado no curto prazo.

A Fitch lembra que, pelas regulações bancárias brasileiras, no mínimo 65% do dinheiro depositado nas cadernetas precisa ser direcionado para as hipotecas ou empréstimos relacionados ao setor imobiliário. Com a taxa básica de juros (Selic) em alta, chegando em abril a 13,25%, os rendimentos das poupanças diminuem e levam investidores a retirar seu dinheiro, buscando retornos maiores em outras modalidades de investimento. A agência espera que continue acontecendo essa pressão sobre os depósitos, já que a taxa de juros seguirá alta, apesar dos maiores esforços de marketing dos bancos para atrair clientes.

No primeiro trimestre deste ano, houve uma retirada líquida de cerca de R$ 23 bilhões das poupanças no Brasil. No mesmo período de 2014, havia ocorrido uma entrada líquida de cerca de R$ 4,5 bilhões, observa a agência.

A Fitch aponta que, entre os maiores bancos do varejo, a Caixa é o mais afetado. O banco estatal tem a maior fatia de mercado no setor de financiamento imobiliário, de 68%, e também a maior fatia dos depósitos em poupança, com quase 36% desse mercado. Na semana passada, a volatilidade dos depósitos nas poupança levou a Caixa a reduzir seu limite de financiamento para imóveis usados para entre 40% e 50% do valor total do imóvel, de um nível anterior de entre 70% e 80% - as taxas dependem do tipo de financiamento e do método de amortização do empréstimo.

Em relação a outros grandes bancos brasileiros, a Fitch afirma que os depósitos em poupança representavam aproximadamente 13%, em média, do financiamento total no Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. "Portanto, espera-se que esses bancos gerenciem uma forte desaceleração nos depósitos em poupança mais facilmente", aponta a agência.

Fonte: Estadão Conteúdo

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