Na busca por um crédito imobiliário mais barato, bancos estudam dispensar o perito responsável por avaliar os imóveis que serão financiados. A possibilidade foi autorizada pelo Conselho Monetário Nacional que permitiu às instituições financeiras usarem programas de computador para calcular o preço da propriedade.
Segundo o Banco Central (BC), os atuais modelos estatísticos, que levam em conta a localização e as características dos imóveis, fornecem preços muito próximos aos das avaliações presenciais. A expectativa é que esse novo método reduza a chamada tarifa de avaliação, cuja cobrança varia de R$ 2 a R$ 4 mil. Assim, os financiamentos imobiliários podem ficar mais em conta.
O Banestes disse estar atento às possibilidades e, por isso, vai estudar as alternativas para a adoção do novo sistema.
Outra instituição financeira que também já analisa a mudança é o Banco do Brasil, que, embora ainda não tenha data definida para a implementação, disse que “fará o alinhamento do processo de avaliação de imóveis à nova norma do Conselho Monetário Nacional”.
A Caixa Econômica Federal, líder no mercado de crédito imobiliário, informou que já vem atuando no sentido de aliar a ciência de dados, com utilização de modelos estatísticos.
Procurados pela reportagem, o Itaú, Bradesco, Sicoob e Santander não se manifestaram sobre o assunto.
Entenda
A substituição dos peritos por modelos estatísticos já era permitida, mas o CMN resolveu especificar a autorização por meio de uma norma editada no final de setembro (26).
Para evitar riscos aos clientes, o CMN estabeleceu ainda que os modelos estatísticos deverão ser baseados em procedimentos consistentes e precisarão ser auditados periodicamente pelo Banco Central.
Segundo o BC, as regras de Basileia (conjunto de regras internacionais que garantem a segurança financeira das instituições bancárias) admitem a utilização de ferramentas de estatísticas para avaliar preços de imóveis.
Para Eduardo Borges, diretor de Economia e Estática do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), a medida do Governo Federal só é positiva caso o custo final com o financiamento seja realmente menor. Ele também diz que o sistema pode ser vantajoso se acelerar a liberação do crédito.
“A principal dificuldade na hora de adquirir um imóvel é ter o capital inicial para o pagamentos das taxas à vista e, por isso, medidas para reduzir os custos são positivas. Mas é necessário que os bancos também façam a avaliação por modelagem estatística, a mesma utilizada pelos peritos e avaliadores de imóveis e, caso o cliente discorde da avaliação, tenha a opção de contratar um avaliador e arcar com estes custos”, explica.
Peritos dizem que medida é arriscada
Radegaz Nasser Júnior, engenheiro civil de Segurança do Trabalho e Conselheiro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharias (Ibape), avalia com preocupação a dispensa dos peritos na avaliação do imóvel.
“A não obrigatoriedade de uma avaliação realizada por um perito é prejudicial para a sociedade. Essa dispensa aumenta o riscos de acidentes provenientes de erros nas construções, que não serão vistorias de acordo com as normas da ABNT. A tendência é que os bancos aumentem os juros para compensar estes riscos e os consumidores finais paguem mais alto de qualquer forma”, salienta.
Outro risco apontado pelo conselheiro da Abape é o de aumentar negociações fraudulentas. “Se com a obrigação da avaliação presencial já existem casos de fraudes, dispensando os avaliadores, a expectativa é que aumente ainda mais porque não terá ninguém para comprovar previamente a existência do imóvel e se este atende às normas técnicas da ABNT”, pontua.
Fonte: A GAZETA
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