O mercado imobiliário nacional tende a sofrer nova retração em 2015, depois de enfrentar, no ano passado, uma queda na velocidade das vendas e a postergação de lançamentos. O clima de incerteza sobre os rumos da economia e os estoques elevados exigirão das incorporadoras muita cautela na oferta de novos produtos, além de esforços adicionais para venda dos imóveis.
Segundo consulta Do Núcleo de Real Estate da USP (Universidade de São Paulo), 77% dos empresários do setor acreditam que o número total de unidades lançadas em 2015 será menor do que em 2014, enquanto apenas 23% esperam crescimento.
A pesquisa também mostra que 56% dos empresários estimam queda na velocidade de vendas e 33% contam com estabilidade. Só 11% acreditam em alta.
O esfriamento do mercado imobiliário reflete a expectativa de ajustes na política econômica, que podem resultar em alta das taxas de juros e um possível corte de empregos. O cenário abala a confiança dos consumidores e tira a previsibilidade de empresários.
"A probabilidade é de que o comportamento da economia seja frágil em 2015. Se isso acontecer, o mercado imobiliário terá um ano de pouca expressão", avalia João da Rocha Lima, coordenador do núcleo. "Esse cenário só se reverteria se a economia melhorasse e se os compradores de imóveis sentissem confiança de que o emprego e a renda não estão sob risco."
Segundo o diretor superintendente da Rossi Residencial, Leonardo Diniz, a incorporadora tem capacidade de lançar mais em 2015 do que em 2014, mas a oferta de novos projetos dependerá da velocidade de vendas nos próximos meses.
"Se não fosse o cenário econômico incerto, eu diria que temos planos de lançar mais. Só que isso depende do mercado", diz o executivo.
Em um evento no Secovi (Sindicato da Habitação de São Paulo), o diretor presidente da Gafisa, Sandro Gamba, disse que, hoje em dia, apenas 7% das visitas aos estandes da companhia são convertidas em vendas. Em 2013, esse patamar estava em 15%.
"O prazo para fechamento dos negócios está maior, então temos de trabalhar mais as vendas", afirma. De acordo com ele, a Gafisa tem trabalhado de 45 a 60 dias no pré-lançamento de seus projetos, com estandes montados para recolher nomes de interessados antes de iniciar oficialmente as vendas. O objetivo é evitar que os imóveis fiquem encalhados.
Fonte: Estadão
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